"O que nos dizem, às vezes, pode nos ferir. Mas, o que não dizem deixa um oco no coração".
Eu estava aqui pensando na minha visão sobre algumas pessoas que conheço, pessoas que admiro, que gosto ou até que não gosto. Temos por norma da educação não ir dizendo tudo o que pensamos, principalmente, as opiniões não elogiosas, porque podem ferir susceptibilidades.
Mas, e quando somos sinceros em nossos dizeres e nos deparamos com sorrisinhos amarelos e o velho refrão: "- Imagina, são seus olhos". Ou ainda pior, uma lista de autodepreciações para justificar nosso equívoco e invalidar nossas palavras tomadas como (in)sinceras. Também acontece daquele sorriso franco e aberto de quem recebeu um presente por demais aguardado e, que talvez, nunca tivesse vindo antes. Sorriso que até causa compaixão, quando não pena. E por outro lado, o dito mal recebido que pode render arranhões e bofetadas, mesmo quando verdadeiro e bem medido.
Na verdade, o ego* humano precisa ser reconhecido, mimado, acariciado, às vezes. Mesmo os mais "durões" se sentem recompensados, ainda que disfarcem. Mas, afinal porque é tão difícil falarmos o que pensamos, o que sentimos sobre o outro? Porque não podemos simplesmente dizer? Por que não podemos presentear-nos uns aos outros com nossas visões, que serão únicas, mesmo que verdadeiras ou equivocadas?
Obviamente, existem n razões absolutamente "justificáveis", é a sociedade, a educação, a inveja, a culpa, a vergonha e, até, a preguiça. Não queremos, em geral, comprometer-nos com o efeito que isso pode causar. E isso é algo a se levar em consideração, afinal, uma palavra pode render muitas histórias, confusões e polêmicas. A sinceridade constrange também.
Estava aqui pensando em tudo isso, porque tive experiências que me mostraram o quanto palavras que não me foram ditas, e que vim a saber por terceiros um tanto quanto tarde (nunca tarde demais), poderiam ter mudado minha visão de mim mesma e do mundo.
Não estou com isso querendo dizer que devamos estar pendentes das opiniões alheias, mas que sim, somos humanos, e temos a necessidade de um feedback sincero, mesmo que não estejamos de acordo sobre o dito. Só os dispensamos quando somos inconscientes demais para lhes perceber a importância.
Porque, naturalmente, temos uma visão ou opinião formada, mesmo que inconsciente, sobre todos e tudo que vemos. Amamos, admiramos, antipatizamos ou odiamos tudo o que nos toca, e tudo o que nos toca nos reflete, porque não sintonizamos com o que não nos faz vibrar. Mas, tão pouca atenção damos ao que sentimos, quando não reprimimos ao ponto de nem sentir, ou melhor, não perceber que sentimos.
A minha reflexão é mais sobre o impacto positivo ou negativo, depende do dito e da maturidade de quem o escuta, que isso pode nos causar quando somos vistos por olhos que não os nossos e que, muitas vezes, estão míopes ou astigmáticos sobre quem somos. E pensar que alguém pode nos conhecer mais que nós mesmos, ou ainda que nos desconheça, pode simplesmente com um olhar atento e palavras bem colocadas, decifrar-nos.
Não estou sugerindo que saíamos todos por aí a dar nossas opiniões como quem dá conselhos, que se fossem bons seriam vendidos. Mas, que nos abramos para buscar ouvir mais o que o outro tem, desde que queira, a dizer-nos e o que pensa ou sente sobre quem somos. Porque tudo pode ser dito, quando falado de forma incondicional.
Também não sugiro que saíamos por aqui coletando opiniões alheias, mesmo porque estamos em um momento onde todos parecem se crer capazes de dar opiniões avulsas sobre tudo e todos. Não é isso também.
Mas, pensando bem, talvez essa reflexão só valha para aquele que saiba, com gentileza, discernir tanto o que disser, quanto o que ouvir. E nem eu sei fazer isso. Hehe.
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