Acredito que todos nós temos histórias com “vínculos de amor interrompido”. Ás vezes a criança pensa que a mãe ou o pai foi embora! Mas algumas vezes foi à criança que sentiu dessa forma, gerando assim um tipo de trauma!
Morávamos no sítio, no interior do Paraná. Para ir ao hospital demorava o dia todo! Minha mãe teve quatro gravidezes, a primeira filha nasceu em casa, porém, sem vida infelizmente. As outras crianças só nasceram por meio de cesariana.
Sou a terceira filha e quando meu irmão mais novo foi nascer minha mãe precisou ficar internada por cerca de oito dias. Na ocasião fiquei na casa de minha avó materna. Apesar de todos os cuidados e carinho, conta-se que eu chorava muito, tanto que sempre fui chamada de chorona. Uma criança de apenas um ano e oito meses não consegue compreender a ausência da pessoa que faz parte dela, na sensação de abandono, o amor, se torna dor!
A sensação de abandono se torna uma marca interna, que pode acompanhar a pessoa para o resto da vida em seus movimentos no que diz respeito aos seus relacionamentos, relações de trabalho, sua família, entre outros. Se a pessoa não se tratar por meio de alguma intervenção sensorial poderá sofrer, pois, onde mora a sensação de amor interrompido mora também a desconfiança, “como confiar em alguém se já fui abandonada”.
“Quando alguém que tenha sofrido a interrupção de um movimento precoce vai ao encontro de outra pessoa, digamos, de um parceiro, a lembrança daquela interrupção torna a aflorar, mesmo que apenas como memória corporal inconsciente. Então a pessoa torna a interromper o movimento, no mesmo ponto em que o interrompeu da primeira vez.” Bert Hellinger, no livro “Ordens do amor.”