Deixei de ser eu mesma para tentar atender às expectativas deles, à ponto de ainda hoje não saber direito quem eu sou e do que gosto.
Deixei de expressar minhas opiniões, pois não me sentia ouvida.
Aceitei fazer e ganhar coisas iguais à minha irmã, pois o que eu gostava ou queria não era levado em consideração, o intuito, era dar o mesmo para as duas filhas.
Levei muito tempo para me abrir ao amor, e quando tive, não tive coragem para lutar por ele.
Levei em frente um relacionamento disfuncional, sem cogitar terminar o namoro, pois aprendi que relacionamentos são assim mesmo, que o amor é cheio de brigas e grosserias.
Fiz de tudo para ser a certinha a vida toda, anulando meus desejos em tantas áreas, pois afinal, EU não poderia fazer essas coisas, são inadequadas.
Já mudei de vida, estado, profissão por eles, afim de retribuir algo que meus tios deram a meus pais.
Já desisti tantas vezes de ter momentos apenas de lazer e descanso por sentir-me na obrigação de usar todas as minhas férias para visitá-los.
Me senti tantas vezes muito culpada por fazer coisas que eles desaprovariam.
Me cobro muito em todos os sentidos, tenho dificuldade de relaxar, mesmo quando não tem ninguém comigo, consigo não fazer nada, mas me cobro muito por isso, e sempre acho que não fiz o bastante.
Passei a vida fingindo estar sempre bem, não queria ser mais um peso pra eles, e até hoje não consigo me abrir com eles, quando digo que não estou bem, sinto o peso de deixá-los mal, afinal, eu era a que sempre estava bem, desse jeito deixo eles preocupados.
Passei a vida de casada sem ter muito contato com amigas nem sair sozinha, uma mulher casada não faz essas coisas.
Interferi no comportamento do meu filho para agradar a eles.
Levei muitos anos para cogitar e mais alguns para efetivar o divórcio, por medo da reação deles e da decepção que iriam sentir.