Rubem Alves, maravilhoso sábio, um de meus mestres, disse que tinha uma sugestão para a ceia de Natal. O repórter perguntou a ele:
- E qual seria?
Ele respondeu com sua voz mansa, serena. Fala mineira:
- Uma bem simples. Pergunto: o que José e Maria, muito pobres, podem ter comido depois de uma longa jornada?
Ora, pão velho, leite azedo e nozes. Nada muito além isso.
Daí porque decidi há algum tempo reunir-me com os amigos no Natal para tomar uma sopa.
Explico. A ideia antropológica de celebração é você remontar aquilo que está celebrando, procurar reconstituir aquele momento do passado. Não posso celebrar a vida de Gandhi com um churrasco. Ele era vegetariano.
No caso do Natal, se algum extraterrestre desavisado visse as festas de hoje concluiria que estamos celebrando um glutão amante das bebidas, das conversas em voz alta e do desperdício. O que uma festança assim tem a ver com o nascimento do menino Jesus?
Eu, Olinda Guedes, desejo a você um Natal, uma vida cheia de alegria, de coerência. De saúde, prosperidade, felicidade. Uma vida suficiente.
Que o Natal renasça em nós o que realmente nascemos para ser: irmãos.