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O TRAUMA DE AMAR

O TRAUMA DE AMAR
Simone Belkis
fev. 5 - 6 min de leitura
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Como alguns leitores aqui já sabem, eu sofre de Transtorno de Ansiedade, e falar disso pode não ser exatamente algo muito estimulante, embora seja um tema que precise ser abordado. Somos milhões de ansiosos crônicos no mundo.

Mas, hoje vim abordar um outro aspecto desse mesmo tema. Como imagino que muitos já sabem, nós atraímos aquilo que vibramos, e como tudo o que somos vibra, a ansiedade também é um forte ímã em nossas vidas.

Eu levei anos para perceber que atraio pessoas traumatizadas, como eu, para o meu mundo pessoal e em todos os meus âmbitos relacionais. Mas, existem muitas teses que explicam e até mesmo justificam esse fato. Não é o fim do mundo.

O tema que pretendo abordar é delicado, mas creio que possa ser útil para a percepção de muitos, afinal não posso ser a única (e quem dera fosse) a ser "vítima" do trauma de amar.

Eu me situaria mais na posição de "vítima da vítima", (entre aspas, porque ninguém é realmente vítima, a não ser de sua própria inconsciência). Ou seja, eu tendia a atrair relacionamentos afetivos que carregavam um alta carga traumática, homens que foram "mortalmente" feridos por uma desilusão amorosa. Afinal, sabemos que quando resolvemos repetir padrões, a gente "capricha".

Pois meu drama, quase sempre, foi atrair homens que não falavam de suas emoções e eram ótimos maratonistas na hora de "sair correndo"quando se tratava de assumir seus sentimentos. Brincadeiras à parte, levei um tempo para perceber essa dinâmica.

Primeiro, precisei compreender minha própria dinâmica no padrão traumático do medo de amar.  E para quem desconhece como funciona a dinâmica do trauma, existe um padrão reativo que se repete, sendo simplesmente acionado por um gatilho associado a uma memória traumática, mas isso exigiria uma explicação mais aprofundada sobre o tema. Aconselho aos interessados uma pesquisa mais profunda.

Quando uma pessoa sofre um choque, que pode ser de qualquer tipo, em qualquer área da vida, ela tende a registrar subconscientemente toda a experiência. Bem, na verdade isso acontece com qualquer episódio positivo ou negativo, temos tudo gravado. Mas, quando se trata de algum tipo de ameaça, e aí estamos falando de sobrevivência (seja física ou do ego), registramos com maior profundidade. 

Quando amamos alguém, e com isso quero dizer que abrimos nosso coração, baixamos nossa guarda, tornámo-nos vulneráveis, uma decepção pode ser um dos choques mais terríveis, e isso independente de idade, já que o ser humano médio tende a ser emocionalmente imaturo.

E isso, fatalmente, vai criar um trauma.

É importante esclarecer que alguém pode se traumatizar por bem menos que isso, portanto, deixemos os julgamentos de lado. Quando um homem, com toda a carga cultural e histórica que significar ser homem, sente-se traído, tende a fechar o mesmo coração que antes, sem restrições, havia escancarado. E as consequências disso podem ser mesmo aterradoras. Com as mulheres não é diferente. Vale lembrar aqui que existem n formas de se sentir traído.

Agora, imagine-se você, mulher (e isso vale para os homens também), interessar-se por alguém que a princípio se mostra muito receptivo, apaixonado até, e que de repente, de um momento para outro, (que pode ser de um dia para o outro) muda e, sem grandes explicações ou cerimônias, toma um belo chá de sumiço, ou pior ainda, diz poder apenas lhe oferecer sua amizade e nada mais?! Imagino que algumas leitoras e leitores irão se identificar agora.

Pois é, passei por isso umas vezes. Eu não costumo fugir do que sinto, mas precisava aprender sobre o tema, então os gentis cavalheiros tomavam a nobre tarefa de fugir. E como eu me sentia? Como você se sentiria, caro(a) leitor(a)? Um lixo, é óbvio. Afinal, então, eu era a feia, a dispensável, a incapaz de despertar amor. Haja autoestima para resolver isso.

Foi quando compreendi minha própria dinâmica de trauma, que pude perceber que eu não era a causa e nem o gatilho para a reação de pânico que causei em alguns rapazes (afinal, eu sei que tenho uma personalidade "marcante", hehe). Mas, era o sentimento que aflorava neles que se tornava o gatilho, fazendo com que retornasse a dor da traição por estarem revivendo um sentimento semelhante àquele que foi repudiado, e aí o subconsciente gritava: - De Novo Não!!!

Levei um certo tempo para compreender que era sim uma mulher capaz de ser atraente e até mesmo, porque não, amada. Mas, que por ter um medo crônico de rejeição e abandono, atraia pessoas que espelhavam minhas dolorosas emoções.

Entendi, que por mais que essas pessoas desejassem estar comigo (sabe aquele eterno vai e volta que alguns casais costumam viver?), não conseguiam atravessar os limites do medo, e preferiam abrir mão da chance de acertar, errando sempre. Era o espelhar da dor que se misturava  com as emoções positivas, que já tinham se tornado um risco,  e então amar de novo se tornava perigoso demais.

Você já viu esse filme?

Pois vamos, para encerrar, à moral da história. Essa dinâmica tem como objetivo mostrar que ambos precisam cuidar de sua autoestima, compreender que as pessoas não são iguais, que não somos vítimas, mas "cúmplices" daqueles que nos feriram e que o amor pode, mesmo, dar certo.

Mas, que precisamos conhecer-nos melhor e entender nossas dinâmicas, positivas ou negativas, caso queiramos ser felizes na vida.

 

Unframed appliqued bird with embroidery on to vintage crazy quilt scrap


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