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QUE SE FAÇA A EDUCAÇÃO

QUE SE FAÇA A EDUCAÇÃO
Maria Seleta da Silva Machado
jan. 29 - 4 min de leitura
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A escola brasileira da segunda metade do século XX era rígida e engessada, como exigiam os comportamentos político-econômico e sociais dos tempos da ditadura. A ordem era mantida a revelia do equilíbrio, as cobranças extrapolavam o bom senso e havia opressão desmedida.

Crianças e adolescentes eram fortemente vigiados e castigados. Os alunos não eram acolhidos em suas limitações, não havia liberdade de expressão. 

A dedicação aos estudos era a certeza do orgulho dos pais, da alegria da família.  O esforço e o respeito as regras seria recompensado com o sentimento de pertencer, de ser visto e de triunfar, esse era o grande conforto.

Aos que não se adequavam ao sistema ou que tinham limitações neurológicas restava o sentimento de exclusão, comportamentos discriminatórios dos colegas e professores, a evasão, o sentimento de fracasso pessoal e dos familiares. 

Nas séries iniciais havia escola rural, onde uma única  professora dava aulas para cinco turmas simultâneas, em uma só sala. Era ela que encabeçava e operacionalizava todas as decisões. Assim, ela decidia acerca das matrículas, da demanda da turmas, das aulas, da limpeza da escola, fazia a merenda, organizava as festas cívicas, fazia os ensaios, preparava a catequese, levava para a primeira comunhão etc.

Os alunos eram avaliados com muito rigor e inflexibilidade. Havia as sabatinas e as leituras surpresa. Se a criança lesse sem dar nenhuma paradinha, tivesse boa letra, cumprisse 100% das exigências e obvisse boas notas no exame do final do ano, era dito "adiantada" e "passava de ano"; mas se gaguejasse, tivesse caderno com "orelhas", não soubesse fazer as lições, era "burro" e "rodava". Assim, eu estudei até o 4º ano primário.

Alguns pais autorizavam cruéis castigos, entendiam que seus filhos não aprendiam por serem teimosos e/ou preguiçosos. Queriam para seus filhos uma vida que não puderam ter, que não lhes foi dada a oportunidade.

As reprovações eram repetidas ano após ano, frequentemente pelos mesmos "preguiçosos" alunos. Alguns chegavam a conclusão de que não aprenderiam a ler e escrever e se evadiam. Outros paravam os estudos no 4º ano, pois não se julgavam competentes para seguir adiante. 

A escola brasileira carrega esse corpo de dor, sofre com as lembranças e os vícios da educação amarrada às condições políticas e socioeconômicas de outros tempos.

As mudanças nas normas de diretrizes e bases da educação propostas nas últimas décadas, têm sido mais para as prateleiras do que efetivamente para os bancos escolares.

Os projetos governamentais são desconectados das realidades locais e, sobretudo, carecem de fiscalização para que se cumpram minimamente. 

Parafraseando a mestra Olinda, pouco se tem olhado para as famílias, para o que traz quem chega à escola.

Buscamos a competência sem olharmos o histórico familiar das crianças. Quais são suas habilidades individuais, suas competências, suas capacidades? Quais são seus talentos?

Que não traçamos objetivos coletivos para seres individuais.

Estamos carentes de um maior comprometimento dos vários segmentos da educação escolar. Que nossos governantes estejam não apenas conscientes de que só através da educação o país alcançará índices efetivos de desenvolvimento social e econômico, mas que acima de tudo haja vontade de fazer. Que os comportamentos egóicos e as estatísticas não imperem sobre a cultura e os saberes. Que a ciência não seja confundida com ideais midiáticos e de poder. 

Que nossas escolas tenham espaços físicos mais acolhedores e humanizados, que as equipes gestoras tenham mais autonomia e trabalham com competência. Que se criem estratégias para a vitória do conhecimento e do saber.

Que a harmonia entre as pessoas e que a dedicação pelo crescimento prevaleçam num ambiente onde os alunos desejem estar, que suas famílias sejam chamadas a colaborar, que os professores sejam respeitados.

Que se faça a educação!

 


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