Mamãe dizia que cada um deveria cumprir suas tarefas direitinho, arrumar a cama, pentear os cabelos e ajudar seus irmãos sempre que possível.
Papai sempre foi um homem de poucas e sábias palavras. A gente tinha um certo temor. Ele foi um menino que sofreu violência, agressão paterna. Meu avô era disfuncional. Órfão, ele tinha uma raiva da vida em seu coração, que ele não fazia nenhuma questão de deixar ir.
Exibia como um troféu: homem que é homem agarra o boi com as unhas.
Eu sempre achei isso uma coisa terrível.
Não cresci muito, sou uma das menores estatura da família. Fiz aniversários, amadureci. Tornei-me terapeuta.
Já na faculdade a professora exibiu um filme sobre abuso infantil. Não lembro o nome. Fiquei tão chocada, não conseguia dormir.
Minha irmã sempre foi meu anjo da guarda, desde a infância. Comentei com ela, proseei bastante. Ajudou muito.
Então, o tempo passou, mas as histórias de sofrimento não cessam. As histórias das crianças que sofrem. É pai que desrespeita mãe, é mulher que prioriza relacionamento e faz sofrer os filhos, é criança perecendo em abrigos, adultos escolhendo filho como se fosse objeto em vitrine. É também menina-mãe parindo. Sua criança sendo roubada pela família do genitor. É menino que vai comprar cigarro para mãe e é atropelado, tão criança, praticamente um bebê.
Olha, então, eu gostaria realmente de desejar a cada um feliz dia das crianças.
Contudo, eu vou pedir que por amor, respeitem as crianças. É um estágio da vida que determina a vida. Se puder, seja você um presente para as crianças que encontrar. Respeite, considere, valide, apoie. Por amor, feliz dia das crianças.
OLINDA GUEDES é mãe da Nina Maria, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras.
Adora bolo de fubá com sementinha de erva doce.
Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.
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