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Só se ajuda quem quer ser ajudado?

Só se ajuda quem quer ser ajudado?
Simone Belkis
jun. 15 - 5 min de leitura
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Já ouvi muitas vezes e repeti, outras tantas, essa frase: "- Só se ajuda quem quer ser ajudado".  Verdade, não é? Pois agora, eu já não concordo mais e vou explicar o porque.

Anos atrás, li um livro muito bom chamado "O monge e o executivo", e o que mais me chamou atenção na história foi a tese de que sempre que queiramos ajudar alguém, precisamos perguntar o que a pessoa precisa. Achei lindo, e fiquei repetindo isso para as pessoas, por anos. Mas, na verdade, não assimilei o aprendizado naquele momento. Eu tive que me conhecer um pouco melhor para compreender como isso realmente funciona.

Às vezes, quando perguntamos a uma pessoa o que ela precisa, acabamos por perceber que ela mesma talvez não saiba. Muitas vezes, somos mais capazes de compreender as necessidades de terceiros do que as nossas próprias. E sim, podemos saber melhor que o outro aquilo que ele precisa.

Porém, isso não nos dá nem o direito e nem a capacidade de decidir por ele. Por isso que se costuma dizer que só podemos ajudar aquele que quer ser ajudado. Mas, o que levaria uma pessoa consciente a recusar ajuda? Quem não gostaria de ter seus problemas reais resolvidos de forma fácil e fluida? Porque alguém simplesmente iria preferir viver com o problema de livre e espontânea vontade?

Não, as pessoas recusam ajuda de forma inconsciente, mesmo que elas tenham razões óbvias e conscientes para dizer não. Nosso cérebro tem o poder de encontrar justificativas, porque não suporta lacunas. Mas, a verdade é que, muitas vezes, a recusa nada mais é que a forma inconsciente de admitir que não queremos, simplesmente, mexer no problema por que isso seria doloroso demais, tão doloroso a ponto de nem saber porque não queremos resolver ou aceitar que alguém nos mostre um caminho diferente. 

Às vezes, acontece da pessoa não ter condições de assimilar naquele momento tudo o que você lhe oferecer, ou pode que você não tenha para dar aquilo que exatamente é preciso. É como dar de presente um sapato número 35  a alguém que calça 40. A pessoa pode amar o modelo, mas poderá usar?

Então, dizer que a pessoa não quer ajuda é no mínimo cruel. Responsabilizar alguém por seus atos inconscientes não é a forma mais educativa de fazê-lo compreender que precisa olhar para si mesmo e para seus problemas. Quando estamos dispostos a ajudar o outro, precisamos realmente perguntar o que ele precisa, talvez não de uma forma tão direta, mas procurando compreender seus motivos e razões para estar na situação em que se encontra. 

Também é muito comum o conselho: "- Só ajude aquele que pedir.", e essa é outra situação delicada. Nem sempre as pessoas pedem ajudar de forma direta e clara, quase nunca é mais a regra.

Então, podemos perguntar o que fazer, como ajudar ou como perceber quem "quer" ou não a nossa ajuda? Eu tenho aprendido que é preciso ter sensibilidade, e na verdade, escondida em algum recanto interno, todos nós temos. Também vai muito bem uma dose de autoconhecimento e conhecimento da essência de ser pessoa. Tudo bem que somos todos únicos, mas moldados na mesma forma que é a natureza humana.

É preciso também admitir que nem sempre poderemos oferecer aquilo que nos pedem, e aí precisamos ter a honestidade e a modéstia, porque não? De dar passagem a quem possa fazer isso com a maestria que não temos.

O fato é que embora ajudar seja, na minha opinião, uma das ações evolutivas mais poderosas, é preciso saber como fazê-lo. E respeitar os limites, tanto do outro, quanto nossos. Mas que fique claro, isso nunca será justificativa para deixar o outro à mercê de seus próprios medos, nem porque o outro diz não e nem porque não sabemos o que fazer.

Eu estou aprendendo que a melhor forma de ajudar é se conhecer, e por várias razões. Porque quando sabemos como somos, podemos reconhecer no outro semelhanças e diferenças, porque ao entender nossas próprias necessidades, teremos mais chance de compreender quais são as necessidades das outras pessoas, também porque assim poderemos saber até que ponto estamos prontos para dar suporte e saber quando chamar reforços, porque quando mostramos o que somos, damos ao outro a oportunidade de experimentar ser ele mesmo também.

Não, decididamente, não se ajuda apenas quem quer ser ajudado. Na verdade, ajuda-se a todo aquele que estiver em nossa vida, principalmente, se estivermos abertos a recebê-los como são e da forma com veem. Nem sempre isso será fácil, mas sempre será nobre.


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