No livro A Simetria Oculta do Amor, Bert Hellinger fala do homem e da mulher como base da família, onde tudo começa pela atração sexual. Ao sentir-se atraído por uma mulher, o homem deseja, busca nela aquilo que lhe é necessário e não possui. O mesmo acontece quando a mulher sente-se atraída por um homem, busca o que necessita e não possui.
Homem e mulher se complementam mutuamente, ambos são aquilo de que o parceiro necessita.
Segundo as Leis Sistêmicas, para que essa união seja exitosa é preciso que cada um dê o que se é, e receba um do outro aquilo de que verdadeiramente necessita para formar um casal.
A intimidade sexual liga os parceiros, queiram eles ou não. O vínculo se estabelece não pela escolha, mas sim pelo ato físico, pelo ato sexual consumado. Bert constata essa dinâmica ao observar o sentimento de proteção de pessoas que foram vítimas de estupro ou incesto de seus agressores.
Mesmo os encontros sexuais casuais criam vínculos duradouros.
O ato sexual erroneamente visto como algo meramente carnal, indigno é, no entanto a ação humana em mais harmonia com a ordem e a riqueza da vida. Nenhum outro ato oferece tantas recompensas ou acarreta tantos riscos. Nenhum outro exige tanto do ser humano, tornando-o mais sábio, compreensivo, mais humano, quando essa união se dá no amor, colocando o casal em completa exposição e vulnerabilidade, num ato de extrema humildade.
Somente o ato sexual faz do homem e mulher um casal, pai e mãe. Se a sexualidade for limitada de alguma forma, seja por inibições ou esterilização de uma das partes, o vinculo entre eles não se completa, ainda que o desejem.
A sexualidade tem papel crucial na união de casais, evidenciando o primado da carne sobre o espírito, bem como a sabedoria da carne, pois “a razão superior e o significado profundo que emergem das nossas necessidades físicas instintivas superam e controlam a racionalidade e a vontade. Estão mais próximos do centro da vida e são mais resistentes”.
“Espírito é vontade, carne é sabedoria
Dizem uns que o corpo,
Em comparação com o espírito,
Nada é.
Como se o fruto do desejo
E do sexo
Que o fruto colhido
Da razão e da vontade.
Mas o desejo exibe
Coragem e sabedoria
Quando a vontade e a razão
Se acovardam
No serviço da vida.
No desejo da carne
Oculta-se uma razão superior
E arde um significado profundo
Que brilha mais que a racionalidade
E é mais forte que a vontade.
O desejo está mais perto do coração da vida,
É mais obediente
E mais resistente.
Quem governa a vontade é a carne.
Digo, pois,
Que o espírito é vontade, mas
A carne é sabedoria”. (A Simetria Oculta do Amor -pág.48-49).
A Lei do Equilíbrio também atua no desejo, pois sempre que um dos parceiros não é correspondido no seu desejo sexual, fica numa posição de fragilidade diante da rejeição do outro que se sente mais forte, enquanto o que deseja mostra-se necessitado e exigente, o outro, não generoso e doador.
Numa dinâmica onde o que deseja parece receber sem dar, ao passo que quem aceite ao desejo sem doar-se sem nenhum ganho. Eis aqui a importância de tratar o desejo do outro com respeito e amor, pois a superioridade em relação ao desejo do outro prejudica a união.
O sexo é a fusão do feminino com o masculino, tornando-os completos no que lhes falta enquanto homem e mulher.
É necessário portanto que a sexualidade cumpra suas três grandes funções a fim de que o casal tenha uma sexualidade saudável.
- Seccionar da família de origem. Ao unirem-se em matrimônio deve seguir sua vida conjugal, separando-se emocionalmente da família: pai, mãe, irmãos;
- Se vincular a alguém fora da família. Unir-se ao parceiro de origem em outro sistema familiar;
- Levar a vida adiante, gerar frutos dessa união. Seja filhos biológicos, ou projetos comuns, que contribua com a vida em geral.
Uma sexualidade saudável se estabelece no vínculo onde o homem deseja a mulher como mulher, e a mulher deseja o homem como homem. E não por características externas ou determinados ganhos, muito menos quando o homem busca na mulher uma mãe, ou a mulher busca no homem um pai.
Tal comportamento compromete, enfraquece o relacionamento. Por isso a necessidade de ambos seccionar da família de origem.
Os parceiros devem renovar constantemente sua masculinidade e feminilidade, pois devem continuar sendo homem e mulher, encontrando no outro o que lhe falta. O homem renova sua masculinidade na companhia de outros homens e a mulher renova sua feminilidade na companhia de outras mulheres.
Essas vivências renovam e conservam a tensão criativa do relacionamento.