Na medicina tradicional sintoma é um fenômeno subjetivo (dor, mal-estar, febre etc.) referido por um paciente acerca de sua doença. Frequentemente usado para estabelecer seu diagnóstico.
Movidos por essa concepção e outras crenças conceituamos sintoma sempre relacionando à doença ou à saúde física e mental. Muitas pessoas consideram a saúde como privilégio, prêmio ou sorte, e a doença como castigo, descuido ou azar.
Mas, o que dizer da dificuldade no cumprimento de prazos, do perfeccionismo, da incapacidade de relacionamentos com os outros, dos conflitos entre pais e filhos, dos tratamentos disfuncionais entre irmãos, da sobrecarga de trabalho assumida por tantos, da sensação de escassez, de inferioridade ou de superioridade; da tristeza ou alegria em excesso, e a lista segue interminável.
Confesso que demorei a considerar esses, e outros comportamentos como sintomas. Eu prestava atenção, na patologia do joelho, no câncer pulmonar, na labirintite, na úlcera nervosa, no problema cardíaco, depressão e outras doenças que, em minha família, necessitaram de atendimento médico quase sempre com certa urgência, intervenção medicamentosa e em alguns casos intervenção cirúrgica.
Dor no pescoço, dor de cabeça, nas costas, resfriado e tantas outras, consideradas simples são amenizados com analgésicos.
Desse ponto de vista minha família é, aparentemente, saudável.
Do ponto de vistas das intervenções sensoriais ou sistêmicas, sintoma é todo desconforto, insatisfação, infelicidade, cansaço, tristeza, mágoa, frustração, raiva, desgosto que quando ignorados podem se tornar doenças crônicas ou incuráveis. Elas são efeitos das nossas atitudes ao longo da vida e variam das simples (dor de cabeça, resfriado) às complexas (fibromialgia, tumores).
Um sintoma torna-se uma doença quando sua essência é ignorada. Quando sua essência é ouvida, transforma-se em pérola, deixa de ser um obstáculo, um sofrimento, mesmo que a condição do organismo não se reverta.
Como um bom mensageiro ele traz em si a oportunidade de cura. Cura de sofrimentos que podem ser pessoais ou transgeracionais.
A medicina alopática, se necessário, precisa ser usada como suporte. Porém, ela combate o efeito, mas não resolve o sintoma que vai se tornando cada vez mais desafiante.
As intervenções sensoriais ou sistêmicas atuam no nível do inconsciente, na causa dos sofrimentos. A cura existe para qualquer sofrimento e exige da pessoa mudança de comportamento, de atitudes. É pessoal e intransferível. Uma verdadeira conversão do coração. O milagre encontra uma pessoa quando ela faz o que é necessário para curar o sintoma.
A abordagem sistêmica nos desafia a aprender cada vez mais e enquanto aprendemos vamos diminuindo nossos sofrimentos, nos curando. Atentos aos detalhes, aprendemos a ver a realidade além do aparente, e nos percebemos parte de um todo que é muito mais que a soma das partes onde cada parte é essencial para que o todo seja tal como é.
Somos um. E movidos pela compaixão e pela empatia vamos munindo-nos das ferramentas necessárias para aliviar o sofrimento de outros sem tirar-lhes a dignidade.
Quanto menor o sofrimento humano maior a realização do todo.
Gratidão!