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Oi mãe!

Oi mãe!
Neiva Maria de Mattos
mai. 10 - 6 min de leitura
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Oi mãe!

“Bença Mãe”

Nem vou perguntar se você está bem, porque tenho certeza que sim.  Ninguém fica mal, estando juntinho de Deus.

E nem vou contar como estou feliz, neste momento, porque sei que você sabe tudo, sabe que minha vida tem dado uma guinada e isso está sendo maravilhoso.

Na verdade, quando falo ou escrevo para você, eu estou fazendo isso para mim mesma! Você já não necessita das minhas palavras.

Olha, estas duas últimas semanas tem sido incríveis. Eu me lembrei muito de você, de quando comecei a trabalhar e fazer outras amizades além da família e da escola, administrar meu próprio dinheiro e, algumas vezes uma ou outra amiga me pedia dinheiro emprestado e você dizia assim: “Amizade é amizade, negócios à parte”.

Eu nunca entendi isso vindo de você, que sempre foi tão generosa. Lembro-me de quando conseguíamos comprar um litro de querosene para colocar nas lamparinas, você dividia com a sua amiga Adyles, que a gente chamava de dona “Fiinha”.  Ela tinha seis filhos igual você e como você, também “lavava roupas pra fora”, para ajudar a sustentar a criançada. Ela também quando tinha uma melancia, uma abóbora, dividia com a nossa turma. Tempos bons aqueles em que a falta de tudo fazia a gente não sentir falta de nada.

Sempre vi você ajudando as pessoas, principalmente com o seu trabalho. Penso que a palavra preguiça nunca fez parte do seu vocabulário.

Lembro-me de quando pegava nossas listas de material escolar e levava para aquela sua amiga que conhecia o dono da livraria e dizia pra ela comprar os materiais e em troca você iria trabalhar tanto tempo pra ela, lavar, passar, cozinhar... o que fosse preciso, mas seus filhos não iam deixar de estudar por conta do ser pobre. De fato, quem não estudou, foi porque escolheu outros caminhos. Parece que estou ouvindo você falando para um dos meus irmãos: “Olha, esse negócio de trabalhar durante o dia e estudar a noite, depois você fica cansado, começa faltar às aulas e acaba desistindo... Mas se você quer assim, não vou falar mais nada”.  E como você se sentia orgulhosa quando meu irmão que estudava no SENAI desfilava nas comemorações festivas da cidade, naquele uniforme branco que você alvejava, como ninguém, ele tocando corneta e a gente aplaudindo feliz. E eu entendi logo cedo que você valorizava muito os estudos, e por honrar você, eu estudo cada vez mais.

Sabe, ia ser muito engraçado se você ainda estivesse neste planeta. Quando eu falasse de Olinda Guedes, você ia dizer: “essa mulher é séria, valente, inteligente, estudada, vale a pena estar junto dela”... Mas se eu lhe mostrasse o Jonas Kass, você diria: “esse menino nem saiu das fraldas e pensa que pode ensinar padre nosso pra vigário”...  “Mas se ele estudou, deve saber alguma coisa, se é que tem o DR na frente do nome”. (será que é por isso que fiz doutorado?).

Pois é mãe, só hoje, com ele eu entendi o significado do “Amizade é amizade, negócios à parte”. Mas se ele conhecesse você, ele ia dizer: “essa velhinha é fera”. Fera... porque se ele dissesse outra coisa, você ia querer lavar a boca dele com bucha e sabão.

Fico imaginando o seu sorriso de satisfação ao ver que eu aprendi ser consteladora e realizo a constelação na água.  Você ia gostar muito disso. Claro que não ia nem querer saber de física quântica, de campo morfogenético, lidaria com isso com aquele misticismo que sempre lhe foi peculiar. Mas que ia gostar, tenho certeza.

Já a Pedagogia Sistêmica não sei se você gostaria, tenho a vaga impressão que você era do tempo da palmatória. Mas não admitiria que alguma professora batesse em um filho seu. Faria um “barraco” uma tempestade, uma guerra, mas nos seus filhos ninguém estava autorizado a tocar com um dedo que fosse. Talvez gostasse do “Eu vejo você”, pois era sempre sensível ao sofrimento do outro. Também poderia gostar de “trazer os seus pais” para a escola, pois embora eu tenha nascido tanto tempo depois dela ter ido morar com Deus, eu praticamente conheci, a minha vó, de tanto ouvir da sua boca o quanto ela era bacana e as suas histórias de perrengues com a madrasta.

Essa “escuta amorosa” que eu fui desenvolvendo como terapeuta, devo ter herdado a semente da sua disponibilidade para o outro. Lembro-me das pessoas que vinham pedir o seu conselho para as mais diversas situações.

Mas o meu sonho hoje, seria poder aplicar em você uma “ loooonga” sessão de Massagem Reparentalizadora Sistêmica. Tocar o seu corpo com afeto e devolver a ele toda a vitalidade empenhada nos mais diversos trabalhos para sustentar os filhos. Tocar seu coração com amorosidade e devolver todo o amor e carinho que você dedicou a sua filharada, aos parentes, amigos e vizinhos. Tocar sua alma, com respeito, para que soubesse o quanto sou grata por tudo que herdei dos meus ancestrais e que chegou até a mim através de você.

Mas, sabe mãe... todo esse “falatório” é só para dizer: FELIZ DIA DAS MÃES!!!  SINTO TANTA SAUDADES DE VOCÊ!!!

 

 

 

 


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