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ORDENS DA AJUDA

ORDENS DA AJUDA
Najla Wanderley Prates
mar. 1 - 6 min de leitura
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Há alguns anos eu estava conversando com um amigo que faz parte de um grupo de apoio à moradores de uma rua na minha cidade e ele me disse uma coisa que naquele momento me chocou.

Ajudar o próximo faz bem, nos faz conectar com os ensinamentos do Cristo, mas nem todos querem ajuda.

Muitos se sentem incomodados e não querem nenhum tipo de ajuda.

Fiquei indignada e questionei.

Como alguém que vive na maior miséria não quer ajuda?

Ele respondeu.

Você só pode ajudar quem quer receber ajuda e você tem que aprender a se colocar no seu lugar, sem julgar.

Mesmo não concordando com meu amigo, calei e por incrível que pareça, só agora começo a entender suas palavras e respeito da sua posição, com muita amorosidade.

Foi por meio dos ensinamentos de Bert que conectei com a verdade que meu amigo, na sua sabedoria, me demonstrava.

Bert afirma que são cinco as ordens de ajuda e elas orientam a maneira correta de como ajudamos uma outra pessoa:

1ª ORDEM DA AJUDA: DAR AQUILO QUE SE TEM E SÓ TOMAR O QUE REALMENTE PRECISA

Quando chega alguém que reclama de uma situação, não quer dizer que está querendo ser ajudada.

Nas intervenções sistêmicas, o terapeuta deve perguntar:

O que realmente você gostaria?

E se a pessoa responder: quero ajuda, não aguento mais viver essa situação.

O terapeuta que está preparado e apto a ajudar a resolver aquela questão se disponibiliza a ajudar o paciente.

Neste exemplo, tanto o terapeuta está capacitado a ajudar porque se preparou para dar aquilo que tem, quanto o paciente quer e precisa da ajuda disponibilizada pela pessoa capaz.

É uma bela forma de compreender esse princípio, ambos querem.

Meu amigo e sua equipe se preparavam para servir a todos e ajudavam a quem queriam receber.   

2ª ORDEM DA AJUDA: TOMAR A REALIDADE COMO ELA É

Mais uma vez remeto ao meu amigo que com sua conduta não insistia na ajuda.  

Ele me faz pensar que eu nem conheço o histórico de vida daquela pessoa e já quero ajudar.

Nesse segundo princípio devemos considerar as circunstâncias da forma que são e ao ajudar, essa ajuda deve ser discreta e certamente terá muita força.  

Muitas vezes as queixas do indivíduo sempre estão vinculadas com o todo, com o contexto em que se encontra.

É importante pesquisar como acontece? De que modo? De que jeito? Desde quando isso existe? Quando começou?

Há um exemplo interessante de uma mãe e paciente que sempre quis ter seus filhos, os ama imensamente, mas não concorda com a forma que se comportam, com malcriação, birras e sem respeitá-la.  

Relata várias situações vivenciadas, diz que quer melhorar o relacionamento com os filhos e lhe é questionado quais as circunstâncias que se encontram.

A mãe descreve a imensa culpa que sempre vivenciou por trabalhar muito, não ter momentos de convivência e querer compensar dando tudo que precisava aos seus filhos além de, ter a sua própria mãe como uma crítica fervorosa à essa mulher tão trabalhadora e empenhada.

Neste momento abre uma visão do contexto: a solução para recuperar o respeito dos filhos para com a mãe é o auto perdão, a capacidade de libertar a má culpa que a fazia sentir-se em dívida com os filhos, visualizar a grande mulher que não abandona seus filhos e luta para criá-los com dignidade.

3ª ORDEM DA AJUDA: A AJUDA DEVE ACONTECER DE ADULTO PARA ADULTO

E mais uma vez meu amigo me emociona com sua verdade. Quando ele não ajuda aquele que não quer ser ajudado, ele o olha como um adulto que quer ser respeitado, não fazendo papel de pai.

Ao ajudar alguém, parte do princípio que são dois iguais que estão partindo para a resolução de um problema, de uma circunstância com respeito, afeto e sabendo que  somos protagonistas da própria vida.

4ª ORDEM DA AJUDA: TODA PESSOA É PARTE DE UMA FAMÍLIA

Acho que meu amigo durante as suas andanças noturnas em ajudar a uma população mais vulnerável não tinha tempo de escutar e conhecer cada história.

Para exemplificar: quando ouvir a queixa de um paciente, não considere apenas no aqui e agora, não identifique apenas como ligado àquela situação apresentada.

Observe também todo o seu sistema, sua história familiar, seus antepassados, seu caminho profissional, considere a sua queixa dentro do sistema.

Com esta conduta há um profundo respeito pela pessoa e pelo seu sistema olhando como parte de um todo.

Vale reforçar a necessidade de nunca colocar o cliente como certo e o seu sistema como errado.

E se possível, lembrar que ele é parte de um todo e como conselho de Olinda:

Se coloque ao lado de quem, contra quem se tem uma queixa, desta forma,  haverá respeito por todos os lados do contexto, olhando o sistema com amor.

5ª ORDEM DA AJUDA: A PESSOA E TODO SEU SISTEMA TEM UM BOM LUGAR EM SEU CORAÇÃO

O que norteia essa ordem é o não julgamento e mais uma vez o meu amigo ajudante me ensinou com suas palavras e exemplo.

Para ajudar alguém deve-se respeitar o destino dela, sem julgamento, sem crítica, sem presunção.  

O terapeuta tem que ser humildade porque há situações que não consegue colocar no coração e certamente não conseguirá ajudar.   


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