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NOITES ESCURAS DA MINHA ALMA E DA ALMA FAMILIAR

NOITES ESCURAS DA MINHA ALMA E DA ALMA FAMILIAR
Juliana Menuzzo Lauandos
fev. 9 - 3 min de leitura
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Módulo 7

Quando me lembro das noites escuras do meu sistema, me vêm os lutos da família materna que acompanhei na fase adulta. Em 2004 a vovó deixou o plano físico. Foi a perda mais sofrida da minha vida. Vovó espremia laranja para que eu conseguisse comer todo o arroz. Assobiava lindamente, como ninguém! Depois foi uma tia e por último foi outra tia, que era minha segunda mãezinha.

Com mãos suaves e macias, me abraçava! Um poço de amor! 

O que houve em comum entre elas foi terminar a vida sem mobilidade. Imagino como elas sofreram ao permanecerem acamadas. Sinto muito por isso. Muito mesmo. Acredito que não estavam em seu pleno estado de consciência, por todos os sintomas que apresentaram.

Para mim e para a família, vê-las estagnadas gerou tristeza e impotência.

Hoje enxergo que parte desse luto foi anestesiado por doces, açúcares e chocolates - uma grande paixão das mulheres do meu sistema. Quando comecei a mudar a minha dieta, em busca de uma vida mais saudável, tive medo de não pertencer mais ao meu clã. Mas isso não aconteceu. Nos dias atuais a minha mãe também reduziu o açúcar. Mas, nos encontros de família, a tradição continua: há tipos e mais tipos de doces de leite, nutella e brigadeiros. E está tudo bem.

Eu as amo e sei que eu pertenço e sou amada mesmo assim.

Outra noite escura do meu sistema é a noite depressiva. Ocorreu e ocorre em ambos os lados: materno e paterno. Por muito tempo tentei ser “psicóloga do meu sistema”, me colocando como maior em relação aos meus antepassados. Curei-me um tanto e desci uns bons degraus. Os desafios ainda existem, mas posso dizer que respeito mais o meu lugar de filha, sobrinha… 

A noite escura da minha alma mais recente foi no início da pandemia. Eu estava de mudança para Portugal, com a passagem marcada para o dia 10/04/20. Devido à pandemia decidi não ir. Porém, eu havia saído do trabalho, feito o luto de Campinas, do apartamento onde eu morava. Já havia me despedido da família e dos amigos.

A interrupção brusca dos meus planos foi uma queda de um abismo sem fim.

Uma sensação de perda, de muitas perdas ao mesmo tempo! Foram algumas noites escuras e obscuras. Chorei, chorei, desanimei, me perdi. Mas havia esperança lá no fundo. Sempre há! Fui me reinventando e mudei a rota, ou melhor, o meu destino mudou a rota e me trouxe à Curitiba. Apenas segui o fluxo. Se é apenas uma escala, eu não sei… a certeza é que estou muito feliz e extremamente grata! Hoje reconheço que Deus me poupou e foi muito generoso comigo.

Eu não estava preparada para sair da pátria mãe, do meu amado Brasil. 

Eu vejo e honro as noites escuras de todo o meu sistema. E agradeço às minhas noites escuras, que me levaram a confiar no meu destino!


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