Virou automático dizer que "a primeira impressão é a que fica". Hoje eu refletia sobre como ela pode ser limitadora em muitos aspectos. Vou ficar com a parte que eu considero essencial.
Nos dá uma sensação de segurança continuar acreditando que as coisas não mudam, que as pessoas não mudam, que o tempo não passa. É muitas vezes mais fácil que olhar nos olhos do novo e abrir-lhe as portas, pois o novo é o mistério. E o novo, claro, assusta, porque ele exige de nós muitas vezes a humildade de recomeçar, arejar o olhar, mudar a forma de ver. Quando acreditamos que a primeira impressão é a que fica, excluimos, de alguma forma, da nossa vida, o nosso bem mais precioso: o tempo. Ignoramos a sua força e nos colocamos talvez um pouco acima dele. O próprio tempo cuida da nossa arrogância, e a consequência, com o tempo, percebemos: perdemos o bonde da experiência, ficamos presos nas nossas ideias antigas, presos nas nossas lealdades.
A solução aqui, me parece, é alinhar-se humildemente com a nossa mãe e agradecer-lhe pela vida, pelo tempo. Em paz com a mãe, em paz com o tempo. E o efeito disso é que a primeira impressão ganha seu real status, transformando-se apenas em uma primeira impressão. Fulgás, como o tempo. E apenas o primeiro sinal que podemos nos abrir para todas as outras possíveis impressões que uma pessoa ou um lugar pode nos causar.
Leo Costa
*Foto tirada na vila de Baixio, litoral norte da Bahia, durante a tradição das Caretas de Lama. Por Leo Costa