(..) nenhum filho é capaz de preencher o vazio e a necessidade emocional do pai ou da mãe. Bert Hellinger
Algumas palavras são tão batidas que acabam tendo seu significado reduzido ou banalizado, por isso eu quero começar esse texto explicando a palavra “codependente”.
- O prefixo “co” tem função de indicar algo que é feito “junto/com” ou serve como intensificador da palavra que vem depois.
- Dependente é aquele que é subordinado a algo ou alguém, o que supõe ocupar a posição inferior dentro de uma hierarquia.
Portanto, codependente é quem está junto com o subordinado a algo ou a alguém. É a namorada que quer tirar o companheiro dos vícios. É o amigo que continua emprestando dinheiro à pessoa que ele já sabe que não pagará. É o filho adulto que continua na casa da mãe abusiva, suportando continuamente suas violências… O codependente é o mártir…o salvador.
A raiz desse comportamento está na infância. Sim, de novo esse papo de infância! Não tem como, é lá que aprendemos os padrões comportamentais que mais tarde, estendemos para todas as relações que estabelecermos.
A criança precisa de cuidadores generosos e com condições emocionais de atender a todas as suas necessidades de amor, segurança, proteção, aceitação… Que ajude ela a definir limites, a saber o que fazer, como se comportar, como se expressar… Quando esse cuidador não está disponível emocionalmente, é muito doloroso para criança, ela se sente sozinha e abandonada. Mas ela poderia sair dessa situação? Claro que não! Então, suportar, naquele momento, torna-se uma questão de sobrevivência. A solução é calar suas necessidades em prol de quem as deveria atender.
Acontece uma inversão de ordem aqui, é como se a criança virtualmente entrasse no lugar de pais dos seus pais; e se ela cresce e esse padrão continua sendo reforçado, por pais dependentes e necessitados de cuidados, ela cresce compreendendo que as dificuldades emocionais das pessoas com quem ela se relaciona é responsabilidade dela. Que amor significa por de lado suas necessidades para atender as de outrem. E lá no fundo do inconsciente dela, agir dessa forma é uma questão de sobrevivência! Assim, o codependente revive todo abandono e abuso emocional pelo qual passou.
E será muito difícil ele perceber que é ele quem procura pelas relações difíceis e tristes que tem. Preso ainda na dor infantil, o codependente não compreende que pode, com ajuda, sair dessas relações e aprender a se relacionar de outra forma.
Isso não lhe custará a vida!
Muitas vezes não importará o quanto alguém diga que ele não tem que fazer nada para ser amado. Não importa o quanto alguém tente explicar que se ocupar de outras pessoas e assuntos não é falta de amor, é apenas viver a vida na totalidade. Ele acredita que girar em torno da outra personalidade é amor.
Os filmes de Hollywood ajudam ele a pensar que está correta sua perspectiva… As músicas da moda, fazem o mesmo. Vários relacionamentos que ele conhece mostram o mesmo padrão!
Se em todo lugar amor é obrigação de fusão… é sacrifício… é fazer tudo pelo outro… como pode existir outro amor que seja leve e fácil? Além do mais, salvadores são necessários e solicitados, e essa “atenção” se parece, de alguma forma, com amor.