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Relações abusivas e enxaqueca

Relações abusivas e enxaqueca
MARINA BORGES AUGUSTO
ago. 24 - 3 min de leitura
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O amor é um sentimento realmente engraçado... Proporciona-nos muitas euforias, deleites e, ao mesmo tempo, muitas dores e confusões.

Do que você seria capaz por amor?

Talvez reviver relações de seus antepassados, carregar doenças, repetir padrões?

É, eu transbordo amor.

Minha infância foi marcada por muito amor da parte de minha mãe e muita incompreensão por parte de meu pai. Chamo hoje de incompreensão, mas por anos chamei de falta de amor.

Meu pai sempre foi uma pessoa explosiva, fechada e agressiva. Ele nunca conseguia se expressar e um problema pequeno dentro de casa acabava tomando dimensões gigantescas e desproporcionais pelo jeito dele. 

Cresci vendo meus pais brigarem e sem o devido carinho de meu pai.

Fui politizada desde muito nova. O interesse por filosofia, psicologia, história e humanidades veio cedo, mas, apesar de tanto saber teórico eu me enfiava em relacionamentos abusivos.

Eu não conseguia admitir para mim mesma que  eu me permitia viver aquilo porque "se meu próprio pai não me respeitava e não me 'amava', os demais homens não teriam que fazer".  Eu engolia à seco os desaforos e me humilhava para não perder os namorados.

Já fui bater na casa do namorado de pijama, para ele não me deixar. Acredita?

Pois é.

Verdades duras de engolir, mas que são estritamente necessárias a nossa evolução.

Eu cobrava muito de meu pai (assim como cobrei de namorados) coisas que ele não poderia me dar; não porque não quisesse, mas porque não sabia. 

Nossa relação melhorou muito após muitas conversas, e, acima de tudo, compreensão. Ele nunca será quem eu espero que ele seja, pois ele é ele.  Da mesma forma que eu sou eu.

Minhas relações afetivas melhoram? Bom, a carência foi-se embora, e agora só fica realmente quem for para somar.

Além desse vínculo de amor interrompido que tive com meu pai, enxergo a causa da minha enxaqueca.

Minha mãe é o amor da minha vida. E, assim como ela, assim como minha vó, assim como minhas tias, assim como minhas primas, sofro de enxaqueca.

Parece que a cefaleia é que nos une, é que nos torna membros efetivos da família. 

E, claro, com o exacerbado amor, eu não poderia ficar de fora dessa (mas ficarei, porque não preciso ter enxaquecas para honrar meus antepassados).

Recentemente, descobri que a minha vó passou a ter enxaquecas quando engravidou de uma tia minha. Parece que a nossa enxaqueca está ligada com a nossa fertilidade, com nosso ciclo fértil. Cessando-se com a tenra idade e o advento da menopausa.

Minha família é composta de mulheres fortes, que nunca precisaram de homem para absolutamente nada. Porém, ao mesmo tempo, sempre estiveram em relações afetivas conturbadas com homens brutos (tipo meu pai).

Falando assim, até parece que a enxaqueca no período fértil representa uma reação à fragilidade feminina, como se isso fosse nos deixar (ainda mais) inferiores.

Vovó, mamães, titias e primas, eu realmente amo vocês, admiro-as, mas a nossa feminilidade não precisa ser dolorida ou afastada.

Estou em paz e aceito o meu lado feminino. 


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