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REZANDO COM UM CORAÇÃO SISTÊMICO

REZANDO COM UM CORAÇÃO SISTÊMICO
Neiva Maria de Mattos
jan. 25 - 8 min de leitura
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Hoje lembrei-me que Bert Hellinger foi sacerdote, teólogo, filósofo, além de outros muitos estudos. Mas o que me importa no momento é que ele conhecia muito bem os Evangelhos e toda a Sagrada Escritura, a partir de uma visão judaico-cristã e claro, de uma tradição católica.

Ah! Como as suas orações e as meditações que brotavam no silêncio do coração deveriam ser permeadas pelos saberes que aqui estamos chamando de “saberes sistêmicos”.

É impossível que uma pessoa com a experiência de vida e o conhecimento de todos os estudos realizados, num determinado momento não encontre o ponto de fusão, de congruência em tudo isso.

E porque penso nisso? Porque hoje comecei a rezar, como faço sempre, principalmente nos tempos fortes de oração e silêncio, chamados Retiros. E durante as minhas orações as informações sistêmicas iam invadindo as minhas reflexões, povoando as meditações e desenhando novos elementos nas contemplações. Sem que eu fizesse nenhum esforço, elas simplesmente vinham e ficavam e assim completavam as minhas orações.

Rezei Atos dos Apóstolos, capítulo 3, versículos de 1 a 26, pedindo a Graça de ser testemunha do Ressuscitado. Esse trecho conta a história de como Pedro cura um homem doente na entrada do templo.  As frases escritas em negrito são tal qual estão na Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, da Paulus Editora, que estou utilizando neste momento.

Pedro e João... subindo ao templo para orar... subir é um verbo muito significativo, lembra positividade... o coxo de nascença... o aleijado, o deficiente, o doente, o pobre...pedia esmolas. Aquele que vivia de sobras... viu Pedro e João... o VER é algo tão importante para a solução dos problemas. É preciso ver para pedir o que se precisa. E ele então pediu uma esmola...Pedro e João olharam bem para o homem... numa verdadeira atitude de “Eu vejo você” e Pedro, o líder, o mais velho, o que veio primeiro toma a atitude e a palavra e diz olhe para nós. O homem olhou os dois com atenção... quando os olhares se encontram, quando os discípulos olham para o pobre com o olhar de Jesus, o milagre se faz.

O milagre acontece.

O homem olha para eles esperando receber alguma coisa... quando leio no Evangelho essa expressão alguma coisa, eu penso que o pobre homem já sabia que iria receber algo, mas já não tinha certeza do que seria. 

Poderia ser uma simples moeda, uma pregação, um chamado para segui-los... ele não sabe o que é, mas sabe que alguma coisa boa virá desse olhar, pois ninguém nunca havia olhado para ele daquela forma. Muitos esticam o braço e jogam uma moeda sem nem olhar quem está recebendo e nem ouvir e muito menos responder o agradecimento que vem em seguida.

Então Pedro, que se reconhece pobre semelhante ao mendigo, declara a sua pobreza dizendo ouro e prata eu não tenho mas o que eu tenho eu te dou... de fato, ele não tinha muitas coisas, havia sido pescador, mas desde que se dispôs a seguir Jesus, essa já não era mais a sua ocupação principal. Mas Pedro sabe que possui uma riqueza incontável e que não lhe foi dada para guardar para si, mas para distribuir, compartilhar e por isso reafirma o grande dom da partilha O QUE EU TENHO EU TE DOU.

E o que ele tinha? A fé no nome de Jesus... por isso diz com humildade mas com autoridade: EM NOME DE JESUS CRISTO LEVANTA-TE E ANDA. Imagino eu que aquele homem deve ter levado um susto, deve ter olhado para Pedro e João com aquela interrogação de, como assim? Nesse momento, me vem à mente uma expressão engraçada que a juventude tem usado para explicar esse tipo de espanto, eles dizem fulano “olhou com uma cara de meu Deus o que que é isso”? e para completar Pedro pegou a mão direita do homem e o ajudou a se levantar...

Quem conhece um pouquinho sobre Constelação sabe que o lado direito significa pai e que o pai é que nos lança para a vida...

E o que o ex mendigo faz? Entra no templo andando, pulando e louvando a Deus.

Afinal de contas, o que ele recebeu foi bem mais que uma esmola, mais que uma moeda que se ganha hoje e gasta amanhã, mas o que lhe foi entregue foi a possibilidade de trabalhar e manter o próprio sustento com dignidade. Essa é a cura que liberta. E mais uma vez os meus pensamentos voam e, eu penso nas pastorais sociais das diversas Igrejas que lutam por essa libertação dos empobrecidos e muitas vezes essa luta lhes custa a própria vida.

É claro que isso assusta, o Evangelho diz que todos ficaram admirados e assombrados... e que o homem curado não deixava mais Pedro e João... seguia-os... claro, quem não quer ficar junto com o seu libertador? Quem não quer seguir junto com aquele que lhe mostra que outra vida é possível?

E então Pedro dá uma aula de humildade, aos moldes de pedagogia sistêmica, explicando ao povo que ele não inventou aquilo, o milagre não é mérito seu, a cura está no nosso Sistema, nós a recebemos do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de nossos antepassados que  glorificou o seu servo  Jesus, o Salvador... E tudo o mais, perseguição, cruz, morte e ressurreição, foi do jeito que tinha que ser... quem quiser pode chamar de “destino”.  Mas a fé em Jesus faz com que tudo seja diferente. A partir de Jesus podemos mudar o nosso destino e o de nossos irmãos.

E pensando nisso eu volto à minha oração inicial e me pergunto, onde? Como? Quando testemunhar o Ressuscitado, servir o Senhor na vida do irmão?

Bem..., ontem eu rezei por aqueles que mantém algum contato comigo, enquanto terapeuta sistêmica by Olinda Guedes. Hoje o meu coração orante se abre para aqueles que ocupam no dia a dia, a maior parte do meu tempo, os que de alguma forma fazem parte da comunidade educativa da pequena escola pública na qual atuo como diretora.  

Muitos desses olham para mim como o homem do Evangelho olhou para Pedro e João... “esperando receber alguma coisa” ... e eu, o que tenho para oferecer? Não posso dar a eles os recursos pedagógicos, tecnológicos, financeiros que eles precisam e merecem. E muito menos suprir a falta de algo ou de alguém lá nas suas respectivas famílias.

Mas o que eu tenho eu lhes dou. Entrego incansavelmente o meu tempo, desde o primeiro bom-dia até o último até logo. Dedico-lhes as horas de sono, que gasto pelas madrugadas, estudando para oferecer-lhe o melhor dos meus conhecimentos adquiridos.

Não fujo da luta, quando se trata de fazer com que os nossos alunos tenham os melhores professores e estes um local de trabalho no mínimo agradável onde são valorizados e respeitados. E isso se faz com muito empenho na formação de professores e na formação de todos os segmentos numa filosofia humana e cristã.

Ah! E sem contar o exaustivo trabalho administrativo e burocrático, entre eles o da Merenda Escolar, que para alguns é o de melhor que a escola pode oferecer.

E com isso tudo e muito mais, vou entregando parcelas de minha vida, ou minha vida inteira e, vou tentando oferecer a todos os envolvidos nesse processo de fazer da escola um espaço de transformação de vida, a oportunidade de mudar o próprio destino.

Acredito nisso, rezo assim, porque creio que as Sagradas Escrituras não mentem quando afirmam:

Vocês são filhos dos profetas e dos homens com quem Deus fez aliança, quando disse a Abraão: ‘ Através da sua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra’... Cada um se converta da sua maldade”. Amém!

 

"O processo de leitura possibilita essa operação maravilhosa que é o encontro do que está dentro do livro com o que...


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