Às vezes, uma crônica dá à luz outra crônica. Eis o comentário da Debora M. Souto à crônica da semana passada:
“O ser humano vive todos os seus relacionamentos no egoísmo de reter o outro ao seu lado e teme que os filhos adotados já adolescentes logo se vão, viver suas vidas. O que ainda não compreende é que o amor não se trata de proximidade ou posse. Amor é algo seu, de dentro, independe da proximidade, da posse, ou da existência do outro. E se tu perpetuares em qualquer ser do mundo o teu real amor, é algo inapagável para sempre, nele e em ti. Ser pai não é ser dono de um ser que seguirá um script com coisas que tu planejou, ser pai é doar amor, e sonhar juntos apontando o horizonte e saber que, enquanto o filho se afasta para trilhar seu caminho, você vai, dentro dele, e ele fica, em ti”.
Pronto! Adotei o texto da Debora.
Maria Montessori disse: “Ajude a criança a fazer sozinha. A inteligência da criança observa amando e não com indiferença - isso é o que faz ver o invisível”.
Faço eco à Montessori: “Ajude o filho a fazer sozinho”.
É importante que os filhos aprendam a ter independência e que já, desde qualquer idade, possam explorar, sem medo, o ambiente em que vivem.
O amor é inapagável. Não é proximidade ou posse, não é ser dono, nem exigir que o filho siga um script planejado. Ser pai é doar amor, sem querer nada, absolutamente nada, em troca. Ser mãe é ir dentro do filho. Não tem a ver com consanguinidade. É sonhar juntos apontando horizontes. Pais são aqueles que ajudam os filhos a crescer, mas deixam que sejam eles mesmos.
O segredo é cuidar do jardim. As borboletas virão.
Os filhos partirão, mas ficarão em nós.
E, quando houver tristeza, ela se fará poema.
Ser pai e mãe é de dentro. Amar é de dentro. Eu só quero agradecer aos meus pais Loreno e Maria Anna. Eu só quero agradecer aos meus filhos Júlia, Murilo e Mariana. São uma bênção inapagável neles e em mim. É - disse Manoel de Barros - passar a mão nos cabelos de Deus.
Texto de