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SEXUALIDADE: LUZ E ESCURIDÃO

SEXUALIDADE: LUZ E ESCURIDÃO
Caroline Castro de Mello
out. 4 - 5 min de leitura
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Quando falamos de noites escuras da alma, dificilmente não estaremos entrando em esferas de cura do âmbito da sexualidade.

Digo isso pois entendo sexualidade em seu aspecto mais amplo, como pulsão de vida, e não apenas como manifestação relacionada a sexo, gênero e/ou relação sexual. Dessa forma, atravessar uma noite escura nos diz sobre encarar o lado sombrio da nossa relação com nossa pulsão de vida, que também é um movimento de morte, pois, a vida e a morte são parte do mesmo movimento.

Para algo nascer, é necessário sempre que uma morte também aconteça.

E, todo nascimento é também um evento sexual, seja um nascimento biológico ou mesmo o nascimento de um novo projeto de vida. Tudo isso envolve a pulsão de vida, a libido, a vontade de viver e trazer o novo para o mundo, a vontade de estar em relação sem defesas, de entrega.

Sempre estamos em relação, não é possível existir sem estar em relação, porém, na grande maioria das vezes, devido aos traumas sexuais, nossas relações são mais pautadas em defesas, ataques e dor, do que em entrega e prazer.

Falo de todas as relações, desde a relação entre mãe, pai e filhos, amizades e relações amorosas.

Os bloqueios sexuais nos impedem de receber com alegria o que o outro tem a nos oferecer, ou mesmo, nos fazem buscar relações onde nem essa oferta seja possível, e vemos de ambos os lados apenas trocas entre os "corpos de dor" (termo de Eckhart Tolle, no livro Um Novo Mundo: O despertar de uma nova consciência).

Já atravessei muitas noites escuras da alma, curas profundas e momentos em que a luz e a escuridão dançaram juntas, me fazendo perceber que a visita ao quinto dos infernos pode ser terrível mas que ao fazermos isso com consciência de cura, ampliamos as nossas possiblidade de alcançar também o sétimo céu. 

Abandonar as dores e traumas é difícil, mas não porque a cura é algo sofrido e difícil de ser alcançada. É difícil pois muitas vezes não sabemos existir fora da dor, não sabemos outro trajeto senão aquele que nos leva a reeditar o trauma. Dessa forma, essa cura nos leva também a necessidade de vivermos uma grande morte do nosso eu (daquilo que acreditamos que somos). Desapego, entrega e abertura não é simples, não é fácil, mas é possível. 

É possível quando deixamos de querer nos defender, quando nos entregamos para a escuridão. A escuridão da cura, que nos levará onde não sabemos, onde não temos mais certezas. A escuridão do vazio, que nos lembrará que é possível ter vida além da dor ou ausência de dor, é possível ter vida com prazer. Enquanto estivermos totalmente iluminados e preenchidos, dificilmente conseguiremos acessar essa entrega e essa disposição para viver a expressão plena de nossa sexualidade: a aceitação do que somos e a abertura para viver com prazer. 

Nossos corpos estão alinhados: físico e energético. Podemos perceber a ligação entre o chackra raiz (região do períneo) e o coronário (topo da cabeça); e o chackra sexual (Região ventral) com o laringo (garganta). Isso nos indica que não se alcança a conexão direta com o divino estando em desequilíbrio com o que nos conecta diretamente às coisas da matéria; assim como o fato de que a a nossa criação, nosso potencial criativo estando ativado, mais facilmente conseguirá ser a expressão dessa energia criativa. 

Todo pássaro que voa precisa de um chão firme para pousar. Todo ventre fértil pede a abertura de passagem, para entrada da semente e para a saída do fruto. Não nos serve apenas querer ter asas e voar sobre um oceano infinito. Não nos serve ser fértil, ter uma infinidade de ideias e ideiais, se não nos abrimos para criar o novo a partir dessas ideias,  na relação com os outros.

Sexualidade é impulso de vida; Aceitar esse impulso é se vulnerabilizar, se arriscar; O muro que nos protege é o mesmo muro que aprisiona. Dessa forma, todos os pensamentos e atitudes que nos dizem que estamos prontos, ou que há uma preparação ideal, pronta, a ser adquirida seja lá para o que for, é um caminho que nos chama mais para a morte do que para a vida.

Como nos disse Bert Hellinger: "O que está em vida é inacabado. Os mortos são completos. A ânsia por perfeição é, na verdade, na profundeza, uma ânsia pela morte. Para que fiquemos em vida, temos que respeitar o inacabado."


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