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SAPATINHOS FEITOS À MÃO

SAPATINHOS FEITOS À MÃO
Juliana Menuzzo Lauandos
fev. 4 - 3 min de leitura
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Muitos contos vieram à minha lembrança durante o Módulo 6. 

Sapatinhos Vermelhos gritou mais forte e pediu para ser lido novamente. 

É do livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pínkola Estes, uma psicóloga junguiana que nos leva às profundezas da nossa alma. Tive contato com este livro em 2007 e desde então ele me acompanha bem de pertinho.

O conto fala sobre o adormecimento da natureza selvagem da mulher. Quando abrimos mão dos sapatos feitos por nós, o preço a se pagar pode ser alto demais. Eu me vi nesta história. 

Tanto em minha vida pessoal quanto na vida de mulheres incríveis, para as quais tenho o prazer de trabalhar, existe uma fome de alma. Nós, mulheres, vivemos muitas vidas que não são as nossas. Afinal, desde pequeninas, aprendemos a cruzar as pernas e a silenciar aspectos viscerais da nossa psique. 

As lealdades ao nosso sistema também podem abafar os anseios da nossa alma.

Trabalhar apenas por dinheiro ou segurança é viver uma vida de auto-sabotagem. Manter um relacionamento afetivo que não é saudável por medo de estar sozinha é viver uma vida anestesiando as próprias emoções.

No conto, a menina pobre abre mão dos seus sapatos vermelhos feitos à mão (sua vitalidade, sua natureza instintiva e selvagem) para viver uma vida com mais recursos materiais. Ela é seduzida por promessas de felicidade de uma senhora e trai a si mesma. Passa a viver uma vida cinza podada de si e de seus talentos.

Ela sabe que este não é o melhor caminho, mas vai seguindo mesmo assim. 

Certo dia, encontra outros sapatos vermelhos do mais lindo couro, numa loja. Consegue comprá-los, pois sua cuidadora é idosa e não enxerga a cor dos calçados. Vão juntas à igreja e todos ficam chocados com a cor dos sapatos. Ao voltarem para a casa, a cuidadora diz que a menina nunca mais poderá usar os sapatos. No entanto, ela não consegue se esquecer dos calçados, pois são a maior felicidade que possui. Através deles, ela busca desesperadamente encontrar algo seu. Doce ilusão…

Escondida, ela calça os sapatos vermelhos. Seus pés começam a dançar, dançar e dançar... E ela percebe que perdeu o controle de si. Dança obsessivamente de manhã, à tarde e à noite. Não é agradável. Sente-se exausta... Dançou e dançou até parar na casa do carrasco da cidade. Implorou a ele que cortasse os sapatos. Porém, era impossível! Então, ela pediu desesperadamente a ele que cortasse seus pés.

Ele o fez.

A menina de pés amputados nunca mais quis saber dos sapatos vermelhos.

O conto nos mostra de forma trágica os perigos das armadilhas às quais nos expomos quando estamos sem a proteção da nossa alma selvagem. A fome da alma levou a menina à dança descontrolada.  

A falta de ter a própria vida e a experiência de uma vida domesticada demais a fez definhar. 

Os principais ensinamentos do conto que tocaram o meu coração foram:

  • Não tome decisões com seu coração faminto;

  • Seja fiel a si e cuide da sua Alma, pois ninguém poderá fazer isso em seu lugar. 


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