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O conto dos lobos, o bem e o mal?

O conto dos lobos, o bem e o mal?
Simone Belkis
ago. 5 - 5 min de leitura
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"Reza a lenda que um Pajé estava preparando os ritos para a ascensão de seu neto ao mundo adulto, e para isso lhe contou a história dos dois lobos. Ele disse ao pequeno que possuimos dentro de nós o lobo do bem e o lobo do mal. Contou-lhe que éramos influenciados por essas duas formas de modo inconsciente e que ambas eram necessárias para o nosso crescimento. E que deveríamos ter extremo cuidado ao alimentar essas duas feras, porque elas seriam capazes de nos dominar, e poderiam vencer uma a outra dentro de nós. Por fim, o rapazinho impressionado perguntou ao avô qual dos lobos venceria. E o avô lhe respondeu: - Aquele que você alimentar".

Essa história simbólica circula com uma certa frequência pelas redes sociais. Mas, eu pergunto se as pessoas que leem, realmente compreendem o significado de ter um lobo dentro de si? 

Quando falamos do lobo bom, certamente nos referimos às boas qualidades, a alegria, gratidão, respeito, felicidade, todas essas movidas pelo amor. E quando falamos do lobo mau, referimo-nos à maldade, o egoísmo, a antipatia, o desinteresse pelo outro, todas essas movidas pelo medo.

Eu poderia me restringir a apenas contar essa história e, certamente, já colocaria um espaço para reflexão. Mas, desejo ir um pouco além. Eu quero observar que nossas melhores ou piores qualidades vêem de duas essências que estão naturalmente dentro do ser humano, o amor e o medo. Então, não são coisas que podemos escolher racionalmente alimentar ou não.

É claro que fazer uma escolha e tomar uma decisão passa pela mente racional, mas sabemos (e se não sabemos, ficamos agora sabendo) que nossa mente racional apenas pondera sobre as coisas, o poder de decisão não lhe pertence. Para entender melhor, lembre-se de algum momento em sua vida que você expôs uma situação de forma racional a alguém que não conseguia mudar um hábito ou tomar uma atitude, e essa pessoa, simplesmente, respondeu-lhe:" - Falar é mais fácil que fazer". Eu mesma já disse isso várias vezes. Hehe.

Essa é a questão, alimentar os lobos é algo que fazemos de forma inconsciente, quase que ao natural. E isso implica em nossa história de vida, ou seja, do quanto de medo e amor temos dentro de nós. Claro que já sabemos que o medo, quando natural, cumpre uma das funções mais importantes que é nos manter vivos, afinal de nada serve qualquer outra coisa quando se está morto, mas é o amor que nos mantém vivos (espiritual ou) internamente falando.

Os dias em que vivemos têm tornado o medo um assunto em pauta com muita frequência, nosso lado instintivo tem tido mais trabalho do que nos tempos das cavernas. Estamos tão dominados pelo medo, que esse já se tornou crônico e tem devorado cada vez mais quantidade de alimento humano.

Mas, o que fazer para alimentar apenas o bom lobo? Primeiro precisamos entender que o medo não é um inimigo. Precisamos dele, mas não sabemos dominá-lo. Não sei bem se a palavra dominar é o que cabe aqui, mas para entendermos melhor o sentido do que quero dizer, vamos ficar com ela.

Quando você consegue ter autodomínio diante das situações que lhe causam medo, pode se observar e buscar compreender o que ele quer e o que é preciso fazer para atender suas reais necessidades e alimentá-lo da forma correta, lembrando que não podemos matar o lobo do medo de fome, isso seria temeridade, que só nos levaria mais rápido para o caixão.

Então, a ideia é que fique claro que a questão não é alimentar apenas um dos lobos, mas alimentar os dois do jeito certo. É preciso, sim, compreender o medo que se manifesta por meio da tristeza, da mágoa, da dor, quando negamos isso em nós estamos dando o melhor filé para o lobo mau. É importante entender que o mal lobo não é nada mais que o nosso âmago ferido e desamado. No fundo, esse lobo é apenas nossa autodefesa expressa de forma equivocada. E não podemos negar esse lado, se quisermos ser melhores.

E para alimentar o "mau" lobo, só precisamos alimentar o "bom" lobo, sendo compassivos com aquilo que de "mal" ou de medo carregamos em nós. E isso, embora pareça difícil, implica em seguir o primeiro e maior mandamento: "Amar a Deus sobre todas as coisas e seu próximo como a si mesmo". E então, que tipo de alimento você passará a dar aos seus lobos?


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