Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
Direito SistêmicoVOLTAR

O que são as Constelações e como podem ajudar num processo judicial?

O que são as Constelações e como podem ajudar num processo judicial?
MILENA PATRICIA DA SILVA
set. 28 - 5 min de leitura
000

A constelação sistêmica é uma ferramenta de utilização ampla, que consiste em uma análise profunda de questões que podem de algum modo trazer sofrimento à alguém. Criada pelo filósofo e psicoterapeuta, alemão Bert Hellinger, traz uma profundidade na forma de conduzir terapias. Bert, foi padre, viveu em uma comunidade Zulu na África por dezesseis anos, trabalhou com terapia primal e em grupo, e estudou em várias fontes como, a psicanáise, gestalt terapia, análise transacional, programação neurolinguística, entre outras. Através de sua vivência e sua experiência enquanto terapeuta, percebeu que havia três princípios ou leis básicas que norteiam todas as relações humanas. São as chamadas “ordens de amor”, que consiste no direito ao pertencimento, a ordem de precedência e o equilíbrio entre dar e receber. (Princípios: do pertencimento,  da ordem e compensação).

Desse modo, segundo Bert, quando esses princípios deixam de ser observados, existe a possibilidade de ocorrer desequilíbrios sistêmicos que acabam afetando toda a família.

No âmbito jurídico, por exemplo, uma processo de inventário, ou uma separação, ação de alimentos, regulamentação de guarda. São questões que podem gerar grandes conflitos jurídicos entretanto, suas raízes podem ser sistêmicas, ou seja, uma raiz que vem de um desequilíbrio de uma das ordens. Talvez um cônjuge que se sinta mal reconhecido, traído ou mal entendido, pode trazer uma falta consigo de se sentir pertencente e reconhecido dentro da relação, ou igualmente em desequilíbrio dentro da relação. Muitas vezes, um pedido de perdão, no nível mais profundo da alma, retira o emaranhado processual que por exemplo poderia travar um processo por anos. 

Um filho pode estar se sentindo injustiçado porque seu pai faleceu e deixou mais bens para um outro irmão, entretanto esse filho pode estar requerendo um reconhecimento no nível emocional por em algum outro momento ter sido preterido pelo pai em detrimento de outro irmão.  Nesse caso, seria necessário uma compensação, ou seja, um equilíbrio entre dar e receber que precisava ser estabelecido.

Outro exemplo, é o caso de uma regulamentação de visita, em que a mãe se sinta injustiçada pelo fato de o genitor não ter conversado previamente com ela para resolverem de modo consensual através do diálogo a situação das crianças. Ainda nesse exemplo, imagine que a petição que inicia o pedido de regulamentação de visitas apresenta algumas mentiras e exageros sobre o fato. A mãe se sente profundamente injustiçada pela postura do pai, ora que por vezes se mostrou aberta à conversas, mas não houve interesse do pai. Entretanto, esse relacionamento foi rompido devido aos significativos abusos acontecidos durante a relação, e que foram significativos para o fim da relação. Além de tudo a sogra intervinha em situações que não lhe cabiam. A genitora foi por vezes ofendida e ferida emocionalmente. Quando ela recebe a intimação, vem uma enxurrada de lembranças do relacionamento conturbado, quando lê o requerimento entra em profundo estado de ódio. A chance de um processo como esse não chegar a um acordo consensual é muito grande. Por vezes, essa mulher se sentiu violada na sua mais ampla acepção onde nunca pôde despejar sua mágoa e sentimento de inutilidade que sofreu durante a relação, nesse caso, o processo precisa criar condições de abarcar as várias facetas que envolvem um conflito. Não só, no aspecto jurídico, como no aspecto emocional. Nessa situação, podemos verificar várias violações aos princípios sistêmicos, o do pertencimento e da compensação.

Nos exemplos acima mencionados, são situações em que atuei como facilitadora e que necessitou de constelação, visto que os conflitos emocionais estavam impedindo qualquer acordo processual.

O profissional do direito que possui condições de identificar que alguns conflitos estão além da possibilidade de resolução jurídica, pode auxiliar de modo mais efetivo seus  clientes.  

O direito ao longo dos anos tem se modificado e assim também deve ser com os operadores do direito. Se adequar ao modo de funcionamento com novas e mais amplas demandas. Saber identificar o sentimento para então oferecer a ferramenta adequada ao conflito é fundamentar para todos os envolvidos no processo. O jurisdicionado consegue uma solução efetiva e o judiciário desafoga a quantidade monstruosa de processos, que em sua maioria poderiam ter sido resolvidos sem mesmo ter que passar pelas mãos de um juiz. Todos ganham.

A ferramenta da constelação tem sido utilizada há alguns anos pelo Poder Judiciário brasileiro, para ajudar a resolver conflitos. Atualmente já contamos com pelo menos dezesseis  tribunais brasileiros que tem se utilizado da ferramenta nas mais diversas áreas jurídicas.  O que torna um grande diferencial que contribui para o acesso à justiça.

 

Fonte de consulta: https://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/86659-constelacao-pacifica-conflitos-de-familia-no-judiciario

 

Participe do grupo Direito Sistêmico e receba novidades todas as semanas.


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.