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OBSERVAR OU DISTRAIR?

OBSERVAR OU DISTRAIR?
Marga Maia
jan. 29 - 5 min de leitura
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Eu precisava pagar a moça do mercadinho onde comprei couve e cebolinha para o almoço de memórias de ontem, e por isso fui caminhar depois que os mercadores abriram suas convidativas lojas, deixando à vista tudo o que gostamos, precisamos, usamos e consumimos.

Do lado do mercadinho, uma loja reconhecida na cidade por vender roupas bonitas e caras, estava de portas abertas e os meus olhos fixaram naquele maiô laranja, exposto na vitrine que também exibia com letras grandes na cor vermelha a palavra liquidação.

O pensamento que me assaltou foi: "Deve estar num preço bom". Junto ao pensamento a imaginação... Me vi na praia com um batom laranja e um bracelete colorido, e aquele chapéu que estava junto, e também, com aquela saída de praia branca e esvoaçante.

Curioso é que, como um susto, me lembrei que assumi comigo mesma no dia 1º de janeiro o compromisso de buscar o essencial e me lembrei que uma das coisas que precisava naquele momento era observar o meu movimento no presente, no agora.

Nesse instante percebi que a observação não é um valor ou uma atitude usual numa sociedade consumidora.

Aliás, percebi que a distração tem mais fama e ibope. Hum... interessante: compramos mais quando nos distraímos. Seriam as coisas lindas nas vitrines expostas de forma a nos distrair?

Agora para mim o contrário da observação é distração.

Fiel à minha proposta comigo mesma, pensei: Isso é essencial agora? – Não. Estamos em plena pandemia e você nem está indo à praia. Estou precisando? – Você tem um maiô preto com folhas verdes, cruzado nas costas, muito bonito e que não custou assim tão barato.

Com esse movimento descobri que excluímos, não só pessoas, mas também as coisas. Era o que eu iria fazer com o meu maiô verde usado tão poucas vezes.

Quantos sapatos excluídos, calças, blusas... sempre com uma historinha e uma bela desculpa: vou doar para quem precisa.

Ah, identificando a sorrateira sabotadora! Como me achava o máximo com aquela sacola gigante no final do ano, dispensando um monte de coisas, consideradas naquele momento, inúteis. Pobre coisas!

Depois de ter desistido de considerar aquela vitrine e um pouco mais a frente, vi uma casa de nutrientes do campo, algo assim. Vou confessar a você que lê, eu juro que pensei: Deve existir aí algo que eu esteja precisando, afinal, tenho duas gatinhas e algumas plantas. Achei engraçado quando vi que esse pensamento já vem anexado com a justificativa e isso porque eu disse para mim mesma que só compro o que realmente preciso.

Não foi bem um pensamento consciente, foi um hábito, o de pensar. Vejam só! Olhando as lojas percebi que para cada uma delas a minha mente, o meu ego, tinha uma historinha pronta. Aquele colchão na liquidação também seria bom para as visitas. – Você nem está recebendo visitas e, de mais a mais, já comprou uma cama no ano passado quando suas irmãs Delsa e Celina disseram que iriam passear na sua casa.

Voltei o foco para os meus passos e a minha respiração, um tanto indignada e de certa forma achando tudo muito engraçado.

Como somos condicionados, meu Deus! Tanto mais que podemos imaginar.

Comecei a relacionar esta experiência do impulso de comprar, como outros: o de pensar, de julgar, de falar. Enfim, aos hábitos do dia a dia que nos governam. Sim, somos governados pelos hábitos.

Aprendi que o loop, ou o caminho do hábito, tem uma sequência: a deixa, ou o motivo o que provoca; a rotina, o próprio hábito; e a recompensa, o que ganhamos com isso.

No caso do maiô laranja a deixa foi a vitrine e a palavra liquidação, a recompensa foi a sensação de me sentir linda nele e a rotina seria entrar na loja e: - Posso experimentar aquele maiô? Amei!

Com a observação, mudei o loop do hábito. A deixa foi observar com cuidado o que se passou comigo no momento que olhei para a vitrine; a recompensa foi conhecer mais sobre mim mesma e sentir satisfação ao resistir, e a rotina foi seguir em frente na minha caminhada, aliás, era esse o foco.

Síntese da lição de hoje: Manter o foco como rotina é uma boa, hein?

A recompensa maior foi a alegria de comprovar que a observação é, talvez a principal, via de acesso à nossa verdadeira essência e também à essência das coisas.

E você, tem o hábito de observar ou se distrai com facilidade?

 


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