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O desafio de educar com plateia

O desafio de educar com plateia
Alcione Andrade
out. 18 - 5 min de leitura
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Um dos maiores desafios que enfrentamos ao lidar com o comportamento de uma criança é quando temos plateia. Não só pela criança, mas principalmente em como isso nos afeta.  A primeira coisa que nos impacta é o sentimento de urgência em “controlar” e “dar um jeito” naquela criança. Afinal, o que os outros vão pensar de mim? Um bom pai e uma boa mãe é aquele ou aquela que tem o “controle” sobre a criança. E só está sendo um bom educador se consegue demonstrar isso diante de outras pessoas. Pronto. Isso já é ponto comum. Mas é uma armadilha muito perigosa.

Como lidamos com nossos filhos em toda e qualquer situação é aprendizado para eles. Se ensinamos que gritar com as pessoas não é correto, que precisamos conversar, nos acalmar, respirar e pensar em como resolver a situação, não podemos gritar com ele só por que tem outras pessoas olhando e nós pensamos que talvez o grito fosse o mais esperado pela plateia para demonstrar o controle sobre o filho. O que ele estará aprendendo com isso? Talvez que a regra sobre o respeito com os outros, o bom trato com as pessoas e etc só é válido se você não está sendo “julgado”? Ou que quando temos plateia tudo é válido? Ou que só olhamos para as necessidades e os bons modos com as outras pessoas quando nos é conveniente?

Quais seus objetivos na criação de seus filhos? Parecer um bom pai e uma boa mãe para os outros? Ter controle sobre eles? Fazer eles te obedeceram a qualquer custo? Fazê-los engolir o choro com um simples olhar seu?

Ou ajudá-los a desenvolver habilidades inter-relacionais? Ensiná-los a lidar com os sentimentos que nos invadem em qualquer idade, como raiva, medo, frustração? Ajudá-los a desenvolver a empatia? O respeito? O auto controle? Ensiná-los a se comunicar com os outros de forma eficaz, falando educadamente, tentando ser claro e principalmente ouvindo com atenção? Talvez ensiná-los a lidar com a diversidade de opiniões, jeitos, escolhas, crenças... que será cada vez maior em nossa sociedade. Ajudá-los a crescer olhando para o outro e também para si mesmo. Sabendo se colocar, se cuidar, inovar. Pensar em soluções para os próprios problemas. Saber sentir tristeza e aceitar. Saber se arrepender e corrigir o que fez sem se anular e se afundar na culpa. Aprender a errar e aceitar que todos erramos e vamos errar para o resto da vida, pois é assim que crescemos e nos desenvolvemos. E que o erro é a principal forma de aprendizado!

Pensemos nisso quando estivermos com plateia. A criança não vai saber controlar sua raiva só porque tem gente olhando. Talvez ela reaja até pior (por que muitas vezes é isso que ela está aprendendo conosco). Uma proposta é se retirar e levar a criança com você. De forma gentil e firme. Busque um ambiente isolado. Sem plateia. Espere a criança se acalmar se for necessário. Converse. Descubra que necessidade está por trás daquele comportamento. 

Outra ideia é alinhar antes com a criança alguns comportamentos esperados (dependendo da idade da criança). “Filhos, estamos indo no shopping. Como podemos nos comportar lá para podermos aproveitar muito o passeio juntos?” Deixe ele falar, fale o que ele esquecer. Combine alguns sinais se for conveniente. Alinhe expectativas. Diga o que você vai fazer caso algo não saia como planejado: “filho, e se você não conseguir controlar sua raiva ou sua tristeza por causa de alguma coisa a gente vai se retirar até a hora que você se acalmar ok?” ou qualquer outro combinado que para você como mãe ou pai, faça real sentido... como ir embora, ou sair da loja, e etc. Sem ameaça. E a cima de tudo: cumpra.

Essa firmeza e clareza do que ela pode esperar dos pais é maravilhoso para a criança. Ela se sente segura, diminui expectativas irreais, e dá base para ela lidar com a raiva ou a frustração. Esses sentimentos virão. É impossível não vir. A questão é como estamos preparando eles para lidarem com isso, e não em como evitamos que isso ocorra.

E o principal: Sejamos o exemplo de como se comportar quando estamos com plateia. Sigamos nossos valores independente do medo do julgamento. Olhemos para as necessidades deles, as nossas e a do contexto. O exemplo não é a melhor forma de educar, é a única.


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