Quando não conseguimos chegar em nenhuma direção, como nos sentimos depois de algum tempo?
Desesperados.
A palavra duvida contem dois (Zweifel), zwei (dois) que não conciliam porque cada um deles pressiona numa direção diferente.
Qual é o resultado? Nosso caminho não avança em nenhuma das das direções.
Qual seria a solução? Evadirmos- nos do dilema da dupla atração, tomando uma terceira direção?
Voltamos a um comum. Olhado de fora, ele se apresenta como um três, como um terceiro caminho: portanto, como pai, mãe e filho. Entretanto, esse três aparente é um novo um, no qual as oposições dos dois se fundem numa unidade. Com ela cessam a duvida, a discórdia e o desespero.
Portanto, de que nos desesperamos? Daquele dois que perdeu a unidade tanto a unidade interior, pela origem comum, quanto a unidade posterior, em que os dois voltam a conciliar-se no um.
Quem se desespera, principalmente? A criança, sem seus pais, o marido, sem sua mulher, a mulher, sem seu marido.
Somos também desesperados de Deus? Queremos chegar a ele mas não conseguimos?
Quem é que Deus representa para nós? Representa a mãe perdida ou o pai perdido? Representa o parceiro ausente, como frequentemente acontece aos que querem chegar a Deus por meio de renuncias? Nesse caso, Deus continua sendo origem comum de todos os seres? Ou o dividimos em dois, a partir dessa origem comum, e por isso nos desesperamos?
Como podemos suprimir a dualidade entre Deus e nós? Abandonando a dualidade e retornando a unidade comum a todos. Assim fazendo, suprimimos o fator separação entre nós na terra, e entre nós e Deus, sob todos os aspectos.
Bert Hellinger
Desesperados
Trecho de livro: As igrejas e o seu Deus.