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Para sempre

Para sempre
OLINDA GUEDES
mai. 6 - 4 min de leitura
020

Amar-te-ei para sempre    

Uma noite, uma mãe segurava ao colo, com muito carinho, o seu bebé recém nascido, e cantava suavemente esta canção de embalar:  

Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho.  

 O bebé cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez dois anos. Andava por toda a parte, deitava abaixo os livros das prateleiras da biblioteca e abria o frigorífico. Um dia, agarrou o relógio da mãe e lançou-o à sanita.  Por vezes, a mãe desabafava "Esta criança ainda vai pôr-me DOIDA !"  
Mas, à noite, quando o menino dormia, ela entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da sua caminha e contemplava-o no seu
sono.  E vendo que ele dormia profundamente, apertava-o nos braços com muito carinho, e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar:  
 
Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho.  

O menino cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez nove anos. À tarde, nunca queria fazer os trabalhos de casa, recusava-se a tomar banho e resmungava diante da avó. Às vezes, como gostaria a mãe de o despachar para o jardim zoológico!  
Mas à noite, quando o filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que ele dormia profundamente, embalava com ternura aquele rapagão de nove anos nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar: 
 
   Sempre te vou querer,  De noite e com sol redondinho,    E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho.  

O rapaz cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais,  e depressa se tornou num adolescente. Dava-se com colegas extravagantes, usava roupa também extravagante e escutava música igualmente extravagante.  Por vezes, a mãe tinha a impressão que estava num jardim zoológico! Mas, à noite, quando o seu filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono.  
E vendo que ele dormia profundamente, sustinha carinhosamente este colosso nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar:  

Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho.   

O adolescente cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa se tornou num adulto. Deixou a família e instalou-se na outra ponta da cidade.  
Mas, às vezes, em plena noite, a mãe atravessava a cidade de carro. Vendo que todas as luzes estavam apagadas, abria a janela do quarto do filho, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que dormia profundamente, apertava com ternura aquele homem nos braços, e cantava-lhe muito baixinho esta canção de embalar: 
 
Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho.  

A mãe foi envelhecendo, envelhecendo cada vez mais.  Um dia, telefonou ao filho e disse-lhe " Devias vir. Estou velha e doente." Então o filho foi vê-la. Mal ele entrou, ela quis cantar-lhe a sua canção de embalar. E entoou:  

Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho….
 
 Mas não conseguiu acabar.  Estava demasiado velha e muito doente.  
O filho correu para a mãe, embalou-a com ternura nos braços, e cantou-lhe suavemente esta canção de embalar:  

Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serei sempre o teu filhinho.  

Nessa noite, de regresso a casa, o jovem hesitou muito tempo no último degrau da escada. Em seguida, entrou no quarto onde a filha pequena dormia.  Tomou-a carinhosamente nos braços e cantou-lhe muito baixinho esta canção de embalar:  

Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre a minha filhinha.   

        
Robert Munsch ; Sheila McGraw (ill.) Je t’aimerai toujours Ontario, Firefly Books, 1989 (Tradução e adaptação) da página Margarida Botto Semedo


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