Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

O poder da paciência

O poder da paciência
Isabel Felipe
mai. 30 - 8 min de leitura
020

 

Vou contar à vocês algo que aconteceu comigo em 2009.

Era mês de Abril... Nossa! Meu aniversário chegando! Eu trabalhava de cuidadora de idosos. Era feliz! Tudo ia muito bem!

Sem que menos esperasse, fui demitida daquela equipe de trabalho. Carinhosamente... muito elogiada, mas que seria substituída por uma enfermeira. A equipe passaria a ter só profissionais na área da saúde. Me agradeceram por meu trabalho, mas teria de ser assim.

Aquela era a única fonte de renda que eu tinha. Eu estava doente, mas ela nunca soube...

Por não ser formada em técnico em enfermagem, eu não sabia regras, entre outras necessidades do paciente. Então o comportamento e a prestação do meu serviço era outro.

A doutora acertou meu salário... Fiquei sem trabalho... Do nada... Ainda questionei:

"- O que vou receber? Vou ficar sem condições de prosseguir."

Ela respondeu:

"- Você trabalha bem! Não será difícil encontrar outro trabalho! Se precisar referências, pode passar o meu contato... ou peça para vir aqui pessoalmente, que falarei das suas qualidades. Fique tranquila!"

O que ela não imaginava, era que o meu salário pagava só a energia elétrica da minha casa e os meus remédios. Minha dispensa estava desabastecida. Me alimentava lá no trabalho. Fiquei desorientada, inconformada.

Peguei aquele salário, comprei meus remédios e uns itens para começar minha nova rotina. Complicado! Pois eu trabalhava lá há muitos meses... Quase 2 anos.

Quando pensei em esbravejar, veio no coração: "Aguenta! Fica calma!" Chateada, comecei meu novo ciclo.

Sem aquele trabalho... que difícil! Amava aquele paciente! Enfim, eles, naquele momento, faziam parte da minha vida. Eram a minha família.

Claro que sabia que seria temporário, porque é assim a vida de um cuidador... Sempre tem seu ciclo de trabalho interrompido pela a Mão Divina.

Enfim, três dia depois estou eu na Igreja, onde fui pedir a Deus que tivesse compaixão por mim, pois eu estava muito desorientada. Sem contar a falta que eu também sentia pela a esposa do idoso. E sem poder cuidar... Eu estava arrasada, pois eu amava o que eu fazia!

Ali na Igreja, depois que acabou o culto, uma moça se aproximou de mim e disse:

"- Você é enfermeira?"
Eu: "- Sou cuidadora."
Ela: "- Cuida em casa?"
Eu: "- Sim! Sou Home Care"
Ela: "- Me falaram de você... Se puder trabalhar aqui na Cidade vizinha, te pago o dobro do salário que você ganhava. Preciso de você para amanhã, se possível."
Eu: "- E eu preciso de você para "ontem"... (risos)
Então fui!

Passado apenas uma semana, reencontrei com a doutora. Ela estava cuidando do meu divórcio. Era uma Audiência.

Eu falei: "- Como estão todos?"
Ela respondeu:: "- Estão bem! Passa lá... a mãe está com saudades de você. E aproveita para fazer a visita pro pai, pois sei que você gosta muito dele!"
Eu: "- Gostaria muito, doutora,... mas só estou aqui pela audiência. Sinto muito! Estou morando agora noutra Cidade."
Ela: "- E como você está?"
Eu: "- Estou bem! Trabalhando... cuidando de um paciente em estado vegetativo. Aquele dia sofri admissão dos meus cuidados, mas foi bom! Agora ganho o dobro, moro no meu trabalho... Só estou aqui ainda, porque a ambulância me trouxe, para meu paciente fazer exames e eu aproveitei para vir à Audiência. Logo mais que terminar a audiência, eles vêm me buscar, para nós continuarmos com o nosso trabalho. Trabalho numa equipe, numa sala com muitos aparelhos. É uma UTI doméstica. Tenho de voltar hoje, senão a família fica na mão... e tenho contrato com eles."
Ela falou: "- Nos vemos em outra oportunidade... Provavelmente em outra audiência."
Eu: "- Sim, nos vemos!"

E assim, os meses foram passando... Nós mantivemos contato... E aquele novo paciente que eu estava cuidando, Deus o levou.

Depois de alguns anos, num determinado dia, recebi a triste notícia que era para eu fazer uma visita de despedida àquela senhora que eu amava tanto... E ela partiu deste plano.

Segui o curso da minha vida normalmente... Trabalho, bola pra frente!

Quando foi o ano de 2014, um ex-funcionário que fazia parte da equipe de trabalho da minha família, tinha feito um acerto com meu ex-marido. Vendo que meu ex-marido não estava na Cidade e, sabendo que tinha ido para Portugal passear com a mãe dele, o funcionário achou que não receberia o acerto.

Veio atrás de mim, pedindo para eu pagar. E eu disse:
"- Não tenho nada a ver com os negócios da família. Tudo ficou resolvido. Não faço mais parte."

Resumindo, fui notificada por ser casada com regime universal de bens. Eu já estava separada, mas enfim, me envolveram num problema em que eu não tinha nada a ver.

No final, minha única casa, na época, ia para leilão, devido àquela cobrança inesperada. Minha casa valia muito em relação à dívida do acerto que aquele ex-funcionário exigia. E a casa estava indo para o leilão por menos da metade do valor.
Fiquei sem saber o que fazer, pois precisava de um advogado para me representar... e tinha apenas 24 horas para resolver... Nem mais um minuto.

Aí lembrei da doutora (advogada) que no passado prestei trabalho de cuidadora. Cheguei lá no escritório dela... e ela me recebeu muito feliz.

Ela disse:
"- Por que vc está em lágrimas?" E então expliquei.
Ela já se prontificou, pegou aquela intimação, mandou eu aguardar... e disse que ela iria lá ver o que poderia fazer para me ajudar.

Quando ela voltou, falou:
"- Você não vai mais ter sua casa no leilão. Está resolvido!
Agora vamos acionar seu ex-marido, pois como você fez o processo do divórcio consensual, você terá que pagar só a metade da dívida dele e vice-versa... E tudo isso, sem precisar fazer acerto judicial, devido ao regime universal de bens que vocês foram casados. Sendo assim, já acertei para vocês pagarem em 10 parcelas, mediante o valor imposto pela a dívida.

Então não me restava outra coisa agora: acertar os honorários.
Perguntei: "- E agora... quanto ficam os honorários?" (Eu sabia que era muito caro!)
Perguntei: "- A senhora parcela?" (na época eu havia sofrido um acidente e não tinha condições de pagar nada... Essa é uma outra história que uma dia vou contar.)

Ela disse: "- Não! Você não me deve nada. Esse é um presente meu para você. Quando precisar dos meus trabalhos advocatícios, disponho. Terei sempre prazer em atendê-la; estou aqui sempre que precisar. Ainda bem que você não vai perder seu imóvel!"

Agora vocês lembram? Já pensou se eu tivesse ofendido a doutora ou maltratado-a porque ela havia me dispensado da equipe onde eu trabalhava de cuidadora? Por isso, a lição que quero deixar com este meu relato é que têm coisas que Deus faz para testar nossa paciência... Que só num futuro distante entenderemos o agir DELE.

Vale a pena aceitar uma decisão de um patrão, sem fazer destrato, sem levar na Justiça... Porque se lhe deixarem na mão, tudo com paciência se resolve.

E o trabalho que perdi na época, foi uma grande perda financeira, pois supria todas as minhas necessidades. Mas o que parecia prejuízo na época, Deus já estava preparando aquela advogada para salvar a minha casa no leilão no futuro.

Olha que recompensa!

O que era aquele salário perto do valor do imóvel que ela resgatou do leilão? Olha o que o poder da paciência faz numa vida... num futuro distante!

Reflita sobre o poder da paciência. Vale a pena respeitar as decisões dos outros!


Denunciar publicação
    020

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.