Bom dia meninas, bom dia mestra amada...
Não sei se recorda de mim, sou sua aluna do curso de Renascimento e de Constelação.
Estou distante um pouco devido ao tratamento da tireoide e agora as coisas com minha bebê...
Na próxima semana vou tomar o iodo radioativo pra ver se diminui o câncer antes de cirurgia...
Mestra, minha bebê foi encaminhada para alguns especialistas, começou a apresentar sinais, estereotipias do espectro autista...
Aquela regressão da fala que ela teve quando eu contrai Covid, na verdade já era sinal do espectro, pois de acordo com a fono, é nesse fase que se inicia, a partir de 12/14 meses.
Perdi o rumo ontem.
Meu esposo se recusa a falar no assunto, pra ele é coisa da minha cabeça e da cabeça de minha mãe.
O que eu posso fazer pra ajudar minha pequena?
Gratidão mestra
Estimada estudante!
Ao ler sua mensagem, enviada ao raiar do dia, fiquei pensando na metáfora do coração das mães: nossos filhos são o nosso bom dia, nosso boa noite... são todos os nossos pensamentos. Nossa vida passa a se chamar "filhos".
Ou "filha", no seu caso. Por ora, me parece que é sua única filha, presente num corpinho físico individual, materializando seu Universo, manifestando no mundo seu destino, seus talentos, suas singularidades, seu vir a ser.
Lembro-me também, de um autor maravilhoso, que abriu meu coração para algo que eu experimento como um bordão, um cajado. Andrew Solomon - Longe da Árvore. Não só me guia, como me ajuda a abrir caminhos em minha jornada como mãe. Caminho gratificante, incrível... mas, sem dúvida, que nos mói, destrói, arrebenta.
Como diz Dr. Maeda: um filho muda nossa vida. Este é um jeito ameno de dizer: agora esqueça quem você era, tudo o que você aprendeu vai servir, inclusive, para perceber que a teoria é muitíssimo diferente. Tão mais fácil. Árduos são os dias, confusos, extenuantes e angustiantes. Gostaríamos de pegar com nossas mãos, de tirar deles os sofrimentos, tomar as injeções, as medicações, ralar nossos joelhos. Os pouparmos de todos os sofrimentos.
Porque infância lembra alegria. Queremos nossos filhos felizes, alegres, vivendo a plenitude do arquétipo de ser criança.
Escrevo todas estas palavras olhando para o sol que nasce. Aurora. Nome lindo para uma criança.
Mas, o que fazer quando a vida de nossos amados filhos não é uma Aurora? Quando se parece mais com um barco num mar revolto com nuvens no céu? E o que fazer quando, além disso, um dos remos está em situação de necessidade de reparos... precisaria parar, ir para uma Oficina. Contudo, há que navegar!
A confiança de que existe um Piloto que conduz nossas vidas, governa céus, terras e mares e tudo o que há, é o que nos salva de nós mesmos, de nossas preocupações, desesperos, agonias.
Uma outra médica, uma senhora maravilhosa, japonesa, com muitas décadas de vida, filhos, netos e bisnetos, ao perceber minhas inquietudes quando Nina chegou, olhando-me nos olhos, disse com todo amor: isso é ser mãe. É este sentimento que vai trazer milagres, que te torna para sempre o melhor remédio, o melhor caminho, o melhor bálsamo.
Já falei muito até aqui. Empatia! É isso o que eu quis dizer.
Agora volto aos fatos:
Sua filha passou por um stress muito grande, você passou por um grande stress, Covid não é brincadeira, não, e está vivendo outro tsunami. O que seria esperado de reação de um bebê? Somos extensão deles. Quando uma mãe adoece, os filhos não permanecem saudáveis.
Você está com suas lutas pessoais, não tem alternativa, é sua vida, o inexorável destino. Portanto, agora é hora de contar com seu entorno, sua rede de apoio, família, comadres, amigas, colegas. Todos!
A vida necessita de alegrias. Sem ela nos tornamos esquisitos, lutamos porque nossa vocação é a felicidade. As crianças percebem o sofrimento dos pais e entram na batalha para salvá-los.
O que de melhor pode fazer por sua filha?
Leve-a em circos, praças, riachos, poças de água. Leve-a para subir em árvores, amassar uns filhotes de gatos, cachorros, vaquinhas, coelhinhos.... correr atrás de borboletas, banhos de espuma...
Você escreve: "Perdi o rumo!" não é para menos. Você tem razão.
Eu leio: "A solução está na alegria."
Certa vez, uma outra especialista, médica maravilhosa, ao me ver sem rumo, correndo atrás de tantas soluções, intervenções necessárias para minha bebê tão frágil, ela me disse com tanto carinho:
- Olinda, faz assim: agora chega de vir à médicos, exames, isso e aquilo. Chega! Já sabemos o necessário, estamos agindo. Vá passear, vá tirar retratos com sua filhinha... pare de vir em médicos, vá passear agora.
É isto que quero dizer.
Cuide de você, de seu tsunami pessoal. Um câncer é algo gravíssimo. Você precisa de apoio. Sua filhinha precisa de sua alegria, de você bem viva e feliz.
Se mais perto estivéssemos ofertaria eu uma sessão de Massagem Reparentalizadora Sistêmica para você, prepararia um banho demorado com sais aromáticos e cuidaria de você. A vida, amada, não é fácil para ninguém, mas para você agora tem sido muito difícil. Saiba disso. Se trate com ainda mais amor.
Um abraço com todo carinho.
OLINDA GUEDES é mãe da Nina e Camila Maria, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras. É mãe de mais outros cinco príncipes na terra, mais uma princesa que está chegando e quatro anjos no céu.
A gente sempre cuida da alegria aqui em casa.
Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola Real de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.
https://www.facebook.com/olindaguedesfanpage/
https://www.youtube.com/c/OlindaGuedes
https://www.instagram.com/olindaguedes/