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QUEM AGARRA NÃO ACARICIA

QUEM AGARRA NÃO ACARICIA
Silvia Rosana Villas Boas
dez. 7 - 3 min de leitura
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A mão, órgão humano por excelência, serve tanto para acariciar como para agarrar. Mão que agarra e mão que acaricia são duas facetas extremas das possibilidades de encontro inter-humano.

Luis Carlos Restrepo

Agarrar é expressão do poder sobre algo, da manipulação, do enquadramento do outro ou das coisas ao meu modo de ser. Numa reflexão cultural mais ampla, a mão que agarra corporifica o modo de ser dos últimos quatro séculos, da assim chamada modernidade.

O eixo articulador do paradigma moderno é a vontade de agarrar tudo para possuir e dominar.

Todo o continente latino-americano foi agarrado e praticamente dizimado pela invasão militar e religiosa dos ibéricos. E veio a África, a China, todo o mundo que se pôde agarrar, até a Lua.

Os modernos agarraram dominando a natureza, explorando seus bens e serviços sem qualquer consideração de respeito de seus limites e sem dar-lhe tempo de repouso para poder se reproduzir. Hoje colhemos os frutos envenenados dessa prática sem qualquer cuidado e ausente de todo sentimento de carícia para com o que vive e é vulnerável.

É urgente nos dias de hoje resgatar nos seres humanos a dimensão da carícia essencial. Ela está dentro de todos nós, embora encoberta por grossa camada de materialismo, de consumismo, de futilidades. A carícia essencial nos devolve a nossa humanidade perdida. Em seu sentido melhor reforça também o preceito ético mais universal: tratar humanamente cada ser humano, quer dizer, com compreensão, com acolhimento, com cuidado e com carícia essencial.

A mão que acaricia representa a alternativa necessária: o modo de ser cuidado, pois:

A carícia é uma mão revestida de paciência que toca sem ferir e solta para permitir a mobilidade do ser com quem entramos em contato

Restrepo

Assim como a ternura, a carícia exige total altruísmo, respeito pelo outro e renúncia a qualquer outra intenção que não seja a da experiência de querer bem e de amar. Não é um roçar de peles, mas um investimento de carinho e de amor por meio da mão e da pele.

O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado. Assim como a estrela precisa de uma aura para brilhar, da mesma forma o afeto necessita da carícia para sobreviver.

É a carícia que confere concretude ao afeto e ao amor.

É a qualidade da carícia que impede o afeto de ser mentiroso, falso ou dúbio. A carícia essencial é leve como um entreabrir suave da porta. Jamais há carícia na violência de arrombar portas e janelas, quer dizer, na invasão da intimidade da pessoa.

Leonardo Boff - A carícia essencial que resgata nossa humanidade


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