“A vida é um sopro”.
A frase de Oscar Niemayer, lembrada por Olinda em uma das aulas, martela na minha cabeça há vários dias.
E o engraçado é que isso não me amedronta e nem causa ansiedade.
É como se me acalmasse, como se quisesse me dizer: Calma, não precisa sofrer tanto.
Tudo passa tão rápido, só aproveite cada momento.
É assim que tenho tentado viver nos últimos dias, semanas e meses.
Quando assisti a aula sobre “noites escuras” e o sofrimento que muitos de nós carregamos, algo me tranquilizou.
Eu sempre fui inconformada diante de algumas situações. Sempre me incomodou o “por que” deste sofrimento, desta dor, ter que passar por isso. A minha grande inquietação era ser filha de alcoolista.
Hoje estou buscando mudar esta inquietação para observação.
Olhando para meus antepassados e toda a história de minha família, tanto paterna quanto materna, tudo fica mais compreensível.
Estou buscando substituir o julgamento pelo acolhimento e respeito. Confesso que não é tarefa fácil.
Porém, já não é impossível e passa a ser mais aceita pela minha “cabeça dura”.
Quando ouvi a mestre Olinda falar que “nem tudo depende de nossa força de vontade” foi como um balsamo.
Quando entrei num quadro depressivo há 2 anos, eu tinha esta cobrança externa e interna de que eu podia sair disso, só dependia de minha força de vontade.
Porém era algo maior e eu não conseguia. Eu já conhecia as Constelações, mas não como hoje.
Hoje compreendo que a tristeza que eu senti, a falta de forças, está atrelada à memórias transgeracionais.
Consigo acolher e me acalmar. Hoje entendo que situações que ocorrem hoje podem disparar memórias traumáticas do meu sistema.
Ao mesmo tempo que consigo ver tanta dor em meu sistema, sinto uma força enorme e uma paz.
É como se agora eu soubesse. Não preciso mais ter medo.
Como diz a mestre Olinda, o conhecimento cura. Talvez seja isso.
O conhecimento está me tirando de um lugar de medo, tristeza e insegurança.
Não é que eles não existam mais, mas posso vê-los melhor e compreendê-los melhor.
Os esclarecimentos sobre bipolaridade também foram acalentadores para mim.
Sempre me senti estranha, por em algum período, me sentir mais calma, triste, e em outros, mais agitada e ansiosa.
É como se ocupasse dois papeis em momentos distintos.
Assim eu me sentia, meio bipolar no modo de me sentir e comportar em diferentes momentos da vida. Sempre aos extremos. Não conseguia ficar estável.
Hoje me sinto mais estável. Me sinto impotente e triste ainda quando recebo as notícias de meu pai, afundado na bebida.
Quando falo com minha irmã e vejo ela transtornada, doente, perdida remando contra a maré.
Porém, já não preciso ir aos extremos. Eu observo, sinto e volto ao meu centro para lidar com isso.
Penso que estou num lugar de observadora, no momento. Tentando compreender mais a mim mesma, ao que sinto, como reajo, como lido com as situações do cotidiano, o que algumas situações provocam em mim.
Sinto que já tive muitas curas neste processo de formação. Falo isso pela paz que sinto.
Meu coração neste momento é cheio de gratidão!