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O não olhar: O que eu nego, eu carrego

O não olhar: O que eu nego, eu carrego
Simone Belkis
mai. 26 - 5 min de leitura
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Agora mesmo eu estava assistindo um vídeo, onde se falava sobre o olhar sistêmico, ou seja, o acolhimento daquilo que é, por mais doloroso que possa parecer. Eu entendi esse vídeo como uma resposta a uma dúvida que me assaltava ainda hoje.

As pessoas estão dando uma energia imensa, nesse momento, para tudo o que elas não desejam. Estão sendo polêmicas, agressivas, julgadoras, condenadoras, sem perceber que estão dando alimento para todo esse mal. 

Não há muito o que se explicar sobre isso aqui, Jung já disse que aquilo que negamos nos encontrará mais à frente na forma de destino, ou seja, a negação, a crítica e o julgamento são as iscas para pescar o peixe errado, sempre.

Mas, eu compreendia, mesmo querendo dar uma de Polyana e olhar o lado bom de tudo, que alguma coisa estava faltando nesse meu raciocínio lógico. Tudo bem, eu ainda acredito que é melhor olhar para o belo ao longe, do que enfiar a cara no feio. Mas, acreditar é mais fácil que realizar.

Então, a fala dessa pessoa me fez entender que é preciso sim olhar para o "feio", que seja a política absurda, as mortes em massa, as depressões, os abandonos e tudo o mais que doer por aí. Porque aí é que está a resposta. É com a compreensão do que está por trás disso tudo, que se poderá mudar isso tudo.

O segredo está no olhar, ver tudo isso sem julgamento, sem dogma, sem preconceito ou ideia pronta. Fácil? Certamente, não. Mas, absolutamente necessário se estivermos mesmo interessados em fazer o famoso mundo melhor para todos.

O olhar, tal como eu o entendo, significa respeitar a dor. Quando tememos algo, tendemos a julgar porque o medo não nos faz conscientes das razões que levam o outro ou até nós mesmos a fazer x ou y coisa. No vídeo, comentava-se como normalmente as pessoas se referem a temas como o suicídio, por exemplo, condenando a pessoa como covarde ou tentando abafar o caso para não "estimular" a prática. 

Esse é o erro, o negar, o condenar, o não se colocar no lugar do outro, e procurar compreender sua dor. E que fique bem claro, estamos sendo extremamente egoístas e tolos ao negarmos a dor do outro, porque só somos capazes de enxergar fora o que temos dentro. Ou seja, se vejo covardia em um ato de desespero de alguém fragilizado, em que ponto da minha vida tenho sido frágil e me qualifico como covarde inconscientemente?

Negar apenas nos leva ao mesmo lugar. É preciso um diferente nível de consciência para compreender que projetamos no outro aquilo que não queremos olhar em nós mesmos. Vejo pessoas indignadas pelas decisões que estão sendo tomadas contra o isolamento social, por exemplo, que é aliás um tema grave, que precisa ser olhado. Mas, essa indignação vem transformada em uma chuva de críticas, agressões e bate boca, sem consenso e nem diálogo. E ainda será assim por algum tempo. 

Não estou dando uma de Polyana agora, na expectativa de que amanhã mesmo, todos possamos olhar para o medo de morrer estampado na negação daquele que não quer ficar em casa, porque não poder ver tolhido seu direito de ir e vir, afinal nem parece que isso é pânico enrustido, Mas, é. Tipo, o que não vejo, não existe.

A grande maioria das pessoas desconhece que vivemos em um mundo onde somos peças de um sistema maior e que estamos a seu serviço. Não somos livres para decidir nossos destinos se não levarmos em consideração que minha liberdade termina onde começa a do outro. 

Todos fazemos parte de um único plano. E só estamos nos debatendo como peixes fora d'água porque achamos que somos o "último biscoito do pacote do Universo", taí... não somos. Fazemos parte de algo maior, e estamos destruindo a nós mesmos, quando achamos que negando o outro e a sua dor, estamos livres. Taí... não estamos. 

O despertar vai acontecer, pode demorar ainda um bom tempo. Mas, nunca será tarde para olhar a vida e aceitar o que ela é. Porque ela não vai mudar, porque ela não precisa.


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