O que eu gosto de fazer e me faz bem?
Eu acredito que todos e todas que estão aqui estudando as constelações já se perguntaram sobre isso. Nesse momento, eu vou compartilhar um pouco a minha história de vida e envolvimento com as constelações e com essa questão. Ela foi uma incógnita durante muito tempo na minha vida, 34 anos, e se acentuou quando retornei ao Brasil depois de ter vivido durante um ano em Timor Leste, em 2015. Lá fui um educador de surdos e pessoas com deficiência e o trabalho desenvolvido naquele país proporcionou-me um elevado nível financeiro de vida e toda sorte de privilégios possíveis. Eu estava contente, mas, sentia que algo faltava.
Decidi ir em busca desse algo e voltei para o Brasil.
A chegar ao Brasil, busquei recomeçar e todas as “portas” que bati estavam fechadas para mim e quando menos percebi, eu estava novamente dependendo da ajuda do meu pai. A vida me proporcionou a oportunidade de cair do topo de uma montanha rolando abaixo e essa experiência me proporcionou estar frente a frente com as ilusões que me empurraram ladeira a baixo. Lá embaixo, decidi em busca de viver uma vida verdadeira, próspera, abundante, amorosa e encontrar os meus dons, ou seja, viver profissionalmente o que vim fazer aqui nessa encarnação.
O grande pai e a grande mãe desse universo ouviram o meu clamor e logo encontrei minha companheira. Ela já frequentava grupos de constelação familiar em Santa Maria/RS e assim me aproximei dessa importante terapia em 2016. Durante esse período vieram quatro filhos, duas faleceram, dois estão vivos e a responsabilidade e o comprometimento de se tornar pai consciente e amoroso.
Profissionalmente havia lacunas a serem preenchidas e cada vez mais que eu mergulhava nas constelações, mais e mais fui me libertando das vontades de me submeter as vontades dos meus pais e de me preocupar em agrada-los cegamente, mesmo que isso custasse a minha alegria e felicidade. Mesmo que isso custasse sacrifícios da minha vontade de me permitir (re) descobrir-me de uma forma mais intima, mais delicada, mais cuidadosa, mais amorosa e carinhosa.
Os meus auto boicotes eram muito fortes, pois, a cada passa dado em direção a busca por experimentar olhar de verdade o que eu desejava aprender, nesse caso a palhaçaria, eu escutava os meus pensamentos repetirem as mesmas perguntas e julgamentos dos meus pais: “Como você vai viver disso?”; “Isso serve para quê?”; “Isso não dá dinheiro”; “Isso é uma bobagem”.
E medo tomava conta e logo desistia.
Com isso, logo as doenças e tristezas vinham novamente me machucar até que chegou um momento que não era mais possível seguir vivendo movimentos de crescimento e quedas. Tomar o trabalho na arte da palhaçaria tornou-se uma necessidade e partiu da decisão de ir em busca de ajuda, pois, eu precisava de um apoio muito profundo de cura e as Terapias das Constelações Familiares foram fundamentais.
A minha primeira terapeuta foi a Consteladora Valéria Maria Skrebsky, fui em outras consteladoras, e, no ano de 2020, encontrei a terapeuta Consteladora sistêmica Olinda Guedes. As sessões foram me fortalecendo a seguir o meu caminho profissional na mediada que fui tomando a postura de desapegar das dores das almas dos meus pais, dos seus conflitos, das suas tristezas, das suas raivas, e assim assumindo a postura de tornar-me humilde ao reconhecer que eu sou pequeno diante deles e que não precisava mais sacrificar a minha vida, saúde, alegria e riqueza para receber o amor deles.
Esses movimentos foram proporcionando-me tomar a consciência do quanto essas perguntas são importantes (O que eu gosto de fazer e me faz bem?) e responde-las tornou-se cada vez mais leve e o universo me ajudou responde-las, pois, ele foi colocando pessoas importantes, lugares e acontecimentos que vieram ao meu encontro e assim participei de uma iniciação a palhaçaria no ano de 2018, em São Francisco de Paula/RS, no Instituto Arca Verde, sob a orientação da atriz, diretora e palhaça Melissa Dornelles.
A vida tomou um novo rumo novamente.
O estudo e a pesquisa sobre o Clown exigem muita dedicação e compromisso com o trabalho. O processo de autoconhecimento durante a pesquisa é uma das bases que escolhi para a construção do arquétipo, então, isso exige estar diante das minhas próprias sombras, de tomá-las com amorosidade e respeito a fim de permitir que haja a cura e a cicatrização das feridas, libertação das dores e sofrimentos que produziram elas.
Esse estudo me proporcionou acessar dentro de mim emoções e alegrias muito profundas e que até então eram desconhecidas ou estavam esquecidas. Percebi que o meu dom sagrado é o Clown (A Palhaçaria), então, decidi colocar meu trabalho a serviço da vida, das crianças, dos adolescentes e de todos e todas que desejarem conhecer o meu trabalho.
Este trabalho está a serviço do sagrado.
Atualmente, estou estudando no curso de doutorado em educação da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) em Florianópolis/SC, onde encontrei uma orientadora que me permite total liberdade de estudar e pesquisar a potente relação entre a palhaçaria e a educação. Minha pesquisa na universidade começou recentemente e atualmente já estou orientando uma pessoa que deseja aprender sobre a linguagem do Clown.
Eu reconheço que vivo uma vida abundante e próspera e as constelações sistêmicas familiares orientadas pela Olinda Guedes ensinou a confiar e viver isso. Gratidão!