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O amor é troca

O amor é troca
Simone Belkis
mar. 26 - 6 min de leitura
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Hoje encontrei no Facebook uma frase de Bert Hellinger que diz: "Isso de amar sem esperar nada em troca é bonito nos contos de fada. Mas, na vida real, um amor maduro exige um delicado equilíbrio entre dar e receber, pois tudo aquilo que não é mútuo, é tóxico".

Antes de tecer meus comentários a respeito dessa frase, gostaria de dizer o quanto aprendi sobre mim mesma com a teoria das Constelações Sistêmicas e o quanto ainda sofro para assimilar as leis que elas nos ensinam, quanto mais aceitar, ou melhor, concordar. 

Uma das coisas que aprendi na vida é que as crianças são amadas e os adultos amam. Também aprendi que nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro, pois afinal, nós somos suas "crianças".

O fato é que a formação da personalidade de uma pessoa é extremamente relacionada às influências que recebe nos seus primeiros anos de vida, e segundo alguns, mesmo antes de seu nascimento. Eu sou testemunha do efeito dessas influências no meu processo, porque em função delas, desenvolvi um transtorno de ansiedade (TEPT). Então, acredito estar um pouco capacitada para dar meu parecer (único e exclusivamente pessoal, que talvez só sirva para mim mesma).

Quando digo que crianças são amadas e adultos amam, parto do princípio que as crianças aprenderão a amar no exercício que seus pais ou responsáveis praticarem, dando o exemplo. O desamor também se aprende assim. A que se considerar o que a própria Constelação Sistêmica nos demonstra, quando nos afirma que somos 50% nosso pai, 50% nossa mãe e mais nossa essência. Ainda assim, somos influenciados pelo meio, e isso incluí tudo.

Então, embora o amor em essência exista desde sempre, porque se Deus é amor, e somos constituídos de uma centelha divina, o amor está em nós como essência. Agora, também é bem verdade que no mundo dual em que vivemos, precisamos conhecer o avesso para compreender o direito, não é mesmo? Por isso, se faz necessário o exercício do amor, assim como todos os aprendizados práticos que enquanto crianças teremos que aprender. 

Partindo dessa ideia, quando nos tormamos adultos deveríamos estar, então, qualificados para o exercício do amor. E se, como adultos, temos para dar, podemos simplesmente trocar. As Constelações também nos ensinam que na primeira esfera das relações (que inclue pai, mãe e filhos) a dinâmica é: Os pais doam, os filhos tomam, partem para a vida e repassam aquilo que receberam. Aí não existe troca, o grande (os pais) dá e o pequeno (os filhos) toma. No desamor a dinâmica acaba sendo a mesma (ainda que distorcida), porque como diz o ditado: "Só se dá aquilo que se tem".

Quando chegamos na segunda esfera que se refere às relações sociais e relacionamento de casal, em tese, estaríamos aptos a fazer o balanço do: Eu dou, você recebe e se afasta, você retorna, doa e eu recebo e me afasto e segue o baile. Ou seja, eu preciso assimilar o que recebo de você, para que eu possa retribuir e vice-versa. (Aqui, vale lembrar, que estou colocando o tema com as minhas próprias palavras e da maneira como eu compreendo esse processo. Que me corrijam, por favor, se eu estiver equivocada).

Então, o amor é troca. E eu venho percebendo, em retrospectiva, as relações que já vivi em minha vida. Algumas vezes, afastando pessoas por doar demais, outras vezes, afastando-me por receber demais sem a capacidade de dar em troca. E muitas vezes, apenas querendo receber. Uma triste perda.

Mas, como trocar algo que não se tem? Eu entendi que aprendemos, na infância, de uma forma, que quando somos adolescentes, por exemplo, já assimilamos de outra forma e como adultos de uma terceira forma.  O que quero dizer é que quando deixamos para aprender coisas que deveríamos ter aprendido lá trás, as coisas podem ser bem mais difíceis. E por quê? Por causa dos hábitos. Nossos hábitos formam caminhos neurais no cérebro que não são apagados facilmente, é como reaprender a andar, ou tentar vestir um sapato número 15 em um pé 42. Às vezes, fica impossível. Mas, para o amor não!!! Sempre é tempo de aprender. 

Agora, o mais difícil disso é que nas relações adultas as trocas só podem acontecer quando estamos preenchidos de amor, ou de qualquer outra coisa. E me parece ainda mais difícil a missão que nos cabe quando adultos, porque se tivermos um vazio de amor, não podemos esperar que alguém nos dê isso, nem mesmo nossos pais (lembre-se do sapato número 15). Você não  sentiria certa estranheza se sua mãe lhe pegasse no colo hoje, com seus 30 anos e 1,80m, para te contar uma história e lhe pôr para dormir? (por mais que a ideia seja tentadora?).

É isso, quando adultos, vamos precisar encontrar em nós essa essência, que é algo só nosso, e onde está o abastecimento de amor (o tanque de reserva) e fazer crescer nossa autoestima, que em muitos casos, terá sido detonada pelo desamor.

Então, amor é troca. Isso significa que precisamos fazer por nós mesmos o papel de pai e mãe, quando isso não foi possível por n razões (sem julgamentos). Não podemos transferir para nossos parceiros essa responsabilidade do tipo faça-me feliz, ame-me, enfim. 

Eu tenho entendido que não é uma função fácil amar a si mesmo. Ainda mais quando o desamor fez um trabalho "muito bem feito", o que é muito mais comum do que imaginamos. Agora, por outro lado, é isso que nos faz evoluir e nos torna pessoas capacitadas para amar.  E descobrir, encantados, que melhor que ser amado é amar.


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