Ao se questionar o que são as constelações sistêmicas, chega-se ao alemão Bert Hellinger (falecido em 2019, com mais de 90 anos). Um sábio, estudioso, poeta, filósofo. Um curioso acerca da vida e dos relacionamentos e sobre o comportamento das pessoas. Bert sentia-se intrigado pelo comportamento das pessoas desde o período em que esteve como prisioneiro de guerra, no campo de concentração, durante a segunda guerra mundial. Após sua fuga do campo de concentração, se formou padre e se tornou um missionário.
Foi ser diretor de um colégio na África, continente tribal, onde as pessoas apesar de poucos recursos financeiros e higiênicos e com grandes sofrimentos, era um povo que vivia em paz, completamente diferente do povo Europeu. Continente de primeiro mundo, desenvolvido, cheio de armamentos, cheio de recursos materiais, mas lugar em que as pessoas viviam em “guerra”, brigando. Isso o intrigou, aguçando ainda mais sua curiosidade sobre o comportamento humano.
Bert começou a perceber que naquele lugar, eram os exercícios de pertencimento que faziam toda diferença. Na forma de se cumprimentarem, “vivo?” ou no “eu vejo você”, Bert entendeu que o que traz a paz não é a quantidade de recursos materiais, mas a quantidade de amor que uma pessoa tem no seu coração. Que o que faz a paz é a empatia. A paz se faz por cada um de nós, a evolução, o desenvolvimento, a prosperidade e a felicidade é uma condição pessoal e intransferível que tem uma ressonância com toda a humanidade. No “eu vejo você”, se eu te vejo, aquilo que dói em mim dói em você. Eu trato você do jeito que eu gostaria de ser tratado. Vou te considerar do jeito que eu gostaria de ser considerado. É o se colocar no lugar do outro. É o respeito. É o pertencimento que fazia toda a diferença.
Assim, as Constelações Sistêmicas nascem de um movimento de um filósofo, um cientista, um pesquisador, que observando a humanidade se ofereceu em prol da mesma, sendo o primeiro terapeuta a ser indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz, devido o seu trabalho, estar presente em muitos países ajudando a centenas de milhares de pessoas a sair da pobreza, da doença e da infelicidade.
Bert Hellinger queria saber como ajudar as pessoas a sair dos seus sofrimentos, dos seus emaranhamentos e como elas poderiam fazer ajustes em suas vidas e se tornarem funcionais, ou seja, obterem a felicidade e as coisas boas que elas queriam por meio de algumas intervenções.
Ele utilizou, nesse intuito, conhecimentos da matemática, da biologia, da filosofia e da física, além de intervenções com abordagens técnicas da análise transacional, da linguagem hipnótica de Milton Erickson na terapia termal e também da programação neolinguística. Bert observou que muitas dessas intervenções observavam as pessoas e suas trajetórias de vida a partir de sua gestação, mas haviam momentos, que algumas pessoas com problemas, com situações difíceis, eram pessoas que tiveram uma infância normal (respeito, ambiente de paz, alimento, etc.)
Então ele quis saber porquê dessas pessoas, com essa “infância normal” terem comportamentos ou vivências disfuncionais na fase adulta (obesidade, vícios,...). Começou a observar o quê aconteceu na vida dessas pessoas antes da gestação.
Bert se fazia a seguinte pergunta: “Onde, na vida desse sistema, aconteceu alguma coisa que fazia com que essa pessoa, nesse momento, estivesse vivenciando dor e sofrimento? Se não foi na infância, então onde foi? Em qual geração foi? Com quem? E o quê aconteceu? ”.
Na maioria das vezes, concluir que aquela pessoa com problemas, teve uma infância normal, mas um determinado antepassado seu passou por um problema, um sofrimento, e mesmo, hoje, não vivendo mais no corpo físico, sua energia não acabou (como explica a Biologia: a energia não se acaba. Energia só se transforma).
Essa energia não se transformou ainda. Aquela energia ainda estava à espera. Aquela memória de sofrimento ainda esperava por isso, que esse descendente ainda agisse daquela forma, porque está com uma memória ligada com um passado que não passou. Não passou porque não foi incluído, não foi vivenciado, não foi transformado.
Então Bert se questionou: “O quê fazer, então, para essa energia mudar?”
Foi quando ele teve a ideia de colocar essa energia em movimento. Ou seja, fazer como se fosse um teatro, em que se traz essa memória do passado para o agora, fazendo alguma coisa aqui no agora, mudando a sequência desses movimentos.
Bert fazia isso como num teatro, numa grande cena, numa interação, com representantes dos elementos importantes da história da pessoa e ao se fazer os movimentos, a pessoa já saia dali mudada.
O que fazia isso acontecer?
Bert, como um poeta, como um curador, dizia quando questionado, não ter tempo de pesquisar o que explicaria essas coisas, mas que sabia que funcionava assim, daquela forma, e isso que curava as pessoas.
Constelação Sistêmica não é esoterismo! Não é Xamã! Não é religião!
Constelação Sistêmica é uma ciência!
Constelação Sistêmica tem uma estrutura teórica. Estrutura-se na física, na biologia e na matemática, de acordo com as terias encontradas no livro Teoria Geral dos Sistemas de Ludwig Von Bertalanffy. Fundamenta-se na epigenética (herdamos não só a a cor da pele, forma do cabelo, etc, mas também as dores e as memórias do nosso sistema), na física (Esse tempo predominantemente linear é ilusório, ele é cíclico. A morte não é o fim, é parte do ciclo), na matemática (teoria dos fractais), na Programação Neuro Linguística (PNL), na Hipnose Ericksoniana, na Análise Transacional, na Terapia Primal, no Renascimento Consciente.
Um outro questionamento acerca das constelações sistêmicas é:
Como pode, numa constelação sistêmica, uma pessoa representar tão bem uma pessoa, que ela não conhece, que até parece que ela leu um roteiro?
A pessoa ali é só um canal para as informações chegarem para quem está assistindo, para quem está percebendo. Na verdade, o que acontece é que o campo informa!
O que significa esse termo: “ O campo informa?”
O termo usado nas constelações sistêmicas, O CAMPO, vem da teoria do pesquisador mais conhecido sobre os campos morfogenéticos, o britânico, Rupert Sheldrake, um cientista, pesquisador, biólogo e filósofo e autor de muitos livros, um deles, sobre O CAMPO, é o livro SETE EXPERIMENTOS QUE PODEM MUDAR O MUNDO.
Para Rupert Sheldrake, existe algo invisível que ligam as pessoas, que liga todo o mundo. Algo que vai além das nossas palavras, além da nossa comunicação. O campo é tudo. Campo é a vida, é a natureza, somos nós dentro. São nossas palavras, sentimentos, pensamentos, intenções, atitudes. O Campo é o que liga tudo que está dentro de cada um e é também o que liga cada um ao seu Sistema.
O campo informa! Não tem nada escondido embaixo do céu. As atitudes, as intenções, os sentimentos, expostos ou ocultos, reverberam. O tempo todo O CAMPO INFORMA.
Como é feita uma Constelação Sistêmica? Como se organiza?
Constelação Sistêmica é uma intervenção terapêutica, que ajuda as pessoas a resolverem suas vidas nas mais diversas situações. Funciona, como citado acima, como um teatro, uma grande cena. Nela é preciso ter inicialmente um cliente.
Alguém que apresente um tema a ser trabalhado: um sofrimento, uma insatisfação, uma doença, um sintoma, algo que a pessoa queira transformar, uma intenção, algo que ele necessita, que ele precise.
O cliente resume seu tema em uma intenção: uma frase que resuma toda sua fala apresentada no tema.
Baseado na frase, na sua intenção, são escolhidos, identificados, os Elementos importantes do tema do cliente e seus representantes (recursos humanos ou visuais) para ajudar seu cliente a perceber seu sofrimento, a encontrar a solução e a perceber como que essa solução poderá ser implementada.
Uma constelação, no Método de Constelações Sistêmicas da Escola Real, de Olinda Guedes, onde as Constelações olham para as soluções, ocorrem em três tempos:
• Tempo de colocar o problema, de ver o sintoma, verificar o problema;
• Tempo de perceber qual é a solução, o que é que seria a solução;
• Tarefas, indicações de postura, de exercício, tarefas que o cliente vai fazer no seu cotidiano que vai fazer a cura acontecer.
PRINCÍPIOS SISTÊMICOS
As constelações sistêmicas, de Bert Hellinger, seguem três princípios sistêmicos, que são Leis da Vida, que são Leis da Natureza. Esses princípios sistêmicos são conhecidos como Leis do Amor, de Bert Hellinger.
São elas:
- PERTENCIMENTO;
- HIERARQUIA (OU ORDEM);
- COMPENSAÇÃO (OU EQUILÍBRIO ENTRE O DAR E O RECEBER).
Bert ensinava que esses princípios nascem da biologia.
- PRINCÍPIO DO PERTENCIMENTO (por Olinda Guedes): a biologia diz que a natureza não discrimina nada. Na natureza todos pertencem. Os elementos básicos para o sustento da vida não podem ser criados e são disponíveis para todos os seres vivos, independente de mérito ou demérito. A natureza não julga. Todos nós pertencemos, pelo bom ou pelo mal, vamos pertencer sempre ou vamos fazer qualquer coisa, independentemente de serem coisas certas ou erradas, a nível de sociedade, a nível de justiça, a nível de consciência, para pertencer.
- PRINCÍPIO DA COMPENSAÇÃO OU TAMBÉM EQUILÍBRIO ENTRE O DAR E O RECEBER (por Olinda Guedes): Vem também da biologia. Por exemplo, quanto mais a gente cuida de uma plantinha, mais ela traduz esse cuidado em frutos. Quanto menos a gente cuida, menos ela produz seus frutos. Assim é a vida. Esse é o Principio Sistêmico da Compensação. A vida recompensa a ação. Você colhe exatamente aquilo que você plantou. Esse é um princípio da biologia, mas é também um princípio da matemática (economia). O que é bom tende a prosperar e a criar algo muito melhor ainda (princípio dos juros).
Mas tudo de forma proporcional, com equilíbrio. Se não for equilibrado, vai gerar um dano. Todo dano fica na memória do universo que fica pedindo reparação. Nossa necessidade de Pertencimento do Princípio 1 tem a ver com o Equilíbrio entre o Dar e o Receber.
Se eu causo um dano para alguém vou ficar excluído e ninguém quer ficar excluído. Ninguém suporta ficar excluído, a gente precisa pertencer, mas a gente só vai pertencer se a gente merecer, se a gente fizer um bem e aí a gente vem para o Segundo Princípio.
Só podemos retribuir na medida daquilo que recebemos. Só podemos receber aquilo de que realmente necessitamos. Na vida, é importante que ninguém ofereça mais do que tem e não exija mais do que é capaz de retribuir ou agradecer.
No âmbito dos relacionamentos é a mesma coisa. Por exemplo pai e mãe, oferecem para os filhos, um amor incondicional, simplesmente oferecem (amor de graça). Amor ético, que espera que os filhos sejam pessoas boas, pessoas justas. Esse é o lugar do amor dos pais. Quando a criança recebe o amor dos pais (cuidado, autocuidado, auto higiene, respeito, ensinar a ajudar, ajudar a cuidar, etc.). Esse filho vai aprender a dar amor de graça, vai aprender a ser generoso, vai aprender a ser próspero, vai aprender a tocar a sua vida de uma forma bonita.
- PRINCÍPIO DA ORDEM FALA DA HIERARQUIA (por Olinda Guedes): cada um precisa saber o seu lugar e agir a partir do seu lugar. Se você é liderado, é importante respeitar o líder. Se você é filho é importante honrar os seus pais. Se você é pai (ou mãe) é importante você respeitar os seus filhos. A violação da ordem não traz prosperidade. Sem ordem não tem progresso. A ordem traz equilíbrio, traz amor, traz paz, traz alegria. Onde tem violação de ordem tem conflito, tem confusão, tem sofrimento, tem fragilidade, tem batalha, tem guerra.
#mod01
#Formação Real em Constelações Sistêmicas