A música como ferramenta de cura da nossa alma
Canção: Utopia
Letra e música: Padre Zezinho
Utopia
Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajeitava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estripulia
E mamãe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Pro papai cantar com a gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar ao sol poente
Passou o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a tem
Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
E há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chamam a isso de utopia
Eu a isso chamo paz
Essa canção foi gravada por um padre, escritor e músico brasileiro José Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho.
A composição da letra e melodia é também dele.
O que me motiva escrever sobre esta poesia é o fato dessa canção ser uma canção sistêmica.
Através de seus versos podemos constelar nossos pais, irmãos, a casa da família de origem, relacionamento e também nossa infância.
Sinceramente acredito que essa canção seja uma das canções do século, pela letra sólida, intensa, impactante e que une ao mesmo tempo profundidade e simplicidade.
São 6 estrofes onde os autor expõe e ressignifica toda uma vida, é impressionante a maneira como isso acontece.
No meu ponto de vista o auge se mostra no trecho:
... Meus pais não tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Aqui é visível como a música nos mostra o que realmente importa em nossas vidas. O sorriso e o olhar dos nossos pais.
Podemos perceber que nessa música trata também das leis sistêmicas. Por exemplo:
...Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estripulia
E mamãe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava... (Lei do pertencimento)
Outro trecho:
...Passou o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a tem
Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém... (Lei da ordem)
Enfim, é uma canção de amor e aliás mostra o amor como fonte de cura, como força de ordem e de harmonia incluindo os aspectos que envolvem uma vida em família.
Agora quero lhe perguntar: Você já escutou essa música? Já ouviu essa melodia com o coração?
Quem sabe você possa, assim como eu, apreciar essa obra prima e se permitir um grande movimento. Nos abrir para o amor pode curar tantas e tantas feridas e tantas e tantas gerações.
Se puder, compartilhe sua experiência. Espero poder ter contribuído.
Autor: Diego Fernandes Baliero, musicista, violonista, antropólogo, coach, terapeuta e constelador. Está cada vez mais em paz com sua família e com a vida.