Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

O papel do Pai

O papel do Pai
Alcione Andrade
set. 6 - 6 min de leitura
000

No dia dos Pais a Martina veio fazendo mímica para mim pedindo que ela queria encher a boca de água para cuspir na minha cara. Eu fiquei horrorizada pensando: Meu Deus de onde ela tirou essa ideia?? Que coisa feia, preciso educá-la, ensinar que não pode, como assim?... até que o Dinho vendo aquilo começou a rir e me decifrou a charada contando que eles brincaram disso no banho e que se divertiram muito.

Uma vez ouvi uma frase que me fez refletir bastante e passado o dia dos pais e esse episódio senti vontade de falar sobre isso. A frase dizia que “a mãe mostra o mundo ‘ideal’ para a criança e o pai o mundo ‘real e das possibilidades’ e que vivenciar estes dois mundos na primeira infância é extremamente importante para a saúde emocional e social de um ser humano.”

Num primeiro momento essa afirmação parece meio injusta, mas vamos pensar sobre ela.

De uma forma geral, a mãe atende a criança dentro de um limite total de segurança, planejamento, ritmo, imediatismo, saúde, regras, proteção e etc. O choro do bebê toca diretamente no coração da mãe que rapidamente corre para atender suas necessidades ou pelo menos grita de onde estiver para avisar o filho (a) que o pedido foi ouvido e que será atendido, assim que puder. Tudo é pensado. As brincadeiras (mais adequadas, que estimulam cada fase de desenvolvimento do bebê) e que sejam realmente seguras; as roupas que serão colocadas totalmente adequadas ao clima do dia e pensando em todas as atividades e ritmos no decorrer das horas; a comida que será oferecida em cada horário adequada à sua nutrição e que não comprometa o ritmo das refeições e do sono; ahhh o sono. A mãe tem um cuidado especial com isso (por que será? Hehe). A hora mais adequada para fazer dormir, o cuidado com o tempo que está dormindo, a hora de acordar e etc. E assim segue... em muitos outros aspectos. A criança não precisa se preocupar com nada. Todas as suas necessidades e toda a sua segurança está garantida nesse mundo enquanto sua mãe está ali para isso. Isso é importante para a criação de uma criança? Muito!!

Acreditar que o mundo é bom, seguro e que está tudo sendo cuidado para ela traz tranquilidade e segurança para a criança poder sentir, confiar, se desenvolver, experimentar, ser ela mesma, poder cair, se arriscar e crescer emocionalmente e fisicamente. Mas é preciso muito mais para “ensiná-la” a viver nesse mundo e ampliar sua visão sobre felicidade e realização. Aí entra o papel do pai! Num geral, é ele que mostra que o outro lado da moeda também pode ser maravilhoso!!!

O pai é aquele brinca de cavalinho de um jeito que a criança aprende que tem horas que é melhor se segurar um pouco para não cair mesmo que aquilo seja maravilhoso; é aquele que esquece de levar o agasalho quando sai de casa e de repente começa um vento gelado que faz com que a criança precise ficar abraçadinha com ele ou pegar a blusa dele que é 10x maior para se aquecer e que também pode funcionar (e ainda ser mais gostoso por que tem o cheirinho do papai e faz ele se sentir “gente grande”); É aquele que não planejou o dia inteiro que iam passar fora na hora de preparar as comidas para levar e por isso tiveram que parar em uma lanchonete e comer o que tivesse disponível para matar a fome (é claro que a criança adorou experimentar aqueles sabores diferentes); É aquele que o filho chora ou chama um milhão de vezes e acaba percebendo que vai ter que esperar um pouco ou aprender pedir de outro jeito, por que o pai ainda não ouviu o chamado devido à outros afazeres (sela lá qual for); O pai muitas vezes é aquele que deixa o filho cair ou se aventurar nas brincadeiras mais arriscadas e que fortalece sua autoestima na postura de alguém que consegue levantar sozinho, quantas vezes for necessário. É aquele que dá um susto na criança achando que vai ser engraçado e depois ajuda a acalmá-la pedindo desculpas, abraçando e rindo ao mesmo tempo enquanto ela chora, mas ensinando que mesmo querendo agradar as vezes as pessoas que amamos passam do limite e que está tudo bem. Podemos nos divertir com isso também. O pai é aquele que mostra que improvisar pode ser muito mais divertido do que levar os brinquedos que distrai a criança (claro, por que ele esqueceu), ou que se você brincar de jogar pra cima ou virar cambalhota depois de comer pode fazer a comida voltar toda pra fora. E também é aquele que esquece de levar a toalha da criança pra praia e que ensina que dá para se secar correndo ou brincando de pega pega na areia para não passar frio e que é ainda mais divertido. Ou até que guerra de “puns” pode ser a brincadeira mais engraçada do mundo.

 É claro que muitos pais e muitas mães fogem a essas “regras”, mas esse equilíbrio é excepcional!!! Amparo, segurança, planejamento, ritmo e tudo sob controle de um lado e inovação, improviso, flexibilidade, leveza, desafio, coragem, diversão e estímulo ao risco do outro.

O desafio nisso tudo é permitir olhar para cada um desses papeis com apreciação e permissão. Nossos filhos só tem a ganhar!!!


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.