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QUIRON - O CURADOR FERIDO

QUIRON - O CURADOR FERIDO
Márcia Regina Valderamos
fev. 12 - 7 min de leitura
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O mito de Quíron representa a essência das ciências da saúde. Ele fala de um personagem que se dedicou a curar os males do corpo e da alma pela sua grande compaixão pelos outros. É também uma metáfora que mostra como ajudar alguém pode nos salvar do nosso próprio sofrimento.

O mito de Quíron, ao contrário de outros mitos, fala de um centauro sábio, nobre e habilidoso, muito diferente dos outros centauros.

Na mitologia grega, os centauros eram criaturas com a cabeça e o tronco humanos e o corpo de um cavalo. Em geral, eles eram seres impulsivos e basicamente selvagens.

Diz-se que o mito de Quíron está intimamente relacionado às profissões de médicos e psicólogos.

De fato, a palavra “Quíron” significa etimologicamente "hábil com as mãos" ou "aquele que cura com as mãos", portanto, podemos também pensar nos fisioterapeutas, massagistas, terapeutas sistêmicos, doulas, pessoas rezadeiras, benzedeiras, etc

No entanto, ele também é conhecido como “o centauro ferido”, um símbolo daqueles que sabem como ajudar, mas que também sabem pedir no momento certo. 

Há muito de humano no mito de Quíron. Ele enfatiza a importância do reconhecimento mútuo das vulnerabilidades como fonte de compaixão.

Fiquei pensando em como o que a Mestra Olinda fala durante as aulas de  Florais de Bach tem a ver com esse mito, principalmente com relação ao floral Centaury.

CENTAURY ou ERYTHROEA (AVERMELHADO), CENTAURIUM (CENTAURO), indicado para as pessoas delicadas, silenciosas e suaves, que vivem ansiosos para agradar o próximo; como diz nossa Mestra, esse é o floral para as pessoas que sofrem demais, que servem como escravos e se deixam explorar, se colocando em último lugar na escala de importância na vida. 

No mito de Quíron a história conta que esse personagem começa já com bastante sofrimento, quando o titã Cronos, filho de Urano, veio à Terra em busca de Zeus. Ele encontrou uma oceânide chamada Filiria, filha de Oceano e Tétis. Cronos se apaixonou perdidamente por ela e começou a assediá-la de maneira exagerada.

Desesperada com esse assédio, Filiria pediu a Zeus que a transformasse em uma égua, para que o titã irritante a deixasse em paz. No entanto, Cronos descobriu a astúcia da oceânica e se transformou em um cavalo para possuí-la. 

Atormentada pela situação, Filiria fugiu e foi para as montanhas dos Pelasgos.

Naquele lugar remoto, ela deu à luz seu filho. Dizem que, assim que o viu, deu um grito de espanto ao ver o ser estranho que nascera após um parto difícil. Ele era uma criatura meio homem, meio cavalo, e ela imediatamente o rejeitou. 

Então, novamente ela recorreu a Zeus e lhe pediu para transformá-la em uma árvore para não ter que amamentar o seu filho. Zeus a atendeu e a transformou em uma tília.

Portanto, Quíron foi concebido de forma violenta, opressora, aviltante e sofreu,desde então, a rejeição e exclusão por parte da genitora e do genitor, do qual nem mais se lê nada sobre na história. Fatos que me remetem ao que a Mestra explica sobre a origem do sofrimento das pessoas tipo Centaury: orfandade de pai, de um pai forte, seguro, que as defendesse. Abandono e desamparo por parte das figuras parentais.

Quíron foi abandonado ao lado de uma árvore, mas os deuses Apolo e Atena tiveram pena dele e o adotaram. Aqui se vê a ressignificação da parentalidade e uma constelação, onde Quiron toma os pais que o incluem e que se tornam seus guardiões, o validam, protegem e amparam, possibilitando a ele as oportunidades para exercer seus dons.

Sob sua orientação, ele cresceu como um ser gentil e sábio, interessado em diferentes artes, mas especialmente na medicina. Ficava muito feliz por proporcionar alívio àqueles que sofriam e força espiritual para os moribundos. 

Centaury Bach Flower Essence Stock

Apesar de ser um centauro, não foram seus aspectos selvagem e hostil que os pais Atena e Apolo incentivavam e sim as qualidades positivas e funcionais. Como temos nas palavras chaves desse floral:

  • Negativas = servil, subserviente;
  • Positivas = assertivo, forte.

Foram incentivadas nele a bondade e a empatia e não a raiva e ressentimento por ter sido excluído e rejeitado pelos genitores.

Quiron se desenvolveu e cresceu altamente qualificado nas artes de cura e logo se tornou famoso. Muitos pediam a sua ajuda e os seus conselhos.

Diz-se que Quíron salvou um herói chamado Peleu. Este recebeu um presente de Hefesto, deus do fogo: uma espada maravilhosa. 

Peleu então seduziu a esposa de um homem conhecido como Acasto, que armou uma armadilha para se vingar dele. Acasto o enganou levando-o para uma suposta caçada. Quando eles estavam longe, roubou a sua espada e o deixou à mercê dos centauros que, em geral, eram muito selvagens.

Quíron conseguiu salvá-lo e, desde então, eles se tornaram grandes amigos. Peleu tinha um filho chamado Aquiles. A sua mãe, Tétis, queimava todo o seu corpo e depois o cobria com artemísia (Ambrosia Artemisiifolia) pois acreditava que isso o tornaria imortal. 

Irritado com esse ritual, Peleu pegou o seu filho sem esperar que Tétis cobrisse o seu calcanhar com esse elixir e o entregou a Quíron para que ele o educasse. O centauro notou que o calcanhar do garoto estava queimado e a primeira coisa que ele fez foi pegar o osso do calcanhar de um gigante e colocá-lo no lugar da ferida. Assim nasceu o famoso “calcanhar de Aquiles”.

O mito de Quíron diz que ele foi ferido acidentalmente por Hércules, que era um de seus grandes amigos. O herói estava lutando com outros centauros e, sem querer, atirou uma de suas flechas contra ele, ferindo-o em uma das pernas, na região do joelho.

O centauro começou a se contorcer de dor; no entanto, nesse momento, ele recebeu a imortalidade. Dessa forma, ele poderia sofrer, mas não morrer. A ferida nunca cicatrizou e nunca parou de doer. Isso o fez implorar aos deuses a oportunidade de renunciar à sua imortalidade, a fim de morrer e escapar de tanto sofrimento.

Os deuses o ouviram e o mito de Quíron conta que ele finalmente cedeu a sua imortalidade para Prometeu, um titã que foi salvo do sofrimento graças a esse presente significativo. Por causa de sua bondade e vida exemplar, as divindades decidiram transformá-lo em uma constelação para que ele brilhasse para sempre no céu.

Antes porém, o herói forte e sempre disposto a servir teve que se dobrar de joelhos à dor que sentia e se render a mortalidade para poder brilhar de verdade.

Essa é uma lenda linda, poética, que possivelmente nosso amado Dr. Edward Bach conhecia, pois o nome desse floral tão necessário para a humanidade (CENTAURY  - ERYTHROEA  CENTAURIUM) expressa toda a profundidade de quem veio a esse mundo com a missão de ajudar, tratar, curar, quem não sabe dizer não, pessoas que estão sempre a serviço, apesar de serem criaturas tão sofridas, ou exatamente por isso mesmo.

 


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