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Quando ajudar é um desserviço

Quando ajudar é um desserviço
Simone Belkis
jul. 31 - 4 min de leitura
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Eu tenho tido uma experiência frequente nesses últimos tempos, estou observando pessoas, histórias e até comigo mesma, situações em que me questiono até que ponto vale a pena ajudar o outro. Eu já escrevi aqui um texto* falando sobre a necessidade de compreender e respeitar a capacidade do outro de aceitar (ou não) nossa boa vontade em ajudar.

Pois agora, venho falar sobre o oposto. Até que ponto é válido ajudar aqueles que não se mostram capazes de retribuir? Você pode pensar que estou questionando se o outro merece ou não, e desde já explico que não é disso que se trata. O que quero dizer é: - Vale a pena criar no outro uma dívida que ele não pode pagar?

Esclareço melhor, algumas teorias psicológicas nos ensinam que o ser humano tem naturalmente a necessidade de retribuir, você já deve ter reparado em si mesmo (a) que quando alguém lhe faz um favor, sente a vontade de fazer algo em troca. Claro que existem os casos em que as pessoas não se sentem obrigadas e até acham que  os outros lhes devem mesmo tudo. 

Não sei exatamente porque, mas é bem verdade que o ser humano parecer estar se tornando cada vez mais mal agradecido. Está exigente demais para com as obrigações alheias, enquanto busca aliviar seus próprios deveres.

Temos tidos exemplos absurdos disso na Pandemia, onde os profissionais de saúde não apenas deixam de receber agradecimentos, como passam a receber agressões.

Mas, o que acontece quando damos demais? A Constelação Sistêmica explica (e  como sempre, deixo claro que essa é uma interpretação minha a respeito do que compreendo sobre o tema, e não a verdade absoluta) que quando damos ao outro, ele se afasta para poder voltar e retribuir, e assim segue o jogo da vida. Quando damos demais ou oferecemos algo que se torna pesado para o outro, sua tendência então é se afastar para não voltar.

Partindo desse entendimento, eu penso que quando ajudamos pessoas sem esperar nada em troca, fazemos um bem a nós mesmos, mas talvez não ao outro. E por quê? Porque criamos uma dívida, ele precisa trazer o equilíbrio e se não consegue, afasta-se. 

Isso parece complexo, porque você pode perguntar como saber se está dando demais e o que deve fazer para que isso não se torne um peso para o próximo. Eu entendo que isso pede observação e discernimento. É bem verdade que já se tornou mesmo cultural fazer demais pelo outro, e as novas gerações estão aí para provar isso, estão se tornando adultos que não sabem cuidar de si mesmos.

Então, ao meu ver, essa é a questão, para que devemos fazer até sacrifícios tentando ajudar ou poupar o outro de sofrer suas próprias dores, aprender com seus próprios erros, e depois, ainda culpar-nos por que não entregamos a eles exatamente o que esperavam? Essa é uma forma de criar uma dívida.

Eu diria que isso é um alerta para pessoas como eu, que sempre me senti no dever de prestar serviços ao próximo (sou virginiana), mas comecei a perceber que estava excedendo os limites do aceitável e prestando um desserviço.

É importante entender que a postura do "devedor" vai apontar até onde podemos ou devemos ir quando se trata de prestar um serviço ao outro, seja em qualquer contexto da vida, afinal como expus no texto citado acima, nem todos podem ser ajudados na medida do que temos para oferecer. Às vezes, porque aquilo que podemos dar não é exatamente o que se quer ou precisa, às vezes porque as pessoas esperam que façamos por elas e, outras vezes, porque passamos do limite mesmo, tentando controlar ou manipular o outro.

Precisamos pensar que amar o próximo, às vezes, é deixá-lo "quebrar" a cara. 

*https://sabersistemico.com.br/manage.app#!/content/articles/5ecd67ca3f744e74026271f8


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