Contam que pra nascer
Não esperei hospital,
Nem tampouco a parteira,
Em noite de temporal,
Meu coração apressado
Já pulsava, natural.
Com peia farta, cresci,
Mas nem tanto em estatura,
Outras coisas eram precárias,
Uma vida meio dura,
Mas o coração pulsava
Com uma batida bem pura.
Me diziam que o pobre
Não precisava estudar
E quem estudava muito
Poderia endoidar,
Mas o coração, pulsava
Ali querendo teimar.
Que a gente não era nada,
Só servia pra doméstica,
Uma profissão honrada,
Mas dura feito a moléstia,
Mas o coração, pulsava
Com essa vida perversa.
Pra namorar, tinha lei!
Tinha que o rapaz ser branco,
Mas teimosa como era
Jogava a ordem pro canto
Porque o coração pulsava
Vendo nas cores, encanto.
De Deus, nunca esqueci,
Nem do lugar de origem,
Pois acho que todo ser
Que respeita suas raízes
Tem o coração pulsando
Com batidas mais felizes.
Hoje, minha opinião,
Quando analiso um fato,
Descobrindo o meu erro,
Da situação, eu parto,
Ouvindo o coração
Dizendo: Aqui eu bato.
Aos filhos, tenho respeito,
Também, admiração,
Se não concordo com algo,
Fico atenta, de antemão
Com o coração pulsando
Pra me dar a direção.
Lá dentro de minha casa
Sempre fui autoridade,
Sem precisar gritar isso,
Nunca vi necessidade,
Pois o coração só pulsa
Com respeito a liberdade.
Não sou exemplo pra outros,
Só sigo minha missão,
Sendo feliz do meu jeito,
Agindo com o coração,
Que é a bússola mais certa
Pra encontrar DIREÇÃO!
(Maria Luísa Alves, professora, poetisa em Beberibe-Cascavel/Ce)