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O SOM DA VIDA

O SOM DA VIDA
Alice Meesquita
ago. 29 - 9 min de leitura
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 dois conceitos poderosos, o som e a vida.

 

O som nos comunica com a vida.

Essa pode parecer uma estranha afirmação...

O que é a vida afinal, para nós que sabemos que estamos vivos?

Coisa de dicionário. Partir dali fica mais fácil

Como definição, “vida é uma característica que diferencia entidades físicas possuidoras de processos biológicos, ou seja, com capacidade de se comunicar e se auto sustentar, o que se diferencia de outras seres que não possuem capacidade se comunicar ou se auto sustentar”.

E por que não o fazem?

Porque já estão mortos ou por que nunca tiveram essas funções, então são considerados seres inanimados – cadeiras, poltrona, régua, lápis ...

Então seres vivos se comunicam e o som é uma das formas de comunicação. O que não quer dizer que espécies de seres diferentes entre si, como a raposa e a baleia por exemplo, possam se comunicar, mas eles podem se auto sustentar.

Assim, que a possibilidade de se comunicar é um dos presentes da vida porque deixamos de ser seres isolados para ter uma união, formando sociedades, comunidades, manadas, grupos. Animais emitem diferentes ruídos para se comunicar.

Vou contar uma história... adoro histórias....

Eu me lembro de quando estive na Península de Valdez na Patagônia, há muitos anos...

Havia naquela época, apenas uma pequena hospedagem do Automóvel Clube Argentino, com poucos quartos. Era a única hospedagem na Península de Valdez, que é um santuário. Em agosto começam a chegar as baleias francas, os elefantes marinhos e os pinguins vindos da Antártida para ter seus filhotes e acasalar. A energia elétrica vinha de um gerador, que era desligado as 10 da noite. E tudo ficava escuro, muito escuro, muito frio e muito vento.

O vento cantava sempre em assobios nas janelas.

No lado de fora, o vento não encontra obstáculos, ele nos carrega, mas não faz barulho. Assim nas noites, fechados no quarto, debaixo de muitas cobertas que pareciam inúteis, ouvia-se o vento nas janelas, quase lúgubre, porque sabíamos que era um vento de 100 km por hora. Porém, ouvíamos também o canto das baleias franca. Canto para os meus ouvidos encantados. Se ouvirem na internet, há vários exemplos de sons de baleia até como efeito relaxante e vão perceber que este som é parecido com o som das últimas pesquisas sobre o som do Cosmos.

Aquele canto ia do grave, muito grave, aos agudos.

Já as baleias cachalote, que não tem na Península, se comunicam em cliques, chamados de codas, de forma completamente diferente das francas. 

Os pinguins por sua vez, também vem da Antártida, nadando em grupos. Quando chegam ao sul da Península em Punta Tombo, vão para seus ninhos, os mesmos dos anos anteriores. Os novos casais têm que fazer seus ninhos mais para o interior da terra. Na época, já havia ninhos a mais de um km da praia. Imaginem o quanto tinham que andar com aqueles passinhos...

Eles fazem os ninhos debaixo dos arbustos locais, perto das raízes.

O par não chega junto e o que chega primeiro fica em pé perto do ninho, emitindo seu canto, que é um grito, enquanto espera o companheiro, porque pinguins são uma espécie monogâmica, diferentemente das baleias que não são monogâmicas, mas podem aceitar ou não o parceiro. Me contaram por lá que quando estão com a cauda para fora ou se aproximam de águas mais rasas é uma reação de não aceitação do parceiro.

Hoje estou com dor de cabeça...

Quanto aos pinguins, o companheiro nunca chega ao mesmo tempo, porque é uma longa e perigosa viagem por mares habitados por predadores de sua espécie, como as orcas.

Quanto aos elefantes marinhos ,  os machos chegam primeiro e as fêmeas um mês depois para dar à luz, depois de uma gravidez de 11 meses, e acasalar novamente. Na sua chegada, os elefantes machos entoam seu único canto. Um canto desafiador, um rugido para outro macho, porque lutam para constituir seu harém à medida que as fêmeas chegam...

Um dia, meu marido e eu paramos em uma praia deserta, absolutamente longe de qualquer vestígio de vida humana. Na beira da praia, cuja areia eram pedrinhas coloridas que um dia rolaram da Cordilheira dos Andes, havia uma grande pedra com uma colônia de gaivotas.

Começaram a voar acima de nossas cabeças e a soltar seu grito de gaivota. Eu imitei o grito e elas chegavam mais perto.

Ficamos algum tempo nos comunicando. Não sei se elas entenderam, eu não entendi, mas estava maravilhada com esta aproximação. Talvez seja imaginação, talvez estivessem gritando “cuidado, olha essa gente estranha colorida aí”, mas acho que não.

Nós nos sentamos na areia de pedra e havia um leão marinho e um cormorano (aqui chamado de corvo-marinho) que nadavam de um lado para outro na nossa frente, cheios de curiosidade. Sem medo, só curiosos, virando a cabeça sempre para não nos perder de vista.

Foi uma viagem inesquecível, estes seres ainda cantam na minha memória.

E essa é uma das qualidades do som, acessam memórias, nossos registros de vida. Assim como nossa ancestralidade deixa escrito em nossas células, em nosso emocional, em nossos registros, as suas experiências de vida.

Som é vida. Memória é vida. Voz é vida. No princípio, era o Verbo. Foi o som da emanação de Deus que tudo criou.

E no entanto, tudo foi criado com diferenças, espécies diferentes, minerais, vegetais, animais. Isso falando da matéria visível aos olhos da terceira dimensão. As invisíveis a estes olhos, existem em outro domínio, mas também existem, apenas não se materializam na terceira dimensão.

O mundo dos humanos tem diferentes povos com diferentes formas de se comunicar, diferentes línguas, sons diferentes, mas que dentro de um grupo, formam comunidades, uma identidade comum que os une porque a vida é protegida e ganha sentido em grupo, família, manada. Assim, é o som da vida que emitem é que os define como grupo, espécie.

Se observarmos a linguagem dos diferentes povos, podemos perceber a região da garganta que utilizam para formar a sua linguagem...se gutural, labial, suave, nasal

Exemplo Japão, delicadeza, o francês é nasal, etc.

O mundo da fonética das línguas é um outro fascinante e curioso universo que nos remete a tempos desconhecidos

Mas voltando para a nossa realidade, para nós, neste grupo de humanos brasileiros, terapeutas, estudantes, clientes, o que é o som?

O som é a vida que nos contam ou que contamos, a partir de nossa memória. Sem memória, não haveríamos como contar e muito menos como saber ouvir ou nos comunicar.

É a escuta e a orientação sistêmica que definem este trabalho. Um trabalho de escutar a vida

E como nos chega a vida para escutarmos? Através da voz!

Como diz a mestra Olinda, a voz nos conta a verdadeira razão do sofrimento humano, além do aparente.

Portanto, chegamos à voz, ao som da vida.

E com sua riqueza de modulação vamos passeando pelo universo individual, que é de uma riqueza que só há que agradecer poder entrar em contato.

“A voz é uma espécie de impressão digital da espiritualidade”. Li isso em algum lugar e me ficou gravado. Li neste mesmo lugar que desde os tempos primitivos a voz foi ferramenta para tornar-se um líder, religioso ou protetor de um grupo, um xamã. É o seu poder de emissão que permite chegar a estes postos de liderança. A força que ela emite.

A voz tem uma característica individual.

Embora pareça haver semelhança de timbre, geralmente observado dentro da mesma família, não há duas vozes absolutamente iguais. A voz é uma característica individual que não se repete, tal como a impressão digital ou o desenho da língua.

E a partir daí abre-se um mundo sem fim.  

Porque nunca falamos de um único modo, a voz não é o indicador apenas do corpo físico, mas é o resultado do aspecto cultural, espiritual e emocional de cada um.

Podemos emitir o som de uma palavra de diversas formas, de acordo com nossa emoção, nosso estado de espírito, nossa saúde, nossa idade, nossa espiritualidade.

Emoções: alegria, tristeza, raiva, amor, carinho (falar do meu louro), ansiedade, nervosismo, depressão

Porém, tudo é tão perfeito que para haver escuta e orientação é preciso alguém que ouça e alguém que fale. O Yin Yang. Uma boa terapia é um Yin Yang perfeito

Assim, no momento da escuta, a voz revela quem somos, o que somos, quem fomos e o que seremos...

Dentro do universo musical, quando a voz se reveste de linha melódica e pronuncia as palavras em ritmo e melodia, numa alternância de composição de pausas e sons, cria memórias ou evoca memórias....

 

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Alice Mesquita cantou Cantico Delle Creature.

 

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