Assistindo a aula, muita coisa me veio na cabeça sobre amor e vínculo interrompido. Quando nasci, minha mãe 3 meses depois engravidou de minha irmã, houve separação por pouco período, mesmo que ela teve minha irmã em casa, minha mãe contou que minha vó veio me buscar para ficar uns dias comigo, assim minha mãe poderia trabalhar melhor, diz que chorei a noite toda e que de madrugada minha vó e minha tia precisaram me levar para casa a pé, por quase 10 km.
Com o nascimento da minha irmã e muito trabalho na roça, o pouco amor teve que ser dividido, assim adoeci, tive asma e tosse cumprida, assim minha mãe por anos precisou me dar mais atenção e me deixar no quarto dela a noite.
Meu pai precisou fazer cirurgia de coração e nossa mãe passou até 40 dias no hospital em Florianópolis cuidando dele, nós crianças sentíamos muita falta, lembro que também chorava por nada, pensava em perdê-la e logo começava a chorar, ficávamos aos cuidados de parentes.
Isso aconteceu durante muitos anos, toda infância. Hoje sou muito carente de carinho e afeto, meu marido é muito fechado e nada carinhoso, isso me deixa muito frustrada, pois sinto muita falta de amor.
Também vivo uma relação abusiva mesmo tendo consciência disso e me impondo muito, estou tentando me separar por isso e por me sentir sempre sozinha.
Na geração do meu bisavó, os filhos viram ele sendo morto a machadada, sei que essa tristeza que carrego ou dor, vazio no peito deve ser isso também, meu filho por anos teve convulsão, faz uns 3 meses que soube do assassinato do meu bisavó.
Por parte da minha mãe, as gerações de mulheres, avó, bisavó, tataravó, perderam seus maridos muito cedo e ficaram com fileiras de filha. Minha bisavó por perder o amor da vida dela, usou o luto por 40 anos, sofrendo calada e morrendo de infarto. Minha vó morreu e deixou duas crianças pequenas, quando minha mãe estava grávida de mim, minha tia precisou dormir no meio do meu pai e mãe por muito tempo de medo.
Meu vó não ficou com os filhos, pois vivia bêbado... assim as crianças ficaram mudando de casa cada tempo até crescerem. Eu também interrompi vínculo com meus filhos gêmeos por três meses, eles eram bebês uns 6 ou 8 meses, quando fui para São Paulo, hoje eles tem 20 anos e tem dificuldade de viver longe, moram junto e trabalham na mesma empresa. Mesmo conseguindo emprego em outro lugar eles não aceitam a separação.
Meu pai precisou fazer uma cirurgia quando tinha 17 anos e foi deixado num hospital em outro estado por seis meses, abandonado e sem notícias.
São muitas histórias de interrupção de vínculos na família. Agora logo vou ler o livro.