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TODOS TEMOS FOME DE AMOR

TODOS TEMOS FOME DE AMOR
OLINDA GUEDES
dez. 26 - 14 min de leitura
070

 

                                                                                                        Autoria: Olinda Guedes 
                                                                                             Transcrição: Suzana Langner

Eu não acredito mais no amor!

É exatamente isso que  escuto, que meus alunos trazem, acerca dos atendimentos que eles fazem com seus clientes.

Viver um relacionamento conjugal é alguma coisa incrivelmente maravilhosa, desde que seja funcional.

Agora imagina vivendo relação abusiva.

As relações abusivas têm esse poder de destruir a fé, destruir o entusiasmo, destruir a alegria do coração da pessoa. Quando você vê uma pessoa afirmando: “Eu não acredito mais no amor!” - você pode ter certeza  de que essa pessoa é vítima de uma relação abusiva - porque as relações abusivas não ficam no passado, elas ficam num presente contínuo no coração da pessoa.

Muitas vezes o cônjuge já foi embora, está em outra relação abusiva também - porque os perpetradores sempre procuram novas vitimas - mas aquilo ainda é como um presente contínuo na vida da pessoa; ela não acredita mais no amor, porque realmente está vítima de uma relação abusiva.

Ah! E você pode, pessoalmente, não ter experienciado uma relação abusiva, mas talvez você não acredita no amor e esteja se perguntando: por quê?

Temos memórias transgeracionais, temos nossa memória epigenética. Isso faz com que os nossos pais, os nossos bisavós, muitas gerações anteriores, tudo aquilo que eles experienciaram, fique disponível nessa memória sistêmica.

O indivíduo pode experienciar isso até como se fosse algo pessoal, mesmo não sendo, e aí carrega essa sensação de eu não acredito no amor ou eu não quero saber de relacionamentos conjugais na minha vida. Eu não quero saber de casamento, de relações estáveis, desses vínculos sérios de jeito nenhum, porque memórias traumáticas transgeracionais trazem essa condição, tão real e tão próxima, daquilo que é como se fosse uma experiência pessoal.

A justa razão para esses sofrimentos pode estar realmente em outras gerações, em relações abusivas.

Quantas pessoas, não é?! Quantas!

  • Os meus pais não se respeitavam, ou a minha avó não respeitava o meu avô, ou a minha avó saiu de casa enlouquecida, porque o meu bisavô era um homem muito violento.
  • Tudo isso são relações abusivas, ou então a minha avó trabalhava demais e o meu avô ficava só se alcoolizando.

Isso realmente são outras forma de relação abusiva. Existem graus de relações abusivas, de comportamento de relações abusivas. É óbvio que é muito fácil a pessoa se proteger quando existe violência, existe violência física, existe agressão!  Então é mais fácil de perceber!

Agora, quer ver o desafio? Esse vem de forma abstrata, de forma sutil: - Nossa, você não emagrece nunca! Ou: - Me dá a senha do seu cartão, eu novamente preciso de dinheiro emprestado!

Essas relações abusivas são extremamente tóxicas. Ou: - Nossa, é claro que eu iria te elogiar, mas você não me da chance de eu te elogiar, porque você está sempre se queixando de que eu fico o tempo todo sentado no sofá!

Desculpa eu estar usando este termo, tão em relação do masculino para o feminino, mas é absolutamente super comum em relações conjugais.

Existem muitas pessoas do sexo feminino, que também abusam muito dentro dos relacionamentos conjugais. Então fique muito atento: uma relação abusiva é aquela que faz você se sentir mal!

Às vezes você não tem explicação. As relações mais perigosas são essas abstratas, essas sutis. Oferecem flores, mas absolutamente, essa pessoa se sente mal, ela se sente triste, ela vai se sentindo espremida, porque existe abuso nesse relacionamento conjugal.

É incrível, porque quando nós começamos adentrar nesse campo, começamos a ter imagens internas acerca de pessoas que nós conhecemos e que nós sabemos que: 

  • Ah, eu acho que essa pessoa está sendo vítima!

Uma das características das vítimas é de que elas começam a se fechar, elas começam a ficar quietas, elas começam a entristecer, elas não conseguem muitas vezes se defender, elas começam, muitas vezes, a perceber que elas querem sair, mas elas não têm motivos para sair. Parece que todos os motivos que elas têm para sair não são suficientes, afinal de contas, esse cônjuge declara tanto esse amor.

Essa pessoa mais incrível do mundo se sente errada, porque o abusador tem essa condição, essa característica de fazer com que o cônjuge se sinta errado.

O abusador tem essa característica horrível, que é fazer com que a vítima se sinta responsável por estar sendo abusada. Do tipo: - É claro que eu tenho razão de te chutar né?! Você passou na frente do meu pé. Essa comparação é horrível! Eu tenho certeza absoluta de que você agora sabe o que é isso, que você sabe caracterizar e que poderá ajudar algumas pessoas que, por desventura, estão sofrendo isso em suas vidas. Não!?

Ninguém tem direito de abusar e toda vítima tem o dever humano de se proteger, de cair fora, de dizer: - Alto lá! A porta da rua é a serventia da casa.

Nós sabemos que não é fácil para a vítima. Porque toda vitima carrega memórias transgeracionais de opressão, de colocar limites, de não poder se defender. Todo o perpetrador, todo o abusador também carrega essas memórias transgeracionais de perseguição, de violência, de tortura.

Então não é difícil só para a vítima. É difícil para o agressor, é muito difícil!

Ah! Talvez você esteja se perguntando: - Olinda! Quer dizer que não tem esperança?

Bert Hellinger tem um livro fantástico que fala sobre isso, que chama “Amor à Segunda Vista”. Ele fala de pessoas se curarem por meio da terapia, por meio das constelações, por meio da intervenção sensorial, resolver os seus emaranhamentos, as suas lealdades. Elas poderão ser felizes naquele relacionamento, como se fosse realmente um reconhecer, duas novas pessoas se apresentando. 

Duas pessoas reeditadas qe curadas têm muita chance no amor, mas elas precisam se curar.

Publiquei esse vídeo sobre violência doméstica.  Poderá ajudar muitas pessoas a entender sobre relações abusivas no que diz respeito à tão aclamada violência doméstica.

 

Eu fico até um pouco angustiada de falar para você acerca desse tema, o meu impulso é querer salvar as pessoas acerca de relacionamentos abusivos.

Esse é um dos sinais que você tem, quando vê uma pessoa num relacionamento abusivo. Se isso for verdadeiro, você terá um impulso de ir lá resgatar essa pessoa, como se tivesse sido sequestrada. Esse é um dos sinais que confirmam que a pessoa está num relacionamento abusivo.

O que  fazer pra ajudar essa pessoa?

A gente vai precisar empoderar a vítima, ela esqueceu de que é protagonista. A vítima, dentro de um relacionamento abusivo, acha que protagonista é o agressor e não é! Ela tem uma força infinita, porque ninguém no mundo faz nada com outra pessoa, a menos que essa pessoa permita.

Mas por que que ela está permitindo?

Mas é tanto sofrimento. Talvez você esteja se perguntando isso, e aí tem outro vídeo que eu já produzi. Por qual motivo a vítima não consegue assumir o seu poder? Porque esta cumprindo uma tarefa em relação ao seu destino, ela está trabalhando por uma “avó” que não teve amor, que não teve proteção, que foi órfã, ela estará trabalhando em função da sua própria memória de desproteção, que talvez experienciou na sua primeira infância.

Tem memórias de desproteção que precisam ser curadas, que precisam ser ressignificadas. Eu uso, eu costumo dizer uma frase que é assim:

“O órfão, ele é abusado! Quem tem pai e tem mãe não é abusado!”

Você já reparou uma criança que tem pai e tem mãe, essa criança é respeitada, ela tem a sua dignidade preservada.

Então, uma pessoa que carrega essa memória pessoal, ou transgeracional, de solidão, de desmerecimento, de que está subestimada pelos pais. Às vezes os pais não são nem pais. São só genitores. Porque genitor e genitora todo mundo tem! Ninguém nasceu da arvore. Masculino e feminino são necessários para fazer um corpo físico. Agora, pai e mãe nem sempre as pessoas têm, às vezes as pessoas são criadas. Simplesmente criadas, sobrevivem!

O que elas estarão informando?

A sua mente inconsciente estará informando, quer seja em qualquer lugar que a pessoa esteja:  você pode agredir, você pode subestimar, pode fazer o que quer que seja, porque não tem ninguém por mim.

A vítima carrega essa condição da orfandade nela. Por isso que a gente tem esse impulso de resgatar a vítima. Por quê?

Porque realmente ela esqueceu de que é protagonista, ela não está empoderada. Uma pessoa que está empoderada, não é abusada. Absolutamente! Ela não concorda em permanecer em relações abusivas.

Aliás, na maioria das vezes ela nem atrai esse tipo de pessoas, esse tipo de outro, porque no seu script de vida não está escrito: “Eu preciso de alguém que me abuse!” no seu script de vida está escrito: “Eu sou uma pessoa protegida, amada e respeitada!"

Portanto, ela não vai atrair esse tipo de gente em sua vida! Então, o que faz com que a pessoa possa sair de relações abusivas é essa pessoa tomar o pai e a mãe.

- Mas, Olinda, ela não teve! Faz dez gerações que não tem pai e mãe, só genitor e genitora.

É esse angu de caroço de gente disfuncional, de gente fragilizada, de gente que está vivendo essa lealdade.

- Como que faz, Olinda? Essa pessoa vai ser adotada agora, com 53 anos?

- Ué, essa pessoa pode adotar uma figura, mítica, ela pode viver num processo de meditação. Ela pode tomar a Deus como pai, Maria como mãe. Ela pode tomar a natureza como mãe, ela pode tomar a natureza como pai, ela pode ter um vinculo parental com um terapeuta. Nós aprendemos na análise transacional, a fazer contratos de vida, contratos de ser amparado e de ser validado.

Tem cura, mas ninguém consegue sair de relações abusivas se tornando consciente de que é uma relação abusiva. Isso não faz com que as pessoas saiam porque muitas e muitas pessoas que sofrem de violência doméstica simplesmente voltam com esses cônjuges.

Que coisa horrível, sabendo muitas vezes que elas podem ser mortas e assassinadas. Coisas horríveis acontecem, por quê?

Porque essa pessoa tem que se curar, tem que tomar em si um pai e uma mãe que lhe dêem proteção, segurança. Porque só deste modo essa pessoa vai conseguir ir adiante.

- Olinda, isso não é proteção? Você não está mimando muito os seus filhos?

- Eu gostaria de dizer pra você aqui e agora: Toda criança que é amada, que tem tudo de bom, que é tratada como majestade, essa criança não vai se submeter a relações abusivas. Ela não vai! Ela vai se curar e vai curar todas as gerações anteriores. Quando ela é bem tratada, amada, tratada como majestade pelos seus pais, tudo flui.

Que coisa mais linda, não é!

Eu estou falando agora pra você da importância do contato, da importância do respeito, da importância da elegância.

Hoje de manhã o meu filho se aproximou de mim, me abraçou e ficou assim, por tempo abraçado comigo. O cabelo dele estava tão cheiroso! Ele também estava com bafinho de guarda-chuva. É assim que a gente chama lá em casa quando ainda não escovou os dentes.

Vejam, eu poderia ser deselegante e dizer:  - Filho, vá escovar os dentes, como você veio dizer bom dia pra mamãe, sem ter feito isso? Mas eu poderia ter perdido uma oportunidade linda de ancoragem, de amor!

Imagine ele lembrando o restante da vida dele de que foi até o ático, no trabalho da mamãe, chegou pertinho de mim e me abraçou, me abraçou. Colocou a cabeça, assim, no meu peito! Eu parei tudo o que eu estava fazendo porque é assim que a gente tem que tratar os filhos da gente, com deferência.

Eu abracei, abracei! Dei beijinhos no cabelo dele. - Filho, que cabelo cheiroso, que delicia! A gente ficou ali abraçadinho, depois de um tempo ele voltou a conversar com a mamãe, perguntar alguma coisa.

Nossos filhos merecem ser tratados com deferência. É essa deferência, é esse respeito que precisa acontecer na infância, que não é só curativo, é também preventivo, é preditivo.

Vai fazer com que essa pessoa não se submeta à relações abusivas, porque foi respeitada por suas figuras parentais.

Transcrição do vídeo de 15 de outubro de 2019:

 


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