O Direito Sistêmico é a utilização da técnica das Constelações Familiares no âmbito do judiciário.
Essa expressão “Direito Sistêmico” foi introduzida pelo juiz brasileiro Sami Storch. O magistrado foi o pioneiro no uso das Constelações no contexto jurídico. Sendo precursor e inspiração para tantos outros juízes que entraram em contato com a ferramenta através de palestras, workshops ou cursos para magistrados, que Sami ministra pelo Brasil e pelo mundo. Tendo hoje, o reconhecimento do próprio Bert Hellinger, o criador das constelações. Sami foi convidado por Bert para falar na Alemanha sobre o trabalho desenvolvido por ele no judiciário brasileiro. Além disso, o magistrado foi premiado diversas vezes pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo trabalho de destaque que vem desenvolvendo ao longo dos anos com a utilização das constelações no judiciário.
Sami iniciou suas primeiras experiências na utilização da técnica em comarcas do interior da Bahia em 2014, com o apoio do Tribunal de Justiça da Bahia. Ele realizava mutirões no salão do tribunal do Juri, com as partes de processos judiciais, aonde realizavam as vivências em que eram colocadas uma ou duas constelações. Dali, as pessoas já saiam mais leves e dispostas a compor seus conflitos de maneira consensual. Em 2014 a revista ÉPOCA, entrevistou o magistrado que afirmou que através das vivências de constelações ele havia conseguido 100% de conciliação com a utilização da técnica.
Seu trabalho ganhou destaque e tem inspirado juízes de todo Brasil a se capacitarem para introduzir as constelações na resolução de conflitos judiciais.
Eu, no ano de 2015, estive na comarca de Amargosa/BA para realizar uma pesquisa de campo para meu trabalho de conclusão de curso de direito que teve como tema, a utilização das constelações no judiciário. Tive a oportunidade de conhecer e entrevistar algumas das pessoas que puderam vivenciar as constelações realizadas por Sami no Fórum. É notória a transformação que a ação de Sami trouxe para aquela cidade. Ouvi relatos muitos positivos sobre as vivências e mudanças após as constelações.
Por isso, que atualmente o Direito Sistêmico, vem crescendo. Pois, a morosidade e necessidade de resoluções mais efetivas, fazem com que áreas como essa cresçam. Temos como exemplo, a mediação a conciliação e a justiça restaurativa.
Muitas pessoas ao entrarem com um processo judicial, no aparente estão demandando algo para si, sua família ou para seus filhos, por exemplo. Entretanto, alguns processos quando analisados na sua profundidade, se mostram como conflitos além daqueles que se apresentam processualmente. Sendo assim, as partes envolvidas naquele determinado processo, caso haja uma decisão proferida por um juiz, se sentirão injustiçadas. Porque o conflito originário não iniciou naquele processo. As partes buscam, nesse caso, no processo, uma justiça que um processo judicial não poderia oferecer.
Desse modo, em um caso como esse, a pessoa que entrou com a ação, precisa de uma reparação em outro nível. No nível emocional, não no nível material. Então, a constelação seria uma ferramenta que talvez pudesse resolver esse conflito no nível mais profundo.
Escuto relatos de advogados que atuam em alguns processos que não se desenrolam. Alguns deles são justamente por isso, por trazem consigo algo além do conflito processual. Às vezes uma pessoa quer ser reconhecida por outra, ou procura um olhar de compaixão ou ainda busca satisfazer uma orfandade sistêmica, ancestral. Essas demandas somente seriam atendidas em outras esferas, que não a judicial. Entretanto, um profissional da área jurídica que tenha uma capacidade de ler além do processo apresentado, ou seja, ler além do aparente, poderia realizar uma dinâmica simples, que talvez trouxesse solução no nível da alma e consequentemente na esfera processual.
Desse modo, temos que o aprofundamento nas diversas áreas, se faz necessário nesses tempos em que as demandas ultrapassam as áreas das quais se origina. Sendo de fundamental importância se aprimorar para se tornar um profissional excelente que realmente atenda as demandas de seus clientes ou jurisdicionados.