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Tempos de infância

Tempos de infância
Sandy Duwe dos Santos
set. 22 - 7 min de leitura
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Durante minha vida lembro que passei algumas horas sentada na mesa da cozinha junto aos meus pais escutando suas histórias e memórias da infância, sobre os relacionamentos dos meus antepassados e suas vidas.

Durante a aula 2 do módulo 3 nossa querida mestra Olinda orientou que escrevêssemos sobre as semelhanças e diferenças em relação aos relacionamentos, em relação à visão da criança e dos filhos antigamente e atualmente, assim, segue abaixo minha reflexão sobre essas questões:

Muitos dos meus antepassados não tiveram o direito de escolher com quem iriam compartilhar o resto da sua vida, seus dias e noites, pois essa era uma decisão que vinha dos seus pais; Eles se uniam através do casamento e deveriam construir o amor, aprender amar. Porém, alguns casos o amor pode dar certo, mas em outros não, e quando o amor não chegava, vinha a tristeza da vida, os dias não eram mais tão coloridos e as noites já não era mais tão estreladas como se lembrava, as pessoas se tornavam amarguradas com a vida. Muitos deles por ter deixado um grande amor, uma grande paixão para se casar com alguém pelo qual não tinham sentimentos, nem se quer atração, mas, a lealdade vinha antes da felicidade e assim, logo vinham os filhos, concebidos pela força da vida mas, na grande maioria, sem sentir o acalento do amor de seus pais.

Após o nascimento, as crianças, os filhos eram enxergados como “pequenos adultos” onde com poucos anos de vida já atribuía-se grandes responsabilidades. Precisavam ajudar a cuidar da roça, dos alimentos, dos animais e muitas vezes dos seus irmãos, o trabalho era uma imposição a todos. Recordo da minha mãe contando que desde muito cedo já tinha que cumprir com suas responsabilidades e logo após o falecimento da sua mãe (com sete anos) já trabalhava na casa da sua prima – a muitos quilômetros longe de casa – ajudando nos trabalhos domésticos e cuidando das crianças, longe da escola, do seu pai e dos seus irmãos. Havia pouco tempo para brincar e se divertir, não havia muito tempo para desfrutar do seio da mãe através da amamentação, não havia muito tempo para ganhar colo e abraços. Não havia muito tempo para os pais e filhos.

Hoje podemos perceber que os relacionamentos mudaram muito, podemos escolher com quem vamos dividir a vida, afinal, a gente não escolhe nem os nossos nomes, quem dirá por quem vamos nos apaixonar! Hoje podemos decidir se a pessoa com quem temos um relacionamento é digna da nossa companhia, nós mulheres tivemos muitos dos nossos direitos conquistados e ainda nos foram concebidos muitos estudos sobre a importância da gestação, amamentação, do afeto e vinculo dos pais e filhos e até mesmo através dos estudos de Sigmund Freud (inicialmente no século XX) as pessoas foram compreendendo a importância da infância e os traumas que podem vir acarretados pelos primeiros anos da vida da criança.

Observando as famílias pela qual eu tenho contato atualmente, percebo algo semelhante entre elas: Os pais querem dar o melhor para seus filhos e com isso se submetem a extensa jornada de trabalho, passam pouco tempo ao lado dos seus filhos e depois se sentem culpados e acreditam que podem suprir a falta diária de amor e carinho com presentes, eletrônicos, brinquedos, algo como sentimento comprado. Os pais se sentem tão cansados – fisicamente e mentalmente – que acreditam que passar 30 minutos sentados no tapete da sala, brincando com seu filho e olhando a televisão perto deles pode completar os momentos vazios.

Ao mesmo tempo em que os pais querem dar o melhor, eles estão perdendo o melhor dos seus filhos... as professoras contam pra eles as suas primeiras palavras, os seus primeiros passos, as suas primeiras gargalhadas, as suas pequenas dificuldades, só não contam as horas que passaram chorando sentindo a sua falta ou quando adormecem abraçados em um ursinho de pelúcia desejando que fosse eles.

Não posso negar – de maneira nenhuma - que, tanto antigamente, quanto hoje, ser criança é incrível! E que talvez o que possa realmente fazer a diferença, e garantir a melhor infância, é o tipo de adulto que está ao lado das crianças... Um adulto que leve seu filho, irmão ou sobrinho a praças, parques, sorveterias, praias e que realmente brinque com eles, que aquele momento seja somente deles e de mais ninguém, pois como diria Freud “Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai”.  

Sempre achei que havia nascido na época errada, onde meus valores não eram tão interessantes para as outras pessoas, outros jovens, mas hoje, olhando para trás e por toda dor humana eu vejo que nunca tive tão certa sobre o tempo do meu nascimento. Em toda época precisou de amor, de uma infância feliz... e nos dias atuais onde as redes sociais, televisões, celulares e tabletes estão tirando o lugar de tantas pessoas, de tanto amor eu sinto que estou aqui para fazer a diferença, que posso mudar, posso ser um adulto funcional para meus sobrinhos e futuros filhos, eu nunca estive tão certa disso. Estamos dentro de um círculo da evolução humana que corre rápido demais, não percebemos isso em nosso cotidiano, somente quando paramos para pensar que podemos ver que há tantas coisas a serem reparadas.

Uma infância feliz é o maior presente que os pais podem dar aos seus filhos é a fase mágica e leve da vida, então que possamos ver nossas crianças como seres de alma, sentimentos, seres iluminados e cheios de encanto e garantir que elas ganhem mais espaço nas nossas vidas, nas nossas horas, em nossos corações, pois criança é uma oportunidade dada por Deus para construirmos nossa infância feliz. Seja você um irmão, uma irmão, um tio, uma tia, um pai, uma mãe, um avô, uma avô... brinque com suas crianças e aproveite para buscar a sua infância feliz também. Sempre há tempo, mas o melhor é agora.


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