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O peixinho vermelho

O peixinho vermelho
Najla Wanderley Prates
out. 19 - 5 min de leitura
010

Fazenda Canto novo, 12 de outubro de 2020.

Minha vida sempre foi ligada a roça.

Passar todos os finais de semana e os meses de férias, que na minha infância eram de final de novembro a início de março, na fazenda era maravilhoso e ao lembrar brota na minha alma vivente o contentamento da criança ao encontrar os amigos moradores de lá; sentir o cheiro da terra molhada; receber o agrado, por meio de lambidas e pulinhos, do Ringo (meu companheiro fiel); cavalgar em Arizona, alazão de crinas longas e companheiro de aventuras; correr nas chapadas com Zé Quati (meu melhor amigo).

Subir em amendoeiras para brincar de esconde esconde; aproveitar o balanço e sentir o vento no rosto; roubar as mangas verdes e receber o “pito” dos mais velhos; jogar pedras “escondido” na água da lagoa enquanto parentes ou outras crianças pescavam, e torcer para não ser descoberta; ouvir “causos” de mal assombros e ficar com medo de dormir a noite; fazer “caveira” com abóbora e vela, sem nunca ter escutado falar no tal do halloween.

Deitar na rede com meu pai e ver as estrelas serelepes que embalavam nossas odisseias no espaço transformando os astros celestes em “carregadores de malas”, os grandes astros, que eram poucas, levavam as nossas tristezas, chateações, e as abundantes estrelas pequeninas traziam do céu as maravilhas, as bênçãos divinas e, como fadas, nos protegiam das possíveis maldades que um dia, quem sabe, lá beeemmm distante, poderia nos atingir.

Meu pai sempre nos incentivou a leitura e a capacidade de sonhar. Ele dizia: contar histórias é um colosso! Eu? Sentia-me plena com histórias e ainda mais quando eu poderia criar as minhas.... Uau!

Apesar de aventureira, sempre fui uma criança, lá no meu interior, triste, solitária e mesmo não gostando de contos de fadas (preferia as histórias dos três porquinhos, do patinho feio...), eu sempre me refugiava num local distante, que parecia um castelo, mas que para mim tinha uma simplicidade e uma paz interior formidável. Meu local de completa entrega e quietude, meu local de refúgio.

Quando eu comecei a ir nesse cantinho especial? Nem sei... sempre! É meu lugar no mundo. Aonde é? Sei lá! Só sei que É!

Para chegar lá, fecho os olhos, fico descalço e gentilmente me guio, seguro a minha mão e vivencio o meu trajeto...

Em minha frente há uma estrada estreita de chão batido coberto de folhas, nas margens há várias árvores de diversos tamanhos e espécies; há flores coloridas e pequeninas que ofertam os seus cheiros as muitas borboletas amarelas; tem pássaros tagarelas, alegres e dançarinos que fazem cabriolas nos galhos, imitando os miúdos macacos que me observam curiosos.

 Sinto o cheio de uma mistura de folha e terra molhada. Sinto e vou andando devagar... ouvindo uma água correndo bem distante...

Sei que estou quase chegando... O meu ponto de referência é aquela árvore enorme, acho que é uma araucária, que está lá frente. Sei que são mais uns passinhos. Viro a direita e Uau.... Cheguei!

Cheguei ao meu cantinho... 

É aqui: uma casinha de estilo japonês em madeira clara com telhado inclinado de pontas arredondas, tem pilares vermelhos e porta de entrada com desenhos entalhados de coisas da natureza Ah! Sem chave. Minha casinha é linda! Muuuuito linda!

Antes de entrar, molho os meus pés numa água deliciosa na entrada. Sei que essa aguinha circula toda a casa e passa debaixo da sala. Ai, que emoção! Encontro aqui com o meu peixinho vermelho, meu amigo e confidente que sabe tudo de mim, dos meus sentimentos, dos meus desejos, dos meus medos, das minhas alegrias, de mim.

Gosto tanto desse lugar!

Fico em silêncio, subo as escadas e sento no tatame em meu local preferido, arrumo umas almofadas e sou convidada a olhar pela a vastidão do cenário único e magnífico que a natureza me oferta. Respiro fundo, solto o ar com um som de Haaaaah... que sensação mágica!

Deliciosa! 

Estou só, serena, em paz e feliz!

Tenho como vizinho alguns “monges” que se vestem de quimono preto e se exercitam com arte marcial, sutil e com total devoção.

Abaixo o olhar e vejo o meu peixinho vermelho, ele parece sorrir para mim e dizer o quanto fica feliz com a minha presença.

Comparo essa vivência à uma obra de arte, sinto uma conexão com a natureza e uma interligação com Deus. Sinto minha alma agradecida, cheia de amor e sintonizada comigo.

Agora, vou ficara aqui um pouquinho, se você quiser ficar comigo, é bem vindo. Mas... se quiser ir.

Fique a vontade! 

 

Художник Leesa Whitten. Обсуждение на LiveInternet - Российский Сервис Онлайн-Дневников

 

   


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