Os sintomas nos permitem olhar para os nossos antepassados como em um retrovisor e a partir deste sintoma, o que está em nós, pois o carregamos.
Além do Aparente podemos dar luz ao que antes era sofrimento.
Minha avó materna tinha sintomas de sobrepeso. Falava bem baixinho e gostava de comida bem gordurosa. Também tinha um sentimento de culpa muito profundo que a fez desenvolver câncer de pâncreas e veio a falecer e quando em meu coração senti que poderia ser um dos últimos momentos com ela, disse o quanto ela foi importante em nossas vidas e que era muito grato pelo que fez por mim.
Sintomas de sobrepeso nos mostram o quanto precisávamos incluir a irmã perdida com 3 anos, que morreu afogada em um tanque antigo de lavar roupa.
A fala baixa pela coação, machismo do sistema, devido às crianças não terem voz nem vez.
A comida sempre forte e de bastante sustança em que carregou até esta geração, vindo dos ancestrais espanhóis e da criação na fazenda. Era trabalho pesado para se manter, mesmo depois de estar na cidade o ciclo continuava.
O sentimento de mágoa por se sentir excluída de seu sistema e se sentir culpada por alguma razão a fez se sentir depressiva com a falta de pai e mãe e se conformar que a vida é assim e seguiu do seu jeito, sendo como tinha que ser.
Graças à mulher sensível, gentil e forte que se fez, ela pôde gerar minha mãe com entrega, para a vida seguir adiante.
Meu avô materno descendente de italianos tinha sintomas pelas histórias contadas.
Teve vários relacionamento em sua vida (19) e noivou como quem procurava a mãe.
Gostava de luta de boxe e seu passatempo era rinha de galo com apostas. Isso talvez explique a ligação com mortes, brigas, e outras violências em nosso sistema familiar.
Era bom de briga na adolescência, foi do exército e boxeador, trazendo muitas memórias epigenéticas.
Ao passar do tempo, já com idade, cortando cabelo, mais calmo e apegado ao seu passatempo, se tornou homem piadista e alegre. Assim foi a criação da minha mãe.
Minha avó paterna, fumante, era direta quando falava. Brincalhona, mulher simples de muita força. Criou seus 9 filhos biológicos e dois adotados. Descendente de indígenas, sabia benzer e com sua sabedoria ancestral tinha essa grande capacidade de gerar tantas vidas.
Ficou viúva do meu avô paterno, a quem não pude conhecer e ter contato, mas seu falecimento na noite de natal gerou orfandade a todos do sistema, e essas informações recebi do meu pai.
Meu pai, homem quieto, como se em sua infância tivesse sido repreendido, e também não tivesse tido tempo para receber atenção de sua mãe devido à quantidade de irmãs. Também não teve atenção do pai, devido ao vínculo de amor interrompido pela partida do avô. Atuam sobre ele sintomas de homem de pouca conversa em seus relacionamentos, baixa demonstração de afeto e em se expressar emocionalmente.
Eu tenho respeito e gratidão pelo pai atencioso e exemplar.
Minha mãe, com sobrepeso, usava sempre a fuga de seus sentimentos para o trabalho, sempre sem tempo, inclusive para se alimentar. Fazia a ingestão de diversos remédios para emagrecimento, era fumante, deixou o cigarro, porém sua parte emocional sempre esteve desestruturada e com crises de ansiedade, e às vezes depressiva.
Entendo que os vícios eram para ocupar e suprir a necessidade de atenção e carinho de seu pai, que era muito rígido. Hoje, graças à minha mudança sistêmica, meu sistema familiar está mais leve e meus pais estão mais despertos, procurando melhorar, e isso me deixa com um sentimento de gratidão.
Sempre é tempo de se ter uma infância feliz!
Meus pais se separaram há 10 anos, demonstrando que suas crianças interiores feridas não puderam dar continuidade ao relacionamento de casal adulto. Cada uma assumiu sua parcela de culpa pelos erros, que tinham que ser como foram, reconhecendo e agradecendo e seguindo sua vida em seu lugar.
Grato ao meu sistema familiar, porque pude ao longo de minha história ter essa consciência para me tornar um ser humano mais vivido e cheio de amor.