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Não julgue, para não ser julgado

Não julgue, para não ser julgado
Simone Belkis
set. 29 - 5 min de leitura
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1 - Não julguem, para que vocês não sejam julgados.

2 - Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês." Mateus 7: 1-5)

Eu, às vezes, fico bem indignada com atitudes que a maioria considera negativa. Claro, é natural a gente ficar de "cara" com certas situações. Mesmo quando sabemos que tudo tem uma razão, ainda sim devemos lembrar que tudo se explica, mas nem tudo se justifica.

No caso específico a que me refiro, minha indignação é quando, como se diz, se joga fora o bebê com a água do banho. Uma menina de apenas 10 anos foi estuprada por homem que vivia próximo a ela, ao que tudo indica, alguém da família. Sabemos que essa é a regra geral nesses casos. Os agressores são na sua maioria pessoas conhecidas. Até aí nada de novo. É uma realidade e recorrente.

Eu soube do caso, porque não acompanho noticiários (e sou julgada como alienada por isso), pelo Facebook. Fui pesquisar para saber sobre algo que não vi comentado em nenhum post, como estava a menina e como ela estava sendo assistida. Consegui ver apenas que ela está sendo assistida em um artigo de um Blog de notícias.

O que vi no Facebook foi uma chuva de críticas de cunho político e de ódio ao agressor, e não, eu nunca defenderia um estuprador. Mas, não vi ninguém se ocupando de saber da garota ou defendendo um julgamento justo ao agressor, levando-se em consideração a tese de que no Brasil não existe pena de morte e o objetivo do sistema prisional é a recuperação do criminoso (ainda que isso não se dê na prática). Ela como alvo de ideologismo político do pior estilo esquerda x direita (e como não seria?) e ele alvo do ódio incontido, que não beneficia e nem regenera ninguém.

Antes que alguém me julgue como de direita ou esquerda, eu sou adepta do incompreendido caminho do meio, que pouquíssima gente sabe o que significa. Acho que tudo começa no indivíduo, que precisa sim ser responsabilizado por seus erros e mais ainda assistido em suas fragilidades, embora possa dizer que uma menina de apenas 10 anos, e que vinha sendo abusada há tempos, seja bem mais forte que muito adulto que tem por aí, a começar pelo homem que abusou dela. Não, não tenho pena dele. Nem ao menos sem quem é, para ele espero que a Justiça dos homens seja feita, assim como será a Justiça Divina.

O que me indigna é a falta do querer fazer o que é certo, independente de nossas opiniões políticas ou nossas emoções mal trabalhadas. Não vivemos em um País que permita (legalmente) justiça feita com as próprias mãos, mas que sim incentiva o julgamento chulo e parcialista, que só defende aquilo que não lhe "atinge" diretamente. E nesse caso, estou falando de seres humanos que se indignam, se mostram horrorizados sentados comodamente em suas poltronas (confortáveis ou não) julgando as atitudes uns dos outros, enquanto milhões de indivíduos são vítimas de crimes que se repetem ad infinitum como se fosse novidade. É uma indignação nova a cada caso que acontece de chegar na mídia.

Pode parecer que eu esteja julgando essas pessoas, mas não, eu estou questionando o comportamento, o porque de ninguém olhar o ocorrido pelo lado de dentro. O motivo desses crimes serem cometidos todos dias dentro da casa do indivíduo, que vítima de mais julgamento é condenado pelo fato de estar aí, "no lugar errado e na hora errada".

Penso que independente de nossas convicções, está na hora de olhar as necessidades humanas como prioridade e defender o que é real. O homem é um criminoso? Certamente, mas julgá-lo apenas como um monstro é a solução que evitará que ele siga cometendo o mesmo crime ou que incentivará outros a não fazê-lo? Indignar-se porque culpam a menina, sem educar seus filhos (dentro de suas casas e como indivíduos) a respeitar as diferenças fará alguma diferença? A pequena será mais defendida por isso?

Para mim, isso significa não julgar para não ser julgado, porque falar é muito fácil. E só quem faz é capaz de errar, mas é o único capaz de fazer diferente.


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