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O que aprendi na Escola

O que aprendi na Escola
Anna Soligo
out. 21 - 4 min de leitura
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Ah, como eu gosto de relembrar da escola que frequentei desde o jardim...

É uma escola ampla, onde convivem até hoje fundamental durante o dia, e à noite, a faculdade onde me formei em Língua Portuguesa.

Me lembro de ter chorado quando tive que mudar de escola para fazer o Ensino Médio. Afinal, ali era o mundo que educacional que eu conhecia.

Ali havia tudo de que precisávamos: lugar para correr, quadras grandes para jogar, pista de atletismo, areia, parque e igreja em frente à escola. Uma praça inteira à nossa disposição.

Os muros eram tão baixinhos, que pequenos podíamos nos sentar neles. Ainda serviam para alcançarmos as goiabas que ficavam no pátio do vizinho.

Os professores? Ah, os professores eram um misto de rigor e amor como Olinda ensina. Porque todos necessitamos de um pouco de ordem, de respeito.

Lá aprendi sobre as oxítonas e paroxítonas, sobre fórmula de Bhaskara...

Tantos conteúdos que não utilizei, e tantos outros que nunca esqueci!

Nós amávamos aprender ali, porque tínhamos liberdade para ser quem éramos!

Professores vinham às atividades extracurriculares, comiam o mesmo lanche, iam a pé conosco no caminho de casa.

Diziam, bom dia, sorriam pra nós! E nos ensinaram o respeito à todas as pessoas. E isso ninguém jamais tirou de nós.

Podemos sim estar em qualquer lugar, mas desde que esse lugar não interfira o direito do outro. 

É preciso compaixão, empatia...

Hoje como professora, tenho a profunda consciência do meu papel, mas também do meu valor.

Há quase 20 anos atrás, quando iniciei na escola, tive a sorte de conhecer lugares onde a educação era algo inatingível. 

Conheci a pobreza extrema, onde ao final do dia minhas roupas andavam duras da poeira da estrada. 

Saía antes das 6 h da manhã, e retornava pra casa às 19 h, às vezes mais tarde...

Aprendi que uma criança não aprende com fome, e que na escola, estou ao lado do meu aluno, e não na sua frente. Para aprender isso, não foi necessário que eles perdessem o respeito comigo. Pelo contrário!

Já fui hostilizada por colegas por andar com roupas simples, sem salto alto... De ser utopista, fraca, e outros tantos adjetivos maldosos ao longo da carreira de professora.

Levei mais de 15 anos para poder ter o direito de trabalhar em apenas uma escola próxima de casa. Sortuda, não?

Sim, sortuda em ter aprendido à galgar cada degrau com honestidade e consciência do meu papel.

Saúdo com carinho a todos os professores, nas mais diversas áreas do conhecimento! A todos que com respeito, conseguem ver o outro sem distinções.

Sim, a educação começa em casa! Ainda me lembro da minha avó analfabeta caminhando comigo pelo centro da cidade...

Cumprimentava de mão pegada a todos que encontrava pelo caminho. Eu deveria ter uns 5 anos quando perguntei à ela o por quê desse gesto. Ela sorriu e disse: Todos somos iguais! Todos merecem o nosso sorriso, a nossa disposição, e acima de tudo o nosso respeito.

Ela nunca discutia com ninguém! E ainda é lembrada por tanta gente. O legado de aprendizado que ela nos deixou é fantástico.

Ela não passou simplesmente pela vida. Lembro agora da frase do Beato Carlo Acutis, um jovem londrino que viveu na Itália, e que dizia que "Todos nascem originais, mas muitos morrem como fotocópias."

É preciso ter coragem para levar adiante o que aprendemos...

Minha reverência a todos os Mestres!

 

♡ We used to have four apple trees.  This is how they looked before Mom started to make pies.

 

 


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