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QUANTO CUSTA?

QUANTO CUSTA?
OLINDA GUEDES
abr. 25 - 4 min de leitura
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"Preciso de um profissional muito competente.   Posso investir somente cem reais!"

Então, como sempre faço, perguntei qual era o assunto, o problema, o objetivo a ser alcançado.  Como toda mãe aflita, ela descreveu a situação com detalhes:

"Meus filhos sofrem, todos sofremos. Sou casada há 25 anos, e eles brigam desde que nasceram. Meu filho é bordeline, já tentou suicídio 7 vezes. Tem uma criança com cinco anos, faz sofrer minha netinha. Já não sei mais o que faço! Não temos paz, sossego, alegrias na família. É só confusão. É meu sonho ter solução para isto!"

Procuro calçar as sandálias do outro, como bem ensinou nosso amado Jesus de Nazaré. Pensei em nossa família e algo que equivalesse.   Meu coração, pensamento veio diretamente para  a Nina. Porque ela é aqui para nós o que talvez esse filho é para aquela família. Alguém que carrega um destino tão difícil que exige tudo de nós.

Lembrei quando ela chegou.  Ao me deparar com a realidade, com a gravidade da situação, procurei os melhores profissionais.  O tratamento, as soluções que temos encontrado tem nos levado a ouvir  tudo o que um coração de mãe quer ouvir:

- Paralisia Cerebral Severa?! Uai, nem parece!

- Nina?!  Não, não pode ter nascido com 24 semanas e ter tudo isto aqui do diagnóstico.  Ela é muito bem desenvolvida.

- O quê?!  Não, não pode ser.  Ela canta, corre, toca violino, fala inglês.

Outro dia, Dr. Maeda, o neurocirurgião maravilhoso que nos atende, disse:

- É!  A vida surpreende a medicina.

Eu amo simplesmente ouvir estas palavras destes profissionais incríveis que nos atendem.

Isto tem um custo alto? Claro que tem.  Cada um destes profissionais batalharam, investiram muito para serem tão geniais  e acertarem tanto.  Sou grata a cada um deles. Sem exceção! Nunca pedi desconto, nunca!

Talvez vocês estejam pensando: Claro, você ganha super bem.  Isto também é verdade.  Sou muito bem remunerada, graças a Deus.  Estudo desde criança, amo o que faço. Sou capaz de curar fobia em uma única sessão, tenho agenda lotada, precisaria ser cinco ou seis pessoas para dar conta de tanto.

Talvez o que poucos pensam é que tenho sete filhos e que procuro proporcionar o melhor para todos eles em relação ao futuro.

Desde que Nina chegou comprei apenas uma blusa para mim, um dia esqueci da realidade e simplesmente, ligada nos tempos de solteirice de filhos, entrei na loja e pumba, passei na gaita, como dizia minha querida avó. 

Bem, então, o tratamento de Nina custa para nós uma faculdade de medicina.  Então, lá vem novamente minhas ideias e o que muitos questionam nas raras vezes que compartilho isto: Uai, não tem plano de saúde?

- Temos sim, respondo.   Completo, a título de respeito aos profissionais incríveis que nos atendem.   Os convênios (seguros saúde) não os remuneram na proporção que eles necessitam (merecem!).  

Nem continuamos o assunto, porque a maioria não se interessa pelo equilíbrio entre o dar e o receber. Querem o máximo e oferecem o mínimo.

Voltando  ao assunto da pessoa que me procurou.

Ela é professora de empregos federais, doutora. Quer resolver isto para poder ficar em paz, porque desde os 13 anos do filho não tem sossego. Ele sempre foi agressivo, nesta idade piorou, tentou suicídio.

Não, não vou continuar no assunto.

Fiquei com vontade de abraçar este garoto, tão triste história.  Jesus, tende misericórdia dos filhos.  Porque alguns sofrem muito, muito mais que outros.

Algumas pessoas tem a ilusão de ter pais, mas só tem genitores.  Deixa quieto isto!

Estou é com vontade de chorar.

Este mês declaro imposto de renda.  Nada de lucros a declarar. 

Os meus tesouros estão todos lá. Sete CPFs em minha declaração. Oito com o meu.

Paro aqui.

 

 

 

 

 


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