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O FEMININO SAUDOSO E FERIDO

O FEMININO SAUDOSO E FERIDO
Glória Caroline Neri Mantovani
mar. 4 - 3 min de leitura
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Realizando o exercício do feminino do meu sistema na quarta-feira durante a aula  da Formação Master, chamou-me atenção uma das características atribuídas a ele (feminino) e essa característica foi a de ser "reservado", no sentido de fechado e introspectivo. Realmente, me reconheço reservada e lembrei-me imediatamente dos tempos de escola, pois fui uma criança que chorou exageradamente nos primeiros dias de aula e que tive muitas dificuldades para me adaptar, pois não queria largar minha mãe de jeito nenhum e não achava graça em socializar com os coleguinhas...

Sentia-me uma estranha no meio daquelas outras crianças, como se ali não fosse o meu lugar... Então, algo se completou, uma vez que surgiram cenas de antepassados (sou descendente de italianos por parte de pai e de portugueses e indígenas por parte de mãe) chegando às terras brasileiras e se sentindo completos estranhos por aqui, com muito medo do novo e se mantendo mais isolados e fechados por se sentirem "estranhos no ninho"...

Algo mais se completou ao perceber que essa também foi a sensação que minha mãe teve ao vir morar em Santa Catarina logo que se casou com meu pai. Ela, pernambucana, namorou meu pai, catarinense somente por correspondência, conhecendo-o pessoalmente quando ele foi a Pernambuco para se casar com ela e, em seguida, após a lua de mel, fixaram residência aqui (Santa Catarina)...

Tudo muito diferente do que minha mãe estava acostumada, aqui a cidade em que foram morar na época era bem pequenininha e fica no interior de Santa Catarina, pessoas mais fechadas, sérias... em Pernambuco sua cidade era bem maior e perto da capital Recife, povo bem alegre, extrovertido, festeiro...

Enfim, um choque para minha mãe, que logo engravidou de mim e, por isso resolveu ficar por aqui, pois seu impulso era de voltar para sua família, sua terra, seus costumes...

Lembro-me de vê-la prantear algumas vezes com saudades dos seus, pois não podia visitá-los quando queria devido a distância ser grande e, chorando, dizia querer sua mamãe... Então compreendi por que eu, muito pequena, tinha tanta dificuldade de me separar da minha mamãe na escola e de socializar com as outras crianças, assim como detestava dormir fora de casa ou fazer qualquer coisa que me afastasse dos meus papais...

Agora eu sei... Que bom que eu sei!E que bom poder completar mais isso em nós agora... Grata, querida mamãe por tudo! _/\_

Com amor,

Glória Caroline Neri Mantovani

 


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